quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Investimento chinês no Brasil soma US$ 66 bilhões nos últimos 14 anos

 

Do total, 76% foram direcionados ao setor de energia elétrica e extração de petróleo e gás, mostra levantamento do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). Em 2020, investimentos chineses no Brasil caíram 74% sob impacto da pandemia.

O total de investimentos chineses no Brasil alcançou US$ 66,1 bilhões nos últimos 14 anos, segundo levantamento divulgado nesta quinta-feira (5) pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

Entre 2007 e 2020, as empresas chinesas investiram em 176 projetos no Brasil, sendo que o país recebeu 47% dos investimentos da China na América do Sul.

A melhor marca anual foi registrada em 2010, quando a China investiu US$ 13 bilhões no Brasil. Em 2019 – primeiro ano do governo Jair Bolsonaro – os investimentos chineses no país atingiram US$ 7,3 bilhões, com um salto de 117% na comparação com 2018. Em 2020, porém, em meio à pandemia do novo coronavírus, os aportes caíam 74% e somaram US$ 1,9 bilhão – menor valor desde 2014.

"Esse cenário menos dinâmico não foi um ponto fora da curva dos investimentos globais, mas reflexo de uma conjuntura internacional complexa marcada por fatores como a pandemia de Covid-19 e o recrudescimento do nacionalismo em diversos países", afirma o relatório.

Apesar de apontar prejuízos à relação política entre Brasília e Pequim com o aprofundamento das tensões entre o então presidente norte-americano Donald Trump em 2020, dado o alinhamento do governo Bolsonaro a Trump, a pesquisa do CEBC descarta que tenha havido abalo às relações econômicas.

"Esse tombo pode ser interpretado mais como um esfriamento dos fluxos de investimentos globais no exterior, que caíram 35% em 2020, do que por atritos políticos bilaterais", diz o documento. "A deterioração do ambiente político entre Brasil e China em 2020 não parece ter afetado as relações econômicas bilaterais."

A China tem alternado com os EUA a posição de principal investidor no país desde 2010.

Investimentos por setores

A maior fatia dos US$ 66,1 bilhões investidos nos últimos 14 anos ficaram concentrados na área de energia.

Do total dos investimentos no país, 48% foram direcionados ao setor de energia elétrica – no qual há presença de gigantes como State Grid e China Three Gorges –, seguido por extração de petróleo e gás (28%), extração de minerais metálicos (7%), indústria manufatureira (6%), obras de infraestrutura (5%), agricultura, pecuária e serviços relacionados (3%) e atividades de serviços financeiros (2%).

Os 2% restantes foram direcionados a segmentos com participação individual inferior a 2%.

O levantamento mostra ainda que 70% do valor dos investimentos chineses confirmados entre 2007 e 2020 ingressaram no Brasil via fusões e aquisições.

Segundo a CEBC, além de mais parcerias em projetos de construção civil e indústria, o país também pode se beneficiar do avanço da China nas novas fronteiras da tecnologia da informação.

"A entrada de investimentos chineses nessa área no Brasil ainda é um fenômeno recente e restrito a um número relativamente baixo de atores, mas oferece um grande potencial para projetos ligados a temas como inteligência artificial, economia digital, internet das coisas, redes 5G, cidades inteligentes, dentre outros", destaca o relatório.

G1, 05/ago