sexta-feira, 29 de julho de 2016
Rio é capital com a melhor situação fiscal
O Rio de Janeiro é a capital brasileira com melhor situação fiscal, ainda que não tenha a nota máxima, segundo o Índice Firjan de Gestão Fiscal. A capital fluminense recebeu conceito B, dado às cidades cuja gestão foi avaliada como boa (0,6 a 0,8), e ocupou a 28ª posição no ranking nacional. O município tem o desafio, no entanto, de manter esse perfil mesmo após o fim da Olimpíada, que vinha ajudando não só na arrecadação como nos investimentos.
O desempenho do Rio se deveu, principalmente, a investimentos e receita própria, de acordo com o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Guilherme Mercês. A Olimpíada favoreceu investimentos da própria prefeitura e obras da iniciativa privada, o que puxou a arrecadação do Imposto sobre Serviços (ISS).
O fim dos preparativos para os Jogos Olímpicos, no entanto, significa desafios à frente, afirmam analistas. Mercês destaca que o Rio tem boa situação fiscal e caixa significativo (R$ 3,8 bilhões), mas admite que é preciso evitar pressão de gastos com pessoal, com possível desaceleração da receita:
- Entre 2011 e 2015, foram investidos mais de R$ 21 bilhões. Em 2007, foi apenas R$ 1,4 bilhão. Mas, sem dúvida, há um desafio daqui para a frente. Isso é principalmente pela construção, tanto de infraestrutura quanto habitacional, que afeta a arrecadação do ISS.
O estudo da Firjan aponta, no entanto, que, apesar do cenário positivo, as despesas de 2015 que foram adiadas para 2016 "já comprometiam parcela significativa do caixa da prefeitura". Isso explica, por exemplo, a piora no quesito liquidez.
Para o professor da Uerj Bruno Leonardo Barth Sobral, o Rio vive "um ciclo de gastos públicos temporários, alimentados por construção". Ele tem dúvidas, no entanto, sobre a sustentabilidade desse cenário:
- A situação atual gera uma aparência de que as coisas vão bem, mas há um desafio de políticas mais estruturantes para a economia do município.
O prefeito Eduardo Paes, porém, contesta preocupações com a futura situação fiscal e afirma que o resultado da pesquisa "é um super orgulho", que confirma as avaliações das agências de risco sobre as contas do município. Segundo ele, o pior momento para a arrecadação foi em 2015, por causa da recessão da economia brasileira.
- Temos uma supergestão fiscal, e a tendência é melhorar porque vão diminuir os compromissos olímpicos - disse Paes, acrescentando que sua preocupação com perda de arrecadação é "zero". - O futuro aponta uma situação fiscal ainda melhor do Rio.
OUTRA REALIDADE
Se a situação da capital é considerada boa, metade dos municípios fluminenses - 46 de 92 - está em condição fiscal difícil ou crítica. Petrópolis, Duque de Caxias e Nova Iguaçu estão nesse grupo. Dos 54 municípios pesquisados no Estado do Rio - os demais não enviaram as informações no tempo devido à Secretaria do Tesouro -, apenas oito apresentaram boa gestão fiscal: Rio, Niterói, Macaé, Maricá, Queimados, Barra do Piraí, Itaboraí e Angra dos Reis.
Rodrigo Orair, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), explica que nem sempre a situação das contas públicas é a mesma no estado e em seus municípios:
- A arrecadação dos municípios está mais ligada aos serviços e ao mercado imobiliário, que não sentiu tanto quanto a indústria. Com isso, há casos em que a dinâmica pode ser diferente.
O Globo, Lucianne Carneiro, 29/jul
quinta-feira, 28 de julho de 2016
O legado olímpico do Airbnb
Desde que o Rio de Janeiro foi escolhido como a sede dos Jogos Olímpicos de 2016, há sete anos, as discussões sobre qual será o legado do evento são freqüentes. A duas semanas do início da maratona de competições, ainda não é possível cravar se essa herança trará benefícios para a Cidade Maravilhosa. Para o Airbnb, no entanto, o saldo já é positivo. Parceiro oficial de hospedagem alternativa da Rio 2016, o site americano enxerga a participação na Olimpíada como um trampolim para popularizar o serviço e levá-lo a um novo patamar no País.
"O Rio é nossa porta de entrada no Brasil e a Olimpíada é um marco da nossa estratégia no País", diz Leonardo Tristão, diretor-geral do Airbnb no Brasil. "Tivemos um crescimento de quase 100% em acomodações no País em menos de um ano e o evento foi o grande catalisador." Nos últimos nove meses, o número de acomodações da plataforma disponíveis em solo brasileiro saltou de 50 mil para 95 mil. Quarto destino mais procurado pelos usuários, atrás apenas de Paris, Nova York e Londres, o Rio saiu de 20 mil anúncios para 38 mil nesse período. Para a Olimpíada, o Airbnb já contabiliza 55 mil reservas na capital carioca, com turistas de mais de 110 países.
