De um lado, a crise econômica. De outro, a proximidade dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, com seu leque de oportunidades de investimentos nas mais diversas áreas. Entre dois polos, o setor imobiliário, de portas abertas e com preços em baixa, justamente por conta da crise. Nessa equação, duas regiões da cidade se destacam - a da Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes, que vêm recebendo grandes investimentos em transporte público, como o BRT Transcarioca e a Linha 4 do Metrô, e a da Zona Portuária, cujo o processo de revitalização iniciado há alguns segue a pleno vapor - a nova Praça Mauá, o Museu do Amanhã, em fase de conclusão, são o dois dos mais visíveis ícones da região, que ainda receberá, já a partir de 2016, parte do trajeto do VLT, o Veículo Leve sobre Trilhos.
Na Barra, uma das empresas que investem em imóveis é a construtora Carvalho Hosken, responsável por projetos como a Península e o Ilha Pura, empreendimento que receberá a Vila dos Atletas da Olimpíada, cujos apartamentos já estão sendo vendidos. O diretor de marketing da construtora, Henrique Caban, disse que a chegada do metrô à região é importante para quem pretende investir em imóveis na Barra. "Tradicionalmente, a chegada do metrô valoriza os imóveis. Quem comprar agora o imóvel vai valorizar, quem deixar para depois pagará o imóvel valorizado", disse ele. Caban afirmou ainda que os jogos olímpicos tendem a influenciar no preço dos imóveis para aluguel. "Os Jogos Olímpicos vão mexer com o aluguel, a venda vai depender da situação do Brasil", completou. "A Barra continua sendo a melhor opção", ressaltou.
Já a Zona Portuária vem sendo valorizada graças à realização do projeto Porto Maravilha, da Prefeitura. O presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), Alberto Silva, disse que a chegada de novos empreendimentos mostra o acerto do processo de revitalização urbana do porto. "E consequência do trabalho, com novos edifícios surgindo, imóveis antigos sendo restaurados e ganhando novos usos. Isso tudo mostra o acerto da operação urbana Porto Maravilha no sentido de reverter o quadro de degradação da região nas últimas cinco décadas", disse ele. "Os resultados já são visíveis. A Praça Mauá mudou bastante em termos de qualidade urbanística e de vida. Ainda tem muitas obras a serem feitas, mas as modificações urbanísticas e ambientais são visíveis", completou.
Tudo isso cria um ambiente favorável a investimentos em imóveis. Em março a empresa norte-americana Tishman Speyer, uma das maiores administradoras de empreendimentos imobiliários de alto padrão do mundo, anunciou os planos iniciais de seu primeiro projeto residencial no Rio de Janeiro. A primeira torre, com 360 unidades residenciais para comercialização, tem previsão de entrega de dois anos após a aprovação. Um dos projetos em construção é o Lumina Rio, que está sendo erguido na Avenida Venezuela. Para Daniel Cherman, presidente da Tishman Speyer no Brasil, o empreendimento demonstra um reforço do compromisso da empresa com o Porto Maravilha, descrito como cenário do mais ambicioso projeto urbano do Brasil. "Com apoio das obras de infraestrutura que atualmente estão em andamento na região, vemos a dinâmica atividade de desenvolvimento de um mix comercial, residencial e de hotéis trazendo vida nova à área", acrescentou.