A BR Properties está otimista com o mercado de escritórios comerciais de alto padrão, mesmo com as reduções de preços de locação e dos ativos ocorridas no mercado desde 2012, último ano de alta dos valores. A companhia tem aproveitado a queda real dos preços dos ativos observada nos últimos dois anos e a menor demanda por locações para negociar a compra de grandes lajes corporativas na cidade de São Paulo, entre a Avenida Paulista e a Marginal Pinheiros, e entre as avenidas Rebouças e Juscelino Kubitschek.
"Esta é a região de moradia dos tomadores de decisão das maiores e melhores empresas brasileiras", afirma o diretor-presidente da BR Properties, Claudio Bruni. O executivo ressalta que, com o novo Plano Diretor de São Paulo, a produção imobiliária tende a ser mais restritiva na região de atuação da companhia em grandes lajes nos próximos anos.
No momento, a empresa de propriedades comerciais negocia a aquisição de R$ 3 bilhões de ativos, a maioria de escritórios, seu principal segmento de atuação. Geralmente, explica, desse valor só um terço acaba concretizado. Ainda existe espaço para queda dos preços de venda dos ativos, mas não de locação de escritórios na região em que a BR Properties atua na capital paulista, de acordo com Bruni. No curto prazo, a expectativa do executivo é a de ajustes dos preços de locação em linha com a inflação.
Nas aquisições, a BR Properties só negocia prédios inteiros e de alto padrão. "Eventualmente, nos interessamos por alguma oportunidade de retrofit [reforma] em imóvel que possa ter valorização", diz Bruni. O executivo afirma esperar que um novo ciclo de alta do mercado de grandes lajes corporativas tenha início em meados de 2016.
Nesta semana, a Johnson & Johnson firmou contrato de pré-locação dos cinco andares de escritórios comerciais da torre B do Complexo JK, em São Paulo, pertencente à BR Properties. O período de locação será de cinco anos, contados a partir de janeiro de 2015, renováveis por mais cinco. A BR Properties começará a receber o aluguel em meados do ano que vem, após o período de carência. O valor do aluguel não foi divulgado para não prejudicar outras locações, de acordo com Bruni.
"Num mercado duro, em que se demora mais de um ano para ocupar um prédio concluído, conseguimos fechar a locação antes de o imóvel estar pronto", compara o executivo. Os investimentos da BR Properties no retrofit da torre B somam R$ 130 milhões. O prédio comprado, onde funcionava a Daslu, tinha três andares, além do térreo. A BR Properties demoliu os três e construiu outros seis andares, com cerca de cinco mil metros quadrados por laje.
Se o prédio pré-locado para a Johnson & Johnson estivesse alugado, a vacância física de escritórios da BR cairia de 9,4% para 6,2%.
Em relação às eleições, a vitória de qualquer um dos três principais candidatos à presidência da República - Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio Neves - é considerada positiva por Bruni, tendo em vista a perspectiva de cinco a dez anos que a companhia leva em conta para fechar negócios.
"Os três estão comprometidos com a melhora da qualidade de vida da população, o que mexe com nossos inquilinos, como empresas de consumo e bancos", diz o executivo. A diferença, segundo ele, é que o ritmo de negócios da companhia pode ser maior ou menor, conforme quem for o vencedor.
"A plataforma dos candidatos é parecida. Todos abordam a questão social, mobilidade, melhora de renda da população, falam em estímulos a energias alternativas e ao petróleo e em apoio à agricultura, mesmo que haja quem seja mais restritivo. A forma de chegar é que é diferente", afirma.