Como parte da preparação para a Olimpíada, o Airbnb investiu em encontros e reuniões periódicas com a sua comunidade de anfitriões, com o objetivo de adequá-los ao padrão de atendimento da plataforma. Atualmente, 72% das avaliações dos usuários sobre as hospedagens e anfitriões no Brasil são de cinco estrelas. A média global é de 70%. A empresa também montou uma grande operação de suporte para o evento esportivo. No Rio, uma equipe de 60 pessoas dará apoio aos turistas. O time reúne profissionais locais do Airbnb e também de outras subsidiárias. Ao mesmo tempo, eles terão suporte de centros da companhia nos Estados Unidos, na Irlanda e em Cingapura.
Apesar da legião de estrangeiros que estará no País, Tristão entende que a Olimpíada é a chance para consolidar o Airbnb como uma opção de hospedagem para os brasileiros, especialmente em tempos de aquecimento do turismo interno. "Do total de reservas, 49% foram feitas por usuários locais", diz. Na Copa do Mundo, esse índice foi de 6%, e em 2015, de 53%. Para Gabriela Otto, fundadora da GO Consultoria, o maior beneficio será a quebra do paradigma de segurança das hospedagens e dos pagamentos. "O brasileiro já confia nas ofertas do Airbnb no exterior, mas ainda tem um pé atrás com as opções locais do serviço", diz. "O evento será essencial para superar essa barreira." Tristão engrossa o coro. "O grande legado para o Airbnb será o brasileiro entender a experiência que podemos oferecer."
IstoÉ Dinheiro, Moacir Drska, 27/jul
quarta-feira, 27 de julho de 2016
Governo dá estímulos ao mercado de imóveis
Maior agente do financiamento imobiliário, a Caixa Econômica Federal (CEF) tomou várias decisões par a estimular o mercado de moradias. Na semana passada, anunciou a duplicação do valor máximo dos imóveis passíveis de crédito, de R$ 1,5 milhão para R$ 3 milhões, beneficiando o segmento de alto padrão. Nesta semana assegurou a abertura de linhas de crédito de até R$ 10 bilhões para o financiamento de obras de construtoras e incorporadoras. Sendo a CEF uma companhia estatal, o vulto dos recursos mostra o empenho do governo em fortalecer a construção civil, que enfrenta uma grave crise.
As novas regras da CEF, que entraram em vigor anteontem, darão fôlego a empresas que fizeram lançamentos e enfrentam dificuldades. Podem ser financiadas tanto as empresas que já tenham vendido pelo menos 20% das unidades de um condomínio, ou seja, que demonstraram a viabilidade do negócio, como as que realizaram pelo menos 80% das obras de um empreendimento e precisam garantir crédito aos compradores finais.
Para os imóveis de alto valor, a parcela máxima financiada subiu de 70% para 80% no caso de imóveis novos e de 60% para 70% no caso de imóveis usados. O mercado de usados, com baixa liquidez, enfrenta problemas mais graves que o de imóveis novos.
Trata-se, nos dois casos, de mudanças na política da CEF. Com a queda dos recursos das cadernetas de poupança, que perderam R$ 34,7 bilhões no primeiro semestre, outras modalidades de captação de recursos serão fortalecidas. Os imóveis destinados à baixa renda receberam R$ 27,6 bilhões em financiamentos no primeiro semestre, com base nos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
Mas para os imóveis de alto valor a CEF terá de levantar recursos no Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), que opera a taxas de mercado superiores às do crédito direcionado. Os recursos deverão vir de Letras Financeiras (LFs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e, no futuro, de Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs), ainda não regulamentadas.
Para financiar a classe média, a CEF dependerá mais do retorno dos empréstimos, até que os juros caiam e que a caderneta volte a ser competitiva. É o que explica a disposição de financiar a construção e a incorporação, para evitar que a iliquidez atinja mais duramente o mercado imobiliário.
O Estado de São Paulo, Editorial Econômico, 27/jul
terça-feira, 26 de julho de 2016
Rio, 40 graus
O valor do metro quadrado de imóveis residenciais à venda no Leblon, zona sul do Rio, era de R$ 22,3 mil em julho, o mais alto registrado na cidade, segundo o Secovi-Rio (entidade do setor).
