O tatuzão empregado nas obras da Linha 4 do metrô (Barra-Zona Sul) deve chegar ao fim do Leblon em dezembro. O prazo foi anunciado ontem pelo governador Luiz Fernando Pezão, num evento que marcou a chegada do equipamento à futura Estação Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. Caso não haja mais atrasos, a estrutura fabricada na Alemanha que pesa 2 mil toneladas e tem 120m de comprimento e 11,5m de diâmetro concluirá seus trabalhos depois de mais de dois anos. As escavações começaram em dezembro de 2013, a partir da Praça General Osório, e chegaram a ser paralisadas por seis meses depois que surgiram rachaduras em prédios da Rua Barão da Torre e uma cratera no trecho entre as ruas Farme de Amoedo e Teixeira de Mello, ano passado.
Pezão reafirmou ontem que cinco das seis futuras estações ( Jardim Oceânico, São Conrado, Antero de Quental, Jardim de Alah e Nossa Senhora da Paz) entrarão em operação em junho de 2016. Como O GLOBO informou em janeiro, no primeiro mês, porém, os trens vão circular experimentalmente, fora do horário do rush - o que é conhecido como operação assistida. A partir de julho, passam a operar nos mesmos horários das Linhas 1 e 2, sendo usados inclusive durante os Jogos Olímpicos, em agosto. A Estação Gávea não estará aberta por uma série de fatores. Além das mudanças de projeto, o estado admitiu ontem que só concluirá todas as escavações em junho de 2016, quando finalmente o tatuzão chegará à Gávea.
Ainda no governo Sérgio Cabral, o então secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, chegou a admitir que a estação não ficaria pronta para as Olimpíadas. Dias depois, o governo do estado garantiu que todo o metrô estaria em operação. No fim de 2013, a Estação Gávea foi excluída definitivamente do projeto para os Jogos. Mas, para o governador Luiz Fernando Pezão, não há atrasos:
- Vamos entregar as obras no prazo. Está tudo dentro do cronograma para chegarmos até o Jardim Oceânico antes das Olimpíadas.
Com a chegada à futura estação da Praça Nossa Senhora da Paz, o tatuzão permanecerá um tempo no local para serviços de manutenção dos equipamentos. Para retomar as escavações, ele terá que ser levado por um sistema de roldanas e guindastes até um novo trecho a ser perfurado. A expectativa é que os 920 metros até o Jardim de Alah sejam vencidos até a segunda quinzena de agosto. Do Jardim de Alah até a Praça Antero de Quental serão mais 630 metros, com chegada prevista para a segunda quinzena de outubro. Os 750 metros entre a Antero de Quental e o Alto Leblon deverão ser concluídos até dezembro de 2015. Faltarão ainda 1,5 mil metros até a Gávea, que consumirão mais seis meses de escavações. No Alto Leblon, as duas frentes da Linha 4 vão se encontrar, permitindo que, a partir de junho, entre em operação o trecho Jardim Oceânico-Zona Sul. Na frente de obras da Barra, os trabalhos estão sendo feitos com métodos tradicionais de escavação para abertura das estações Jardim Oceânico e Gávea.
Testes sem passageiros
De acordo com o secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osório, os testes operacionais ocorrerão no primeiro semestre de 2016, ainda sem passageiros. Inicialmente, serão feitos entre a Barra e São Conrado. Em maio de 2016, acontecerão entre os bairros de Leblon e Ipanema. Nos primeiros meses de operação, o usuário que estiver na Barra não poderá seguir diretamente para o Centro. Terá que descer na estação General Osório e seguir viagem em outra composição que opera na Linha 1.
Após a conclusão das escavações, o tatuzão será guardado numa caverna que está sendo construída na esquina das avenidas Ataulfo de Paiva e Visconde de Albuquerque, no Leblon.
Obras adiantadas na Barra
O estado divulgou também um balanço sobre as obras nas estações. No Jardim Oceânico (Barra), as escadas do acesso de passageiros pela Avenida Fernando Matos e de chegada à plataforma de embarque já estão prontas. A estação começou a receber a cobertura, e as plataformas de embarque e desembarque começaram a ser construídas.
Em São Conrado, o terminal se encontra em fase de acabamento, e os acessos pela Rocinha e pela Estrada da Gávea já foram finalizados. Na Gávea, falta encerrar a escavação de dois poços. Na Praça de Antero de Quental, ainda não foram concluídas as escavações para a construção da plataforma de desembarque, mas instalações internas, como bilheterias e salas destinadas a funcionários, já começaram a ser erguidas. No Jardim de Alah e na Nossa Senhora da Paz, as obras ainda estão em andamento.
Os problemas durante as escavações
Vizinhos da obra da Linha 4 do metrô (Barra-Zona Sul), em Ipanema, vivem sob tensão desde 12 de maio do ano passado, quando crateras se abriram na Rua Barão da Torre, no trecho entre Farme de Amoedo e Teixeira de Melo. Moradores de pelo menos cinco prédios foram afetados pelas obras. Os buracos foram tapados, mas, daquele susto em diante, os transtornos não cessaram.
O síndico Sérgio Paessler, do prédio da Rua Barão da Torre 141, conta que cinco apartamentos, além da portaria, foram afetados por fissuras de mais de um metro de extensão.
- O consórcio da Linha 4 disse que as medições feitas no prédio afastam qualquer risco estrutural. Mas é difícil acreditar, já que novas rachaduras surgiram nos últimos meses. Essa obra gera insegurança e preocupação constante para nós moradores - disse o síndico.
O governador Luiz Fernando Pezão reiterou que os prédios afetados pela obra estão sendo monitorados por técnicos e engenheiros da Linha 4 do metrô. Segundo Pezão, o consórcio já começou a fazer os reparos dos imóveis que foram afetados.
- Realizamos obras de reforço de estrutura dos prédios impactados e eles serão restaurados.
O secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio, também assegurou que, daqui por diante, os prédios no entorno da obra não deverão sofrer impactos significativos com as trepidações, já que o tatuzão passará sob o leito das ruas Visconde de Pirajá (Ipanema) e Ataulfo de Paiva (Leblon).