segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Mercado financeiro eleva para 7,11% estimativa da inflação em 2021 e vê alta menor do PIB


Expectativa de expansão do PIB recuou para 5,27%. Projeções fazem parte do relatório Focus, divulgado pelo Banco Central.

Os economistas do mercado financeiro elevaram a estimativa do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, pela vigésima semana seguida. A expectativa para o indicador em 2021 subiu de 7,05% para 7,11%. Ao mesmo tempo, os analistas estimaram uma alta menor do Produto Interno Bruto (PIB).

As previsões do mercado constam no relatório "Focus", divulgado nesta segunda-feira (23) pelo Banco Central (BC). Os dados foram levantados na semana passada, em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.

O centro da meta de inflação, em 2020, é de 3,75%. Pelo sistema vigente no país, será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25%. Com isso, a projeção do mercado fica cada vez mais acima do teto do sistema de metas.

A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia.

Em 2020, pressionado pelos preços dos alimentos, o IPCA ficou em 4,52%, acima do centro da meta para o ano, que era de 4%, mas dentro do intervalo de tolerância. Foi a maior inflação anual desde 2016.

Para 2022, o mercado financeiro subiu de 3,90% para 3,93% a estimativa de inflação. Foi a quarta alta seguida no indicador. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.

PIB

No caso do Produto Interno Bruto (PIB) de 2021, os economistas do mercado financeiro reduziram estimativa para o crescimento de 5,28% para 5,27%.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.

Para 2022, o mercado baixou a previsão de alta do PIB de 2,04% para 2%.

Apesar de a economia ter mostrado reação no fim de 2020 e começo deste ano, a despeito da pandemia da Covid-19, tensões políticas e "riscos fiscais" (dúvidas sobre a sustentabilidade das contas públicas) têm contido as previsões de alta da atividade nas últimas semanas.

Taxa básica de juros

O mercado financeiro também manteve em 7,50% ao ano a previsão para a Selic no fim de 2021. Com isso, os analistas seguem estimando alta nos juros em 2021.

Em março, na primeira elevação em quase seis anos, a taxa básica da economia foi aumentada pelo BC para 2,75% ao ano. Em maio, o Copom elevou o juro para 3,5% ao ano e, em junho, a taxa avançou ara 4,25% ao ano. Na semana passada, a taxa subiu para 5,25% ao ano.

Para o fim de 2022, os economistas do mercado financeiro mantiveram a expectativa para a taxa Selic para 7,50% ao ano, o que pressupõe estabilidade do juro básico da economia no ano que vem.

Outras estimativas

Dólar: a projeção para a taxa de câmbio no fim de 2021 permaneceu em R$ 5,10. Para o fim de 2022, ficou estável em R$ 5,20 por dólar.

Balança comercial: para o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), a projeção em 2021 subiu de US$ 69,70 bilhões para US$ 70 bilhões de resultado positivo. Para o ano que vem, a estimativa dos especialistas do mercado avançou de US$ 62,80 bilhões para US$ 63,50 bilhões de superávit.

Investimento estrangeiro: a previsão do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil neste ano continuou em US$ 54 bilhões. Para 2022, a estimativa caiu de US$ 66,99 bilhões para US$ 66 bilhões.

Alexandro Martello, G1, 23/ago