O preço médio de metragem equivale ao de quatro bairros da zona norte somados, e considera negócios fechados no início de cada mês.
Apesar do valor elevado, houve queda de 4,4% em relação a julho de 2015, quando os imóveis no Leblon foram negociados a R$ 23,6 mil/m².
Folha de São Paulo, Mercado Aberto, 26/jul
segunda-feira, 25 de julho de 2016
Um 'voo' até a Barra
Um aviso sonoro quebra o silêncio dentro dos vagões. "Portas se fechando", anuncia uma voz pelos alto-falantes. O trem logo desata a andar rumo à Barra da Tijuca. Gradativamente, aumenta a velocidade. Passa por Nossa Senhora da Paz, Jardim de Alah e Antero de Quental. Entre São Conrado e Jardim Oceânico, chega a 84km/h. Devagarinho, alcança a ponte estaiada. Em meio a um balé de luzes coloridas, passa pelos pilares de concreto e cabos de aço que a sustentam. Na descida, quase colado aos carros enfileirados em um congestionamento, desaparece, mergulhando em um túnel como se fosse a versão sem sustos de uma montanha-russa.
Na noite da última quinta-feira, uma equipe do GLOBO percorreu toda a Linha 4 do metrô, antecipando-se à viagem inaugural marcada para o próximo sábado. O trajeto entre Ipanema e Barra, sem parar nas estações, durou 16 minutos e 40 segundos - o prometido para o percurso em operação era 13 minutos. Mesmo nas estações já entregues pelo governo estadual ainda há ajustes sendo feitos, como a instalação de placas de sinalização e testes nas roletas. Amanhã, será apresentada a estação Jardim de Alah, a última do chamado trecho olímpico a ficar pronta antes dos Jogos. Só a da Gávea não estará funcionando durante a competição, pois ainda depende de liberação de recursos para ser concluída. O prazo para sua conclusão foi estendido para 2018.
O COLORIDO DAS ESTAÇÕES
O acesso à Linha 4 será feito pela estação General Osório - que ganhará uma entrada na Lagoa, ainda em obras. Ao descer por uma escada rolante bem íngreme, o passageiro vai se deparar com painéis de diferentes cenários, incluindo cartões-postais do Rio. Para não atrapalhar as operações nas linhas 1 e 2, uma nova plataforma foi construída, oito metros abaixo da que hoje recebe os usuários. Enquanto a Linha 4 não atingir sua capacidade plena, será preciso fazer uma baldeação.
Nas primeiras semanas de operação, só portadores de ingressos e credenciais para os Jogos poderão circular pela nova ligação metroviária, que funcionará até as 2h nos dias de maior movimento. A população terá acesso a partir de 19 de setembro, em horário reduzido: das 11h às 15h.
- A restrição vai garantir a qualidade e a segurança no atendimento. Vamos, aos poucos, ampliando o horário e diminuindo os intervalos entre os trens. A expectativa é que, até o fim do ano, a operadora trabalhe em horário integral, com intervalos de quatro minutos, atendendo 300 mil pessoas por dia e tirando mais de 2 mil carros por hora do eixo Barra-Zona Sul - diz o secretário estadual de Transportes, Rodrigo Vieira.
Cada estação tem sua peculiaridade. A Nossa Senhora da Paz é a mais ampla. No acesso da Rua Joana Angélica, há uma escultura da santa em chapa de ferro, com 2,5 metros de altura. No acesso da Rua Maria Quitéria, os passageiros vão encontrar um painel, composto por 3.059 azulejos, que conta a história da paróquia do bairro e homenageia o músico Pixinguinha, que morreu dentro do templo, durante um batizado.
A estação Jardim de Alah é a mais estreita, por causa dos prédios do entorno. Uma peça artística, chamada "Árvores", ficará em um mezanino com esculturas de diferentes tamanhos. Na Antero de Quental, um painel de azulejos coloridos com dez metros de largura saúda os surfistas cariocas.
As estações de São Conrado e do Jardim Oceânico são as maiores. A primeira, com capacidade para receber 61 mil pessoas por dia, tem longos corredores e conta com esteiras rolantes. No acesso da Rocinha, uma parede em branco vai receber uma obra do artista plástico Vik Muniz. Será um mosaico em vidro com reproduções de rostos de crianças da comunidade. Já a estação do Jardim Oceânico, com capacidade para 91 mil passageiros, terá integração com o BRT Transoeste. Na área de circulação de passageiros há quatro painéis. Dois retratam animais silvestres típicos da região. Os outros dois têm mosaicos coloridos que representam os esportes náuticos e o estilo de vida ao ar livre da Barra.
