Depois de décadas sendo usados como sedes para escolas, embaixadas e consulados, alguns dos mais antigos e imponentes imóveis de Nova York estão voltando ao mercado com força total, mas desta vez com um público diferente: as famílias ricas. As moradias podem chegar a custar US$ 50 milhões (R$ 114 milhões) - isso sem contar com o custo de restauração, que também pode chegar a cifras milionárias. A maioria das propriedades deve passar por uma transformação para voltar a ser usada como residência privada. Isso, entretanto, não parece ser problema para quem sonha (e pode bancar!) ter seu próprio castelo.
Segundo Jonathan J. Miller, presidente da Miller Samuel, uma empresa de avaliação, como o mercado super luxo ganhou força ao mesmo tempo em que governos estrangeiros sobrecarregados de dívidas no rescaldo da crise financeira estão procurando maneiras de cortar custos ou gerar dinheiro, esta é a hora de focar em outro público:
"Assim, vemos como tendência o recuo de consulados e o retorno da conversão de mansões em casas unifamiliares", define ele sobre o novo potencial no mercado americano.
O catalisador que colocou esses casarões e sobrados de volta ao jogo é a escalada constante de compradores incrivelmente ricos, muitos deles estrangeiros, com a intenção de adquirir casas que oferecem um nível de privacidade impossível de encontrar em condomínios. Para Del Nunzio, da imobiliária de luxo Brown Harris Stevens, a atual safra de compradores qualificados tem uma qualidade em comum com a maioria dos proprietários originais destas mansões:
"Há definitivamente um sentimento de 'eu vou ser o rei do meu próprio castelo'. E há pessoas dispostas a gastar US$ 50 milhões ou mais para serem os reis de seus castelos, onde sentem que podem controlar tudo e não têm que se submeter às regras afixadas numa placa de condomínio", pontua Nunzio.
"Esta mudança é um reflexo do que está acontecendo na microeconomia de Nova York, onde nós estamos vendo uma nova geração de ricos e, muitas vezes, mais jovens, em que os compradores não têm interesse em se submeter às regras e às limitações apresentadas por um conselho", completa Anna Hall, da Stribling & Associates.
MERCADO TENDENCIOSO
Os imóveis que ainda hoje representam luxo e ostentação e que fazem parte do desejo de muitos ricos, hoje também fazem parte de um movimento no mercado nova-iorquino que os apresenta como opções de moradias às famílias, ao invés de tentar vendê-las para empresas, por exemplo.
A maioria dos imóveis já designados como pontos de referência voltaram para o mercado praticamente ao mesmo tempo, com os planos de marketing praticamente idênticos. Há várias corretoras anunciando-os como caras residências unifamiliares.
"É como um retorno à Idade de Ouro. A demanda por essas casas é muito maior do que a oferta", afirma Sharon Baum, do Corcoran Group. E, segundo ela, com imóveis tão raros e insubstituíveis, a compra se torna praticamente um leilão de arte.