sexta-feira, 23 de julho de 2021

Quem é Muhammad Yunus, banqueiro vencedor do Nobel da Paz e, agora, premiado com o Louro Olímpico

Economista de Bangladesh foi premiado na abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio pela criação da "Yunus Sports Hub", uma organização que promove o empreendedorismo social ligado ao esporte.

O economista e vencedor do prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus recebeu nesta sexta-feira (23) o Louro Olímpico, na abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. O reconhecimento é concedido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) a personalidades que promovam o desenvolvimento social por meio do esporte.

Natural de Bangladesh, o "Professor Yunus" foi premiado pela criação da "Yunus Sports Hub", uma organização que promove o empreendedorismo social ligado ao esporte. A ideia é apoiar projetos esportivos autossustentáveis e que ataquem problemas sociais.

Além da entidade, o economista ajudou a desenvolver projetos do COI com ex-atletas olímpicos, focados na transição da carreira esportiva para os negócios e na formação de líderes.

Yunus nasceu em 1940, é muçulmano não-praticante e estudou Ciências Econômicas em Nova Délhi. Posteriormente, ampliou seus estudos nos Estados Unidos com bolsas das instituições Fullbright e Eisenhower. Voltou a seu país em 1972 para dirigir o departamento de Economia da Universidade de Chittagong.

Mas foram os projetos sociais que se tornaram a força-motriz para que Yunus fosse premiado também com o Nobel da Paz, em 2006. Ele foi reconhecido pela criação do Grameen Bank, instituição especializada na concessão de microcrédito a pessoas de baixa renda.

O banco foi fundado em 1976, e a ambição de Yunus no longo prazo era justamente contribuir para erradicar a pobreza do mundo por meio de microcréditos, que beneficiam especialmente as mulheres.

À época do Nobel, os tomadores de empréstimo do Grameen chegavam a 3,8 milhões de pessoas. Cada um deles se tornavam acionistas do banco e nada menos que 98% eram mulheres. Hoje, são mais de 9,3 milhões.

Dali até o fim de 2010, Yunus manteve uma disputa pública com as autoridades de seu país devido a um documentário da uma emissora norueguesa que denunciou uma suposta transferência ilegal de fundos entre duas entidades do Grupo Grameen.

A cena política bengalesa era dominada pela primeira-ministra Sheikh Hasina e sua opositora Khaleda Zia, herdeiras de dinastias políticas. Yunus tentou abrir uma terceira via com a formação de um partido antes das eleições de 2008, abrindo divergência com as forças estabelecidas.

O Governo de Bangladesh chegou a reconhecer que o banco não incorreu na irregularidade denunciada pelo documentário, baseando-se nas conclusões do comitê de especialistas nomeado em janeiro para examinar suas atividades. Mas Yunus renunciou ao seu cargo de diretor-executivo do Grameen em 2011.

Louro Olímpico

O Louro Olímpico passou a ser concedido a partir dos Jogos Olímpicos Rio 2016. O primeiro contemplado pelo COI foi o ex-atleta queniano Kip Keino, que conquistou duas medalhas de ouro no atletismo de média e longa distância noss Jogos da Cidade do México (1968) e de Munique (1972).

Depois de deixa o atletismo, Keino abriu três projetos sociais. O mais antigo, criado logo depois de sua aposentadoria em 1973, atende mais de 100 crianças órfãs no Quênia. Em 1999, foi inaugurada a Kip Keino School para oferecer estudo e atividades esportivas para mais de 300 crianças de uma região isolada no país.

Por fim, em 2002, Keino abriu a High Performance Training para acolher atletas promissores do Quênia. Keino também foi presidente do Comitê Olímpico Queniano.

G1, 23/jul