Com cinco quilômetros de extensão, o túnel entre as estações Jardim Oceânico e São Conrado será o maior de toda a rede - o "título" era, até então, do trecho Flamengo-Botafogo, com 1.622 metros. Na nova passagem subterrânea, os trens podem alcançar a velocidade máxima, chegando a 90 km/h. Há 28 interligações com portas corta fogo e exaustores a cada 244 metros.
CATRACAS RETRÁTEIS PARA FACILITAR ACESSO
As estações de São Conrado e do Jardim Oceânico serão as únicas da Linha 4 que terão três acessos (cada uma) e catracas de portas retráteis. Em vez de uma roleta, um torniquete retrai as portas, liberando a passagem sem que a pessoa tenha contato físico com o equipamento. O objetivo é facilitar o acesso dos passageiros.
- Os cariocas ganharão duas horas de deslocamento entre a Barra e o Centro. Nos últimos 40 anos, o metrô ganhou 16 quilômetros. Agora, em seis anos, entregamos outros 16 - afirma Vieira.
O Globo, Rio 2016, 24/jul
sexta-feira, 22 de julho de 2016
Túnel Prefeito Marcello Alencar
O Túnel Prefeito Marcello Alencar teve a sua segunda galeria inaugurada ontem. Há pouco mais de um mês, a prefeitura já havia aberto a via no sentido Zona Sul. Agora, o motorista também pode usar a passagem para ir do Aterro do Flamengo para o Centro da cidade. O trecho deverá receber de 20 mil a 30 mil veículos por dia, segundo estimativas da CET-Rio. Com 6,8 quilômetros de extensão, este é o maior túnel rodoviário do Brasil.
ERRO DE ORTOGRAFIA
O que chamou atenção na inauguração, no entanto, foi uma placa com um erro de português. A Concessionária Porto Novo, responsável pela instalação da placa, escreveu a palavra "extensão" com "ç". Segundo a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cedurp), o problema será corrigido hoje.
A expectativa do município é que o funcionamento completo da via expressa desafogue o trânsito não apenas das ruas do Centro, mas também dos túneis Santa Bárbara e Rebouças, que passaram a receber mais tráfego com a interdição da Avenida Rodrigues Alves para as obras, há mais de dois anos.
Projeções da CET-Rio apontam que o Túnel Rebouças deverá ter uma redução de 10% a 15% na quantidade de veículos em circulação durante o rush da manhã. A queda, no fim da tarde, deverá ser de 20% a 25%. No caso do Santa Bárbara, a expectativa é que haja uma queda no movimento de 15% a 20% pela manhã e de até 25% no fim do dia.
Extra, 22/jul
quinta-feira, 21 de julho de 2016
Área nova no aeroporto
O Aeroporto do Galeão foi modernizado para a Olimpíada e Paraolimpíada e pretende receber um público de 1,5 milhão de pessoas nos dois terminais durante os eventos. Para isso, foi construído o Píer Sul, uma nova infraestrutura de 100 mil m² que conta com 26 novas pontes de embarque. O aeroporto também passou a contar com mais de 24 mil m² de área comercial, entre lojas e restaurantes.
Na área tecnológica, no Terminal 2, houve a instalação de seis pórticos de raio-x, 14 elevadores e 16 escadas rolantes. Para facilitar o trânsito do visitante pelo aeroporto foi lançado o aplicativo do RIOgaleão. Nele, é possível acompanhar voos e estimar o tempo para chegar ao aeroporto.
O Dia, Rio de Janeiro, 21/jul
quarta-feira, 20 de julho de 2016
Restauro apurado
Inaugurado em 1972, o Hotel Nacional, em São Conrado, deve reabrir até o fim do ano. As obras de arte que ornamentavam o espaço já foram restauradas e recolocadas em seu local original. É o caso, por exemplo, do imponente painel de concreto assinado por Carybé (1911-1997), que ficava no lobby, com 45 metros de comprimento, 3 metros de altura e composto de 270 peças de 40 quilos cada uma. Projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012) e com jardins de Burle Marx (1909- 1994), o espaço fechou as portas em 1995 e três anos depois foi tombado pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade.
VejaRio, 20/jul
terça-feira, 19 de julho de 2016
Reforma nem sempre favorece a venda
Depois que seu ex-marido morreu, a cabeleireira e maquiadora Mayane Malta de Mello precisou reformar o apartamento inteiro da ex-sogra. "Estava deteriorado e ela, uma senhora de 80 anos, não tinha condições de tocar a obra." Ela contratou uma empresa e trocou toda a parte elétrica, hidráulica e raspou e pintou as paredes. A obra custou R$ 14.500.
