sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O desafio dos transportes


O estudo da Federação das Industrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), divulgado nesta quarta-feira e registrando, como registrou, que o tempo de deslocamento casa-trabalho-casa vem crescendo ano após ano nas principais áreas metropolitanas do Brasil, mostra também que, considerando os deslocamentos acima de 30 minutos, mais de 17 milhões de trabalhadores demoram, em média, 114 minutos nessas viagens. Veja-se, como o documento igualmente assinala, que o tempo perdido nos deslocamentos tem impacto ponderável para a economia, em decorrência da chamada "produção sacrificada", superior a R$ 111 bilhões.

A pesquisa analisou os dados de 601 municípios em 37 áreas metropolitanas do País, constatando-se, aliás, que o Rio de Janeiro foi o que apresentou o maior tempo de deslocamento (141 minutos), vindo São Paulo em segundo lugar (132 minutos). Em relação ao custo, verifica-se que, no Rio de Janeiro, deixam de ser produzidos mais de RS 19 bilhões (5.9% do PIB metropolitano), enquanto em São Paulo o prejuízo dai decorrente é de quase RS 45 bilhões (5.7% do PIB metropolitano).

Verificou-se ainda, no mencionado estudo, que o tempo das viagens casa- trabalho-casa na área metropolitana fluminense aumentou 11 minutos em relação a 201 e isso apesar de o número de pessoas que per¬dem mais de 30 minutos no trânsito ter caída significando assim que, embora uma parcela dos trabalhadores tenha conseguido emprego em locais mais próximos de casa, para os que continuam trabalhando longe os deslocamentos ficaram ainda mais demorados.

Já na área metropolitana de São Paulo, o número de trabalhadores que levaram mais de 30 minutos nesses deslocamentos aumentou 4.5%. e o tempo de viagem aumentou apenas 1 minuto, mostrando, segundo a pesquisa, que a ampliação do sistema de mobilidade urbana (metrô, trens e corredores exclusivos de ônibus), conseguiram absorver parte do impacto.

Outras grandes áreas metropolitanas, como o estudo aponta, registraram aumento do tempo de deslocamento, como Salvador (4.5%), Belo Horizonte (1.5%) e Recife (6.0%). enquanto Fortaleza (- 1.5%) e Porto Alegre (-1.3%) apesentaram queda nos tempos das viagens.

Por outro lado, durante a Cúpula dos Prefeitos realizada na Cidade das Artes (Barra da Tijuca). o presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros (Fetranspor), LelisTexeira, afirmou que a Região Metropolitana do Rio de Janeiro poderá dispor de mais seis corredores de BRTs nos próximos dois anos.

Por sua vez, o prefeito Eduardo Paes assegurou que em sua gestão, cujo término ocorrerá no ano que vem, ainda que não haja tempo para novas expansões do sistema, os 150 quilômetros de BRTs por ele prometidos serão entregues á população, além e ao lado de outras melhorias relativas â racionalização dos transportes urbanos, cuja implantação estão em vias de ser proximamente iniciada.

Mais e mais, como se há de reconhecer, os esforços em prol da melhoria dos transportes urbanos e metropolitanos, inclusive com a integração e complementação dos diferentes modais, devem ser sustentados em consonância com as potencialidades que a esse respeito se apresentam.

Isso numa perspectiva, evidentemente, não só dos efeitos econômicos que daí advirão, mas de sua influência na elevação dos níveis de qualidade de vida da população, a qual tem no aprimoramento do sistema de transportes urbanos, por todas as razões, um referencial indispensável, no tocante à eficiência dos deslocamentos das pessoas entre os locais de moradia, trabalho e lazer.



Jornal do Commercio, Opinião, 11/set