Informações foram divulgadas nesta quarta (28) pelo BC. Taxas de juros têm subido junto com a Selic. Inadimplência é a maior desde 2020; endividamento bate recorde.
O Banco Central informou nesta quarta-feira (28) que a taxa média de juros cobrada pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo subiram de 349,9% ao ano em julho para 398,4% ao ano em agosto. Esta é a maior taxa desde agosto de 2017 (428% ao ano).
O crédito rotativo do cartão de crédito, cuja demanda em 2021 foi a maior em dez anos, pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente.
Essa é a linha de crédito mais cara do mercado e, segundo analistas, deve ser evitada. A recomendação é que os clientes bancários paguem todo o valor da fatura mensalmente.
Alta da Selic
Os juros bancários têm apresentado crescimento nos últimos anos, consequência da elevação da Selic, a taxa básica de juros da economia, pelo Banco Central.
Com essa medida, o BC tenta conter a disparada da inflação. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano, o maior patamar em seis anos.
No mês passado, ainda segundo o BC, os juros bancários médios com recursos livres nas operações com pessoas físicas e empresas atingiram 40,6% ao ano em agosto.
Segundo a instituição, essa é a maior taxa desde março de 2018, quando somou 41% ao ano, ou seja, em pouco mais de quatro anos.
O juro bancário médio com recursos livres não inclui os setores habitacional, rural e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
- De acordo com o BC, a taxa média de juros cobrada nas operações com empresas recuou de 23,4% ao ano, em em julho, para 22,8% ao ano, em agosto.
- Já nas operações com pessoas físicas, os juros subiram de 53,4% ao ano, em julho, para 53,9% ao ano, em agosto, o maior nível desde abril de 2018 (56,3% ao ano).
- No cheque especial das pessoas físicas, a taxa subiu de 127,4% ao ano, em julho, para 128,6% ao ano, em agosto. É a maior taxa desde junho deste ano (129,2% ao ano).
Crédito bancário
O volume total do crédito bancário em mercado, segundo o Banco Central, avançou 1,6% em agosto deste ano, para R$ 5,06 trilhões.
Houve alta de 0,9% na carteira de pessoas jurídicas e aumento de 2,1% na de pessoas físicas.
De acordo com a instituição, entre as modalidades de crédito para as famílias, em agosto, destacaram-se: cartão de crédito total (+2,4%), crédito pessoal não consignado vinculado à composição de dívidas (+6,7%), crédito pessoal não consignado (+1,3%), crédito consignado para servidores públicos (+0,8%) e o crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS (+1%).
Em doze meses, o crescimento do volume total do crédito bancário atingiu 16,8% em agosto, contra 16,9% em julho.
Para todo este ano, o Banco Central estima uma expansão de 11,9% no crédito bancário. Em 2021, impulsionado por linhas emergenciais de crédito para o combate aos efeitos da pandemia, o crédito bancário teve alta de 16,5%.
Os dados do BC mostram que as concessões de novos empréstimos bancários também avançaram em agosto, quando registraram expansão de 1,7% contra o mês anteriores.
Esse foi o segundo mês seguido de alta do indicador. O cálculo foi feito após ajuste sazonal, uma espécie de "compensação" para comparar períodos diferentes.
Inadimplência e endividamento
A taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito ficou estável em 2,8% em agosto. Mesmo assim, permanece no maior patamar desde junho de 2020.
Nas operações com pessoas físicas, a inadimplência subiu de 3,6%, em julho, para 3,7% em agosto — a menor desde maio de 2020 (4%).
Já a inadimplência das empresas ficou estável em 1,5% em agosto, a mais alta desde agosto de 2020 (1,8%).
O Banco Central também divulgou nesta segunda estatísticas sobre o endividamento das famílias com bancos. Neste caso, os novos números são referentes a julho deste ano.
Segundo o BC, o endividamento bateu recorde naquele mês, ao somar 53,1% da renda acumulada nos doze meses anteriores. A série histórica do BC para este indicador tem início em janeiro de 2005.
Em fevereiro de 2020, antes da pandemia da Covid-19, o endividamento das famílias estava em 41,8%.
Alexandro Martello, G1, 28/set