Mayane diz que, antes da reforma, uma amiga corretora havia avaliado o imóvel em R$ 220 mil. Depois de pronta, ele passou a valer R$ 400 mil, de acordo com a profissional, e a ex-sogra voltou a viver no local.
A cabeleireira fez o que os especialistas recomendam para valorizar ou facilitar a vende de um imóvel, uma "reforma clássica", que ressalta aspectos do apartamento sem afetar a estrutura ou personalizar o imóvel. Ao mesmo tempo, quem atua no mercado imobiliário também destaca que personalizar demais o imóvel com uma reforma pode sim dificultar a venda.
Segundo Flávio Prando, vice-presidente de intermediação imobiliária e marketing do Sindicato da Habilitação (Secovi-SP), não é possível calcular a valorização que uma reforma traz, no entanto, pode deixá-lo mais atrativo e aumentar a sua liquidez.
"Se um imóvel estiver desatualizado, ou seja, com pisos antigos, azulejos no tamanho 15cm x 15cm ou com figuras, como nos imóveis antigos, uma reforma que adote pinturas resistentes à unidade ou cerâmicas maiores, do tipo 40x40 ou 50x50, aumenta o seu poder de venda", afirma.
No entanto, ele ressalta que a opção por atualizar os pisos com elementos e cores que não sejam do agrado geral, como preto, por exemplo, pode criar dificuldade para encontrar clientes com o mesmo gosto.
Prando também orienta o dono do imóvel a manter os ambientes com a arquitetura padrão do prédio, em vez de derrubar paredes para abrir cômodos, personalizando demais o imóvel.
A este respeito, Hubert Gebara, diretor da administradora de condomínios Hubert, tem um exemplo. "O meu filho comprou um apartamento de três quartos e resolveu abrir os ambientes e deixar apenas dois. Quando ele foi vender, não encontrava interessados porque quem procurava um imóvel naquele prédio queria três dormitórios", reforça o diretor Hubert Gestão Imobiliária, Hubert Gebara.
Avalie
Segundo o CEO da imobiliária VivaReal, Lucas Vagas, há ponderações que devem ser feitas antes da reforma. E exemplifica: no bairro onde o preço médio é R$ 400 mil, se for feita uma reforma para o imóvel valer R$ 800 mil, ninguém vai comprar. "Certamente, o eventual interessado vai avaliar que, por esse valor, pode comprar um imóvel em uma região mais valorizada."
No entanto, afirma, algumas pequenas mudanças podem fazer a diferença. "Se a casa custa R$ 500 mil, tem um jardim e quintal talvez reformar a parte externa possa custar R$ 15 mil e, deixando esta área mais atraente, se consiga R$ 560 mil pelo imóvel, resultando em valorização de R$ 45 mil."
Vargas lembra que uma reforma pode compensar financeiramente em outro ponto: pagar menos Imposto de Renda. "O valor do IR sobre a venda do imóvel é calculado sobre o ganho de capital (valor da venda, menos o valor da compra, menos reformas que o proprietário tenha feito). Se a pessoa comprou um imóvel por R$ 500 mil e o vendeu por R$ 700 mil, mas fez uma reforma que custou R$ 50 mil, o imposto é calculado somente em cima de R$ 150 mil, e não sobre os R$ 200 mil da diferença entre valor de compra e de venda", explica.
De acordo com o CEO, nos Estados Unidos é feita a medicação de todos os aspectos de uma reforma. E os agentes do mercado imobiliário estimam que o retorno do investimento médio pode chegar a 60%. "Claro que depende do tipo de imóvel e do tipo de reforma que foi executada", afirma.
O Estado de São Paulo, Imóveis, 17/jul
segunda-feira, 18 de julho de 2016
Aluguel para turista dispara e vira negócio para locador
Impulsionado pela crise econômica, o aluguel de imóveis por temporada disparou, e o dinheiro da locação, em alguns casos, já deixou de ser apenas um extra para se transformar na principal fonte de renda de proprietários.
Na disputa por clientes em sites do tipo, locadores começam a se profissionalizar, e surgem gerentes de hospedagem, projetos arquitetônicos voltados a esses turistas e cursos para anfitriões.
No Airbnb, maior site do gênero, o número de anúncios cresceu 99% no ano, chegando a 95 mil. No TripAdvisor, subiu 50%, para 7.000. O AlugueTemporada, mais focado em casas de veraneio, não informa qual foi o salto, mas também diz que houve alta. Hoje, oferta 28 mil imóveis.
Como outros produtos da chamada economia compartilhada, o aluguel residencial por temporada levanta questionamentos de setores que se sentem atingidos no mundo todo -no caso deste "Uber da hospedagem", hotéis, autoridades municipais e condomínios.
