segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Há 110 anos, o iníco da Rio Branco


Considerada ainda hoje uma das vias mais importantes da cidade, a Avenida Rio Branco, antiga Avenida Central, foi o principal marco da reforma urbana implementada pelo prefeito Pereira Passos no início do século XX. Há 110 anos, operários começavam as obras na via que, com 1,8 quilômetro, passaria a ligar a região do Porto à Avenida Beira Mar e daria um toque francês à então capital do país com suas belas construções, como a Biblioteca Nacional e o Teatro Municipal. 

Desde sua inauguração, em 15 de novembro de 1905, a avenida passou por muitas transformações, mas conserva grande parte da história da cidade. As atuais obras de reurbanização do Porto Maravilha, que alteraram o trânsito no Centro, deixaram suas pistas apenas para ônibus e táxis que trafegam no sentido Zona Sul. Mas o projeto de revitalização reservou um presente para a bela avenida: em seu trecho inicial, próximo à Praça Mauá, será construído um passeio público, que será entregue em 2016. A obra poderá resgatar um pouco da avenida inicial, arborizada com mudas de pau-brasil, e onde a elegância carioca desfilava em meio aos poucos carros.

Tradição e modernidade. A avenida, ao completar 110 anos do início das obras de abertura: arquitetura do Teatro Municipal contrasta com prédios modernos

O geógrafo João Baptista Ferreira de Mello conta que o projeto inicial previa uma avenida menos larga, mas, por força da rivalidade com a Argentina, onde a Avenida Vinte e Cinco de Maio fora construída com 30 metros, os planos foram alterados e a via carioca foi aberta com 33 metros de largura.

- Falava-se que nunca haveria trânsito para uma avenida tão grande e larga. Ela surgiu pautada nos grandes bulevares parisienses: larga, higiênica, moderna e capitalista. Uma tentativa de criar a "Paris dos trópicos".

Embora seja uma via em que predominam atividades comerciais, culturais e financeiras, na Rio Branco 4 é onde vivem o porteiro João Carlos da Silva, de 54 anos, e sua família. Há 33 anos no local, ele é um dos poucos moradores da avenida.

- Minha filha e minha neta nasceram aqui. Moramos num lugar que conta a história da cidade. Acompanhei daqui o movimento Diretas Já, os desfiles de carnaval - conta Silva, que se gaba da vista da Baía de Guanabara que tem do 20º andar.

Lá embaixo, em frente à estação Carioca do metrô, onde ambulantes vendem de tudo um pouco, o ator Maxy Milhan Showcair, morador de Santa Teresa, se transforma em uma estátua viva, das 10h às 16h.



O Globo, 29/set