Em outubro, a Avenida Ayrton Senna, na Barra da Tijuca, terá acesso direto para ruas como Alfândega, Buenos Aires e Quitanda. É que o bairro da Zona Oeste vai ganhar um novo shopping. Mas, dessa vez, ele será voltado para o comércio popular. Daí batizar suas vias com nomes de outras que são referência no polo da Saara no Centro do Rio. O projeto de R$ 450 milhões chega à região - endereço de mais de uma dezena de shoppings - apostando na oferta de produtos com preço mais afinado com o agora reduzido bolso do consumidor. Caçula, Dimona, Atacadão Posto Treze e Primu's estarão lá.
- O Brasil tem uma nova realidade em que se tem de ir atrás de preço. Há estudos que mostram que, em 15 anos, a região da Barra terá quase 30% da população do Rio. Já tem 12 shoppings. Mas falta opção em comércio popular - explica Schalom Grimberg, empresário à frente do Up Town.
Sócio da SIG Engenharia, ele foi aos principais polos varejistas do Rio para mapear bazares. E compôs os preços da operação para atrair os empresários:
- Somos um novo espaço e precisamos ser competitivos. O valor do aluguel é 50% inferior à média na região. O condomínio é reduzido, e as luvas vão crescer com a consolidação do projeto.
No total, o Up Town tem espaço para 122 lojas, 241 salas comerciais e 242 espaços mistos, que também funcionam como lojas. Por trás do projeto estão, além da SIG, o BTG Pactual, a TAO Empreendimentos e um fundo canadense.
O shopping a céu aberto terá restaurantes como Spoleto e Koni. O Mercado Produtor da Barra também se muda para lá. E Grimberg negocia com duas redes a instalação de um supermercado.
A atacadista Caçula já anuncia em seu site o Caçula Artes Manuais. A feira de artesanato com cursos de capacitação para até duas mil pessoas acontecerá nos quatro primeiros dias de operação, com a participação de 12 fornecedores.
- É um ponto que atrai pessoas de toda a região, com estacionamento e segurança - diz Roberto Santos, gerente de marketing da Caçula. - O artesanato, em momento de crise, funciona como indústria familiar para gerar renda.
A Primu's Rio, de Vigário Geral, que tem os brinquedos como carro-chefe dentre 25 mil itens de louça a papelaria, prevê elevar vendas em 20% com a nova loja, conta o sócio Celso Cordeiro:
- A crise ainda não chegou ao setor popular. Quando isso acontece é o fundo do poço. No primeiro semestre, vendemos 17% mais. As pessoas vão da Barra a Nova Iguaçu comprar conosco.
A malharia Dimona, com quatro lojas na Saara, investiu R$ 1 milhão na filial que abre em novembro na Barra. Prevê alta de 25% no faturamento:
- Clientes de Barra, Recreio e Jacarepaguá já representam 30% de novas vendas - diz o sócio Luís Blumberg.
O Feirão Moda Rio, da Rodovia Washington Luiz, em Duque de Caxias, ocupará um galpão até o Natal. O Feirão Moda Barra terá 350 confecções.
Para Luís Henrique Stockler, da consultoria baStockler, há mercado para comércio popular na Barra:
- Se é o único shopping nessa janela de oportunidade, provavelmente terá sucesso.