Aliada à crise, a Olimpíada ajudou no crescimento da locação por temporada. Não à toa, o Rio é a quarta cidade do mundo com mais ofertas no Airbnb, atrás de Paris, Nova York e Londres.
São 38 mil ofertas na capital fluminense, que vão de um cômodo até -e principalmente- a casa toda.
Foi na categoria mais simples que o administrador Fabio Nahon, 41, começou -e deu o primeiro passo para mudar de profissão.
Em 2011, ofertou um quarto de seu apartamento em Copacabana. O cômodo não ficou mais vazio, e amigos e parentes começaram a pedir ajuda para anunciar imóveis. Resultado: "Larguei o emprego, fiz curso técnico e abri uma agência de viagens", conta.
Hoje, administra 50 unidades ofertadas a turistas em vários sites. Sua equipe faz do check-in do hóspede à limpeza do apartamento.
Caminho semelhante foi traçado por Marcelo Henrique dos Santos, 46. Ele deixou o trabalho de professor para administrar 12 imóveis no Rio oferecidos pelo site. Um é seu, dois são alugados -e ele subloca-, e os outros são de terceiros. "A renda, que era um complemento, agora virou meu fixo", diz.
No caso da paulistana Simone de Sá, 48, essa renda não foi o suficiente para largar o trabalho, mas, em meses mais movimentados, supera seu salário de bancária.
Ela aluga seu apartamento, na região da avenida Paulista, por R$ 100 o dia. Quando tem hóspede, vai para a casa dos pais. No início, conta, foi difícil a ideia de um estranho com suas coisas, mas depois se adaptou.
"Quando abro a porta, nunca sei o que vou encontrar. Mas, fora uma turista que deixou dez dias de louça na pia, não tive problema nas 70 locações que já fiz."
Segundo o Airbnb, 46% dos anúncios de 2015 no Brasil se enquadram no perfil de Simone, de pessoas que disponibilizam a própria casa. O restante alugou um segundo imóvel.
No resto do mundo, a proporção dos que alugaram a própria casa foi maior (79%). Com o aumento do número de ofertas em 2016, o índice aqui pode se aproximar do que acontece no exterior.
PROFISSIONALIZAÇÃO
Os dados do Airbnb mostram também que os anfitriões brasileiros alugaram no ano passado seus imóveis, em média, por 15 dias no ano, obtendo R$ 5.000.
Para turbinar esse rendimento, usuários experientes iniciaram uma espécie de profissionalização do setor.
No Rio, Lucas Herdy, 27, montou um curso em que ensina a ser um "superanfitrião" -espécie de selo conferido a locadores com boa avaliação.
Já a arquiteta Priscila Teske resolveu fazer uma reforma sob medida para hóspedes de temporada no apartamento de sua família.
Aumentou o número de maleiros e colocou itens como mapa-múndi para que os hóspedes deixem recados.
Para o diretor-geral do Airbnb no Brasil, Leonardo Tristão, essa profissionalização reflete uma consolidação da hospedagem em casa, que pode independer da atual conjuntura. Prova disso, diz ele, é que pessoas que começaram a prática na Copa continuaram após o fim do torneio. "Abrir a casa está virando algo do cotidiano das pessoas."
Folha de São Paulo, Cotidiano, 17/jul
sexta-feira, 15 de julho de 2016
Governo prevê receita extra de R$ 8 bi com aumento de imposto em 2017
Embora o aumento de impostos venha sendo tratado pela equipe econômica como um "plano C", o governo já trabalha com uma receita adicional de R$ 8 bilhões em 2017, que viria justamente da alta ou da criação de tributos. A cifra está no documento que atualiza a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano que vem, elaborado pelo Ministério da Fazenda. O mesmo documento descarta a recriação da CPMF.
O ofício encaminhado na quarta-feira passada à Comissão Mista de Orçamento (CMO) não detalha de onde viriam esses recursos e indica que isso só será definido com a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2017. "Eles (Executivo) falaram que só vão colocar o detalhamento na proposta orçamentária", disse o relator da LDO 2017, senador Wellington Fagundes (PR-MT).
Procurado, o Ministério do Planejamento informou que o demonstrativo "possui efeito meramente indicativo/informativo e não gera obrigação, determinação ou vinculação para futuras ações de política tributária do governo federal".
No anúncio da nova meta fiscal para o ano que vem, que prevê um rombo de R$ 139 bilhões, o governo informou que conta com um aumento de R$ 55 bilhões nas receitas para entregar o resultado. No entanto, o presidente em exercício Michel Temer tem evitado abordar a possibilidade de aumento de tributos abertamente e determinou que a meta fosse fechada sem as "medidas amargas".
