Depois de praticamente uma década nas alturas, não há ainda sinais de que os preços de imóveis na cidade do Rio de Janeiro irão cair, mas tampouco devem subir. De acordo com especialistas do setor, o ano de 2015 verá uma estabilização nos preços, com menos lançamentos e redução dos estoques das construtoras.
"Vivemos mais um ano de ajuste. Depois de uma alta muito grande, os preços vão ter pouquíssima valorização. Vários bairros estão no teto. E isso leva a ter mais tempo para fechar um negócio. A demanda já não é mais tão intensa, embora ainda haja interesse grande por imóveis como um grande sonho do brasileiro, mas hoje tem mais oferta do que havia no passado. Com isso o preço se acomoda", afirma Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi (Sindicato da Habitação).
De acordo com Schneider, as áreas com ainda algum potencial de valorização são as que vivem a expectativa de conclusão das obras de transporte e infraestrutura urbana, como a região do porto e a zona este. "A Barra possui algumas pequenas regiões que ainda podem ver valorização como o Jardim Oceânico perto de onde será o Metrô. A zona sul também pode apresentar modestas altas por conta da sempre grande procura e pela escassez de áreas para construir", diz.
Além da enorme valorização recente, a alta dos juros contribui para frear os preços. Pedro Seixas, coordenador do curso de MBA em incorporação e construção imobiliária da Fundação Getulio Vargas, lembra que o mercado residencial é sensível ao valor da prestação. Com juros mais altos, menor é a parcela da população com renda suficiente para fazer frente às prestações.
Segundo ele, as construtoras não possuem margem suficiente para reduzir preços. Sendo assim, a estratégia delas deverá ser reduzir o ritmo de vendas e de lançamentos, para equilibrar oferta e demanda.
De acordo com Bruno Serpa, vice-presidente de operações da Brazil Brokers, o ano de 2015 poderá trazer algumas oportunidades para quem quer comprar um imóvel. Segundo o executivo, as incorporadoras interessadas em liquidez devem promover vendas com desconto ao longo do ano.
Serpa também aposta nas regiões próximas às grandes obras de infraestrutura como as que ainda podem ser atingidas por alta de preços. Mas de forma geral, ele também trabalha com estabilidade nos preços, com no máximo uma correção pela inflação.
Para o médio prazo, ainda não há uma aposta em queda de preços. Leonardo Schneider, do Secovi-Rio, lembra que cidades sede de Olimpíadas no passado passaram por processos de redução de preços logo após os jogos.
"No Brasil, como o imóvel é garantia de segurança, mesmo em momentos de instabilidade política e econômica, eles são uma fonte de segurança. Então é difícil falar em queda de preços. Ainda é cedo para traçar cenários", diz ele, que trabalha com a previsão de pequena alta nos preços neste ano, em linha com as taxas de inflação na casa dos 5%.
Pedro Seixas, da FGV, concorda com o prognóstico. Para ele, sempre haverá demanda para a compra de residências. O que altera as condições de mercado e os preços são os juros. Com a pouca disponibilidade de áreas para construir nos bairros mais disputados, ainda é cedo para falar sobre uma redução nos preços para os imóveis.