Foi o terceiro no seguido em que o rendimento da aplicação financeira perdeu para a inflação.
Com a inflação oficial do país fechada em 10,06% em 2021, a poupança encerrou o ano com a pior rentabilidade real em 31 anos, segundo dados da provedora de informações financeiras Economatica.
Descontada a inflação, a caderneta teve um rendimento negativo de 6,37% em 2021. Foi o pior retorno desde 1990, quando o rendimento real (descontado o IPCA) foi de -22,44%.
Trata-se também do terceiro ano seguido de perda do poder aquisitivo para o poupador que deixa o dinheiro na modalidade. Em 2020, a poupança teve retorno negativo de 2,30%.
Em 32 anos a poupança teve perda de poder aquisitivo em oito oportunidades, de acordo com o levantamento. O melhor resultado foi registrado em 1995, com ganho de poder aquisitivo de 14,68% no ano.
Com a inflação de dois dígitos, as principais aplicações financeiras tiveram rentabilidade real negativa em 2021. Segundo a Economatica, o Ibovespa, por exemplo, teve retorno de -19,98 no ano passado, descontado o IPCA de 2021.
Regras da caderneta
Com a Selic atualmente em 9,25%, o rendimento da poupança é de 0,50% ao mês + Taxa Referencial (TR, que saiu do zero depois de 4 anos), ou 6,17% ao ano – o mesmo rendimento que já era pago para a chamada "poupança velha" (depósitos feitos até abril de 2012).
Desde 2012, a poupança passou a ter dois tipos de remuneração. A regra é a seguinte:
Selic de até 8,5%: rendimento limitado a 70% da Selic + TR (Taxa Referencial calculada pelo Banco Central e que, desde 2017, está em zero) para novos depósitos e rendimento de 0,5% ao mês + TR (6,17% ao ano) para depósitos feitos até 2012
Selic maior que 8,5%: rendimento fixo de 0,5% ao mês + TR , ou 6,17% ao ano, para depósitos novos e antigos - independente da taxa de juros que estiver em vigor
Segundo o Banco Central, os saques na caderneta de poupança superaram os depósitos em R$ 35,4 bilhões em 2021, diz Banco Central.
Além da rentabilidade negativa, a retirada de recursos também ocorreu em um cenário de queda da renda e corrosão do poder de compra dos brasileiros.
Mesmo com a perspectiva de desaceleração da inflação em 2022, analistas destacam que a poupança deverá continuar perdendo para a inflação. Ao menos no curto prazo.
A inflação elevada também torna outros investimentos de renda fixa, como os títulos do Tesouro Direto, mais atraentes, já que muitos papéis são indexados à inflação ou à Selic, que seguem em trajetória de alta.
A expectativa do mercado financeiro é de que a Selic atinja o patamar de 11,75% em 2022. Já a previsão para o IPCA em 2022 é de 5,03%.
Darlan Alvarenga, G1, 11/jan