Mas a elevação ou criação de impostos não saiu do horizonte da equipe econômica. Em entrevista ao Estado, no domingo passado, o ministro da Fazenda disse que o governo tem um "plano A", que é o controle de despesas, um "plano B", que são as privatizações, e um "plano C", o aumento de impostos.
Qualquer proposição nesse sentido, contudo, só deve vir depois da definição do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado. O prazo coincide com a data final que o Executivo tem para enviar o projeto de Lei Orçamentária ao Congresso, dia 31 de agosto.
CPMF
Ao enviar o ofício, o Planejamento também descartou a previsão de recriar a CPMF, que renderia R$ 33,24 bilhões ao governo no ano que vem. A proposta havia sido incluída pela equipe de Dilma e mantida pelo relator da LDO em seu parecer, oficializado no domingo. Na terça-feira, o senador Wellington Fagundes solicitou a retirada do imposto do cheque.
Com isso, segundo o senador, o governo não poderá criar novos impostos, apenas mexer em alíquotas de tributos já existentes se quiser reforçar o caixa em 2017. "Engessamos a construção do Orçamento e previmos que não pode colocar como futura receita o que não existe. Isso descarta, a princípio, a criação de novos impostos. Será possível apenas elevar tributos existentes", disse.
Ontem, a Comissão Mista do Orçamento aprovou o texto-base da LDO de 2017.
O Estado de São Paulo, Economia e Negócios, 15/jul
quinta-feira, 14 de julho de 2016
Antes dos atletas
Enquanto os Jogos do Rio não tomam o Parque Olímpico, na Avenida Abelardo Bueno, o extenso trecho de calçada que margeia o complexo esportivo tem sido usado como local de treino por moradores das redondezas. A nova área de lazer da região foi se firmando espontaneamente, e costuma ficar lotada de ciclistas, skatistas e corredores nos fins de tarde, principalmente nos fins de semana.
Apelidado de Calçadão Olímpico, o local também tem recebido curiosos, que vêm de longe para conferir o resultado das obras na região. Num fim de domingo ensolarado, o estudante Lucas André Pontes, morador de Vila Valqueire, pedalava, acompanhado do pai, rumo à Praia do Recreio, quando deparou com a nova área de lazer e decidiu conhecê-la.
- Nem íamos parar aqui. Como vimos que havia uma ciclovia, que parecia ter sido pintada muito recentemente, decidimos testá-la - contou o rapaz à equipe do GLOBO-Barra. - Comecei a percorrer longos trechos de bicicleta há pouco mais de um mês. Estou curtindo bastante. No fim de semana passado, fomos até a Praia da Barra. Sempre variamos o percurso para o programa não ficar monótono, e, certamente, vamos voltar aqui outras vezes. Além de amplo e novo, o espaço caiu no gosto das pessoas porque tem um clima legal, familiar.
Naquele mesmo dia, o agente de segurança Waldyr Cesar, também morador de Vila Valqueire, esperava um grupo de ciclistas da igreja que frequenta para pedalarem juntos do Calçadão Olímpico até o Jardim Oceânico. Estava paramentado com capacete, joelheiras e luvas, e, no pouco tempo em que aguardou os amigos, identificou problemas no local.
- Se você reparar bem, a calçada já apresenta algumas rachaduras. E a ciclovia deveria ter sido preparada para durar mais tempo, em vez de receber essa pintura que sai com facilidade - reclamou.
As observações do agente de segurança, no entanto, são consideradas exageradas pela arquivista Shana Lúcia Pinho, que mora no condomínio Villas da Barra. De segunda a sexta, antes de ir para o trabalho, ela faz questão de tomar sol com o filho de 10 meses. E, ultimamente, o local escolhido tem sido o Calçadão.
- Achei maravilhoso esse lugar. O terreno está em ótimo estado, tem acessibilidade. Para quem carrega filho em carrinho, como eu, essa área de lazer é perfeita. Antes, eu passeava com o Miguel no meu playground, mas, como quase sempre estava vazio, o programa acabava sendo monótono. Aqui, não. Tem gente correndo, caminhando, andando de skate , bicicleta, patins. Essa movimentação traz alegria ao local - analisou ela, que pretende criar um point de crianças para que seu filho tenha com quem brincar. - Ainda vejo poucos bebês por aqui. Tenho incentivado as minhas vizinhas a trazerem seus pequenos. O Calçadão é democrático, tem espaço para todo mundo.
