segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Chegam ao Rio os guarda-volumes modernos


Encontrar um lugar para guardar móveis e objetos pessoais em momentos complicados como o de uma obra em casa, mudança ou separação, ou até mesmo por períodos mais prolongados, já que o espaço dos apartamentos está cada vez menor, nem sempre é uma tarefa fácil. Mas alguns empresários parecem ter percebido isso e vêm investindo no que, em outros países, costuma ser chamado de self storage. Um espaço ocupado por boxes ou contêineres de tamanhos diferentes que tanto podem comportar algumas poucas caixas, como a mobília inteira de uma casa.

Isso permite que se guardem itens que precisam de manutenção ou limpeza frequente, como coleções, por exemplo - explica Delgado, da Guarde Perto.

Outra facilidade é que enquanto os depósitos costumam ficar em áreas mais afastadas ou em periferias da cidade, os self storage escolhem sempre bairros centrais, de fácil acesso e próximos a áreas residenciais adensadas. Tanto que nos Estados Unidos, o serviço existe desde a década de 1960. Hoje, o país tem cerca de 60 mil unidades que faturam US$ 24 bilhões (R$ 54 bilhões) anuais. No Brasil, são 90 unidades já registradas.

Os preços vão de R$ 135, um boxe com um metro quadrado, a R$ 2.150, o de 30m². Os planos mais comuns são os mensais que se renovam automaticamente com o pagamento da mensalidade. Mas, as empresas costumam negociar planos semestrais ou anuais.

Recentemente, o Rio ganhou três unidades, todas com planos de expansão, e localizadas em pontos diferentes, mas centrais, que podem ser uma mão na roda para moradores de diferentes regiões da cidade. A grande vantagem é que cada espaço tem uma chave ou trave exclusiva que apenas quem aluga tem acesso. E é possível contratar o serviço em planos mensais, semestrais ou anuais.

Mais antiga das três empresas cariocas foi inaugurada há um ano, em Botafogo. O Guarde Perto tem um sistema de armazenamento automatizado, executado pelo próprio cliente. O carro chega até bem perto da porta de acesso às áreas do boxe para facilitar o transporte de itens mais pesados. A entrada é controlada por biometria e cada cliente pode cadastrar até cinco pessoas que podem ter acesso a essa área.

- O carro não vai até o boxe porque há boxes muito pequenos de apenas um metro quadrado. Então, não faria sentido. Mas pensamos no espaço de forma a garantir a segurança dos clientes - conta Rodolfo Delgado, um dos sócios da empresa, que oferece espaços de um a sete metros quadrados.

A carência na região era tão grande, que no primeiro mês de funcionamento, todos os 100 boxes iniciais já estavam alugados. Hoje, a empresa tem 200 boxes no edifício-garagem alugado para abrigar o depósito e já lançou, inclusive, um sistema de franquia. Com isso, é possível que em três meses comecem a surgir unidades em outras regiões, como Centro, Zona Oeste e também na Zona Sul.

As outras duas marcas presentes na cidade, abriram suas portas na Zona Norte. A Guarde Aqui, que já tinha cinco lojas no país, abriu o primeiro espaço carioca esta semana na Tijuca, onde oferece boxes que vão dos 2,25m² aos 500m². O cliente paga antecipadamente pelo mês de uso e recebe um código de acesso. Com esse código, ele consegue acessar as instalações e só abre o seu próprio boxe. Além disso, as instalações tem um sistema de segurança monitorado 24 horas com câmeras. E o contrato de locação ainda contempla seguro contra incêndio e catástrofes naturais.

Já a MetroMax aportou no Santo Cristo na semana passada. Em poucos dias já está com 30% de seus 250 boxes locados. Os espaços vão de 1m² a 30m² e um pé-direito de três metros, o que garante a possibilidade de guardar móveis grandes, por exemplo. E, a quem tiver objetos menores ou coleções, a empresa tem uma lojinha que vende e aluga produtos para auxiliar o cliente no armazenamento de seus bens como estantes metálicas, caixas de papelão, plástico-bolha, fita adesiva, tesoura. Afinal, o objetivo de um self storage é oferecer praticidade.

- O cliente precisa ter acesso fácil ao local, por isso optamos por uma região estratégica, próxima tanto da Zona Norte como da Sul. Ter segurança dentro do espaço, por isso os acessos são controlados por senha. E não ter dor de cabeça no aluguel. Por isso, o contrato é simples, pode ser fechado na hora, sem a necessidade de fiador - diz Raul Trejos, da MetroMax.

Embora cada metro quadrado seja suficiente para guardar objetos que, em casa, ocupariam até 15 metros quadrados, algumas empresas oferecem espaços amplos porque eles atendem também a pessoas jurídicas e comerciantes que, muitas vezes, utilizam os boxes como estoque ou para guardar documentos, por exemplo. No caso da Guarde Aqui, os clientes são 50% pessoas físicas, que guardam coisas de casa, e 50% de empresas. Nenhum problema. As restrições, em todas as empresas do setor, são em relação a produtos perecíveis, proibidos pela legislação brasileira, inflamáveis, corrosivos ou radioativos. Ou seja, aqueles que podem gerar algum problema de segurança.

O mercado, aliás, já oferece seguros específicos para quem guarda bens em self storage. Cabe ao cliente declarar o valor aproximado das mercadorias armazenadas e escolher o seguro. O mais barato cobre produtos de até R$ 10 mil e tem uma mensalidade de R$ 32.

Conceito novo no Brasil, o self storage trabalha com a ideia de que somente o proprietário pode ter acesso ao espaço onde seus bens estão armazenados. E, nisso, é bem diferente de depósitos ou guarda-móveis, por exemplo. Enquanto nos depósitos, as áreas são compartilhadas e é preciso marcar hora para ter acesso a seus bens, os self storage costumam ter acesso liberado, mesmo que em horário comercial, quantas vezes quiser e pelo tempo que o cliente necessitar ficar lá.



O Globo, Morar Bem, 07/set