Alta foi puxada pelo aumento de 5% na energia elétrica e de 2,05% na gasolina. No ano, índice acumula avanço de 5,81% e nos últimos 12 meses, de 9,30%.
Puxado pelo aumento da energia elétrica e da gasolina, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é uma prévia da inflação oficial do país, acelerou a alta para 0,89% em agosto, após registrar taxa de 0,72% em julho, informou nesta quarta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"Esse resultado é o maior para um mês de agosto desde 2002, quando atingiu 1%", informou o IBGE.
O resultado veio pior do que o esperado. Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 0,82% para o período.
"Este é o pior resultado anual desde maio de 2016 e deixa claro que teremos ainda preocupações inflacionárias por mais algum tempo", avaliou o economista da Necton, André Perfeito.
Energia sobe 5% no mês
Com aumento de 5%, a energia elétrica exerceu o maior impacto individual no IPCA-15, respondendo sozinha por 0,23 ponto percentual no índice do mês.
A alta é explicada, sobretudo, pela entrada em vigor da bandeira tarifária de vermelha patamar 2, que passou a cobrar R$ 9,49 a cada 100kWh consumidos, após reajuste de 52%. Antes, o acréscimo era de R$ 6,243. A mudança de bandeira ocorre diante da crise hídrica, que tem exigido o acionamento das termoelétricas, de energia mais cara.
Além disso, pesou também na inflação da energia reajustes tarifários em cidades como Belém, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre.
Gasolina tem alta de 39,5% em 12 meses
Os preços dos combustíveis aumentaram 2,02% em agosto.
A maior pressão veio do aumento da gasolina (2,05%), cuja variação acumulada nos últimos 12 meses chegou a 39,52%. A gasolina contribuiu sozinha por 0,12 p.p. do IPCA-15 de agosto.
Também subiram os preços do etanol (2,19%) e do óleo diesel (1,37%), enquanto o gás veicular registrou queda de 0,51%.
Os preços do gás de botijão (3,79%) e do gás encanado (0,73%) também subiram em agosto.
Preços mais caros em 8 dos 9 grupos pesquisados
Entre os grupos, as maiores pressões de alta no mês vieram dos transportes, com aumento de 1,11%, seguida por alimentação e bebidas (1,02%). A única queda em agosto foi em saúde e cuidados pessoais (-0,29%).
Veja o resultado do IPCA-15 para cada um dos grupos:
Alimentação e bebidas: 1,02%
Habitação: 1,97%
Artigos de residência: 1,05%
Vestuário: 0,94%
Transportes: 1,11%
Saúde e cuidados pessoais: -0,29%
Despesas pessoais: 0,68%
Educação: 0,30%
Comunicação: 0,19%
Segundo o IBGE, todas as áreas pesquisadas apresentaram inflação em agosto. O menor resultado ocorreu em Belo Horizonte (0,40%). Já a maior variação foi registrada em Goiânia (1,34%).
Tomate, frango e frutas sobem
O custo da alimentação no domicílio passou de 0,47% em julho para 1,29% em agosto.
Entre as altas que mais contribuíram para aceleração, segundo o IBGE, destaques para a do tomate (16,06%), do frango em pedaços (4,48%), das frutas (2,07%) e do leite longa vida (2,07%). Por outro lado, houve queda nos preços da cebola (-6,46%), do feijão-preto (-4,04%) do arroz (-2,39%) e do feijão-carioca (-1,52%).
Na alimentação fora do domicílio (0,35%), o movimento foi inverso, influenciado pela desaceleração da refeição (0,10%), que havia registrado alta de 0,53% em junho.
Inflação persistente e acima da meta
A meta central do governo para a inflação em 2021 é de 3,75%, e o intervalo de tolerância varia de 2,25% a 5,25%. Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), que está atualmente em 5,25% ao ano.
A expectativa do mercado financeiro para a inflação de 2021 é de 7,11%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central. Com isso, a projeção dos analistas segue cada vez mais acima do teto do sistema de metas.
Já a expectativa dos analistas para a taxa Selic no fim do ano permanece em 7,5%, o que pressupõe novas altas nos próximos meses. Parte dos analistas já aposta em uma elevação maior do que 1 ponto percentual na reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Centra.
Para 2022, o mercado financeiro estima uma inflação de 3,93%. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,5% e será oficialmente cumprida se oscilar de 2% a 5%.
Darlan Alvarenga, G1, 25/ago