E de qualquer lugar. A empresária inglesa Susan Doyle, que chegou ao Rio no começo do mês e vai ficar até o fim dos Jogos, caminhava com o marido pela área de lazer enquanto conferia as instalações olímpicas. Ela está hospedada no condomínio Joia da Barra, com vista para o Calçadão, e disse que se sentiu atraída pelo local após perceber o fluxo cada vez mais intenso de pessoas praticando atividades físicas por lá.
- Quando abro a janela de manhã e vejo as pessoas correndo, andando de bicicleta e de skate, me sinto até um pouco culpada. Mesmo tendo a desculpa de estar de férias num país que não é o meu, me incomodava ver as pessoas se exercitando enquanto eu tomava café da manhã e, depois, voltava para a cama para ficar mais 15 minutos. Hoje, resolvi fazer diferente. Chamei o meu marido, botei um short, calcei os tênis e vim fazer uma caminhada. Vamos aproveitar e fazer umas fotos diante dos novos estádios para mandar para os nossos quatro filhos, que ficaram em Londres - contou.
O Calçadão Olímpico é dividido em três partes. Há um trecho com piso intertravado (conhecido como pedra ossinho), outro com cimento liso e a ciclovia. A área de lazer é separada do complexo esportivo por uma cerca de ferro.
Durante os Jogos, segundo informações da Empresa Olímpica Municipal (EOM), o acesso a pé ao entorno do Parque Olímpico será livre. Ainda de acordo com o órgão ligado à prefeitura, bicicletas e skates, porém, só serão permitidos nas duas pistas junto aos prédios da Avenida Abelardo Bueno, no sentido Recreio. O bloqueio começa no dia 5, data da abertura, e vai até o fim das competições, em 21 de agosto.
Para a dona de casa Neide Monteiro, essa proibição, durante a Olimpíada, é importante para a segurança dos visitantes:
- Milhares de pessoas vão circular por essa calçada. Não dá para ficar cheio de gente andando de skate, bicicleta e patins por lá, atrapalhando quem está aguardando para ver algum jogo. Isso pode até gerar acidentes. Mas sou a favor da área de lazer que o local virou. Ele largou a vida em São Paulo, onde mora desde que nasceu, há 37 anos, para atuar como garçom durante os Jogos do Rio. Enquanto o trabalho no Parque Olímpico não começa, William de Andrade curte umas manobras com seu skate do lado de fora do complexo esportivo, nos fins de semana.
- Às vezes, não consigo vir nos sábados pela manhã, porque tenho feito uns bicos às sextas, em restaurantes, e fico até tarde no serviço. Mas aos domingos, é certo. Saio da minha casa, no Posto 10, e venho andando com o meu skate até aqui. Esse espaço, além de ser amplo e me permitir fazer mais ousadias com o meu longboard, está num estado de conservação bem melhor do que a ciclovia do Recreio. E, claro, gosto de ficar admirando o lugar onde vou trabalhar. Quando penso que, em menos de um mês, vou estar lá dentro do Parque Olímpico, servindo refeições para milhares de pessoas, fico alucinado.
O trecho da frente do Calçadão Olímpico tem, aproximadamente, 500 metros de extensão. No local, atualmente, não transitam apenas os atletas amadores. Os operários que trabalham na fase final da obra do complexo esportivo e as pessoas que usam os pontos de ônibus ao longo da área de lazer convivem em harmonia com os novos frequentadores.
- Agora, nós vemos gente. Durante muito tempo, havia só poeira e trabalhadores como eu. O bom de uma construção é isso: quando ela vai ficando pronta, o lugar vai ganhando vida - contou o ajudante de obras Jubemar Ferreira.
A cena podia ser mais rara, mas, durante o período de construção do Parque Olímpico, já havia, sim, quem frequentasse o terreno em frente ao complexo para se exercitar. Entre essas pessoas estava o engenheiro Ricardo França, que gostava de acompanhar o andamento da obra e aproveitava para praticar uma atividade esportiva:
- Como a construção civil é algo que me causa um profundo fascínio e tenho o hábito de andar de bicicleta todo fim de semana, juntava o útil ao agradável e, mensalmente, vinha aqui ver as transformações que o Parque Olímpico ia sofrendo até chegar ao que é hoje. Agora que ele ficou pronto e tem essa área de lazer, sempre venho acompanhado da minha mulher e, às vezes, das minhas duas filhas. No mês que vem estarei de volta, mas para ver uma partida da nossa seleção de handebol. E e, em setembro, retorno para torcer pelos nossos atletas nos esportes paralímpicos golbol e futebol de cego.
O Globo, Barra, 14/jul
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