Patamar de novas concessões de empréstimos em julho foi o maior da série histórica. Juros cobrados no cheque especial têm pequena queda, mas taxa do cartão de crédito rotativo sobe.
O volume total e as novas concessões de empréstimos bancários subiram em julho, segundo informações divulgadas pelo Banco Central nesta sexta-feira (27).
Já a taxa média de juros cobrada pelas instituições financeiras também avançou no período, em linha com a alta do juro básico da economia, a taxa Selic, fixada pelo BC (veja detalhes mais abaixo).
Segundo a instituição, o volume total do crédito ofertado pelos bancos subiu 1,2% no mês passado, para R$ 4,265 trilhões, na comparação com R$ 4,215 trilhões em junho.
Houve expansão de 0,8% na carteira de pessoas jurídicas (com saldo de R$ 1,83 trilhão) e aumento de 1,5% na de pessoas físicas (para R$ 2,435 trilhões).
A taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito registrou estabilidade em julho, em 2,3%.
Nas operações com pessoas físicas, a inadimplência permaneceu em 2,9% no mês passado e, no caso das empresas, ficou estável em 1,3%.
Concessões em alta
Segundo o BC, as novas concessões de empréstimos cresceram 3,84% em julho, somando R$ 425,939 bilhões no período, o maior patamar da série histórica — que começa em março de 2011.
O cálculo foi feito após ajuste sazonal, uma espécie de "compensação" para comparar períodos diferentes.
Segundo o BC, houve uma alta de 4,7% nas concessões para empresas e de 1,8% em pessoas físicas.
Em doze meses até julho, o volume de crédito bancário registrou aumento de 16,2%, o que representa pequena desaceleração no ritmo de crescimento. Em doze meses até junho, a alta registrada foi de 16,3% no estoque dos empréstimos bancários.
Para todo este ano, o Banco Central estima uma expansão de 11,1% no crédito bancário. Em 2020, impulsionado por linhas emergenciais de crédito para o combate aos efeitos da pandemia, o crédito bancário teve alta de 15,5%.
A alta menor prevista pelo BC para o crédito neste ano acontece em um cenário de expressiva redução de linhas de crédito extraordinário para o combate aos efeitos da Covid-19.
Juros bancários
Os juros bancários médios com recursos livres (sem contar habitacional, rural e BNDES) de pessoas físicas e empresas, subiram de 28,4% ao ano, em junho, para 28,9% ao ano no mês passado - uma alta de 0,5 ponto percentual. No crédito livre, a instituição financeira tem mais liberdade para fixar a taxa de juro.
O aumento está em linha com o comportamento da taxa Selic, fixada pelo BC. Em março, na primeira elevação em quase seis anos, a taxa básica da economia foi aumentada pelo BC para 2,75% ao ano. Em maio, o Copom elevou o juro para 3,5% ao ano e, em junho, a taxa avançou para 4,25% ao ano. Em agosto, a taxa subiu para 5,25% ao ano.
Nas operações para pessoas físicas, o juro bancário médio passou de 39,9% ao ano, em junho, para para 39,8% ao ano em julho;
Considerando só as empresas, a taxa média de juros bancários passou de 14,5% ao ano em junho para 15,4% ao ano em julho;
No cheque especial das pessoas físicas, a taxa recuou de 125,6% ao ano em junho para 123,5% ao ano em julho. Nessa linha de crédito, o BC adotou um teto para os juros;
Nas operações com cartão de crédito rotativo de pessoas físicas, os juros bancários cobrados das pessoas físicas subiram de 327,5% ao ano, em junho, para 331,5% ao ano em julho. Com isso, a taxa segue em patamar proibitivo.
O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente. Essa é uma das linhas de crédito mais caras do mercado e, segundo analistas, deve ser evitada. A recomendação é que os clientes bancários paguem todo o valor da fatura mensalmente.
De acordo com o BC, o chamado spread bancário médio com recursos livres passou de 21,5 pontos percentuais, em junho, para 21,7 pontos percentuais em julho. O spread é a diferença entre quanto os bancos pagam pelos recursos e quanto cobram dos clientes.
O spread bancário composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.
Nas operações com pessoas físicas, o spread caiu de 32,6 pontos em junho para 32,2 pontos em maio. Desta forma, ainda segue em patamar elevado para padrões internacionais.
Alexandro Martello, G1, 27/ago