quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Mercado imobiliário já enxerga luz no fim do túnel com retomada de preços


As perspectivas para o mercado imobiliário melhoram em setembro e marcaram uma possível retomada do preço do imóvel. Segundo o índice FipeZap, oito cidades já mostram crescimento real no valor do metro quadrado.

O Índice FipeZap - que acompanha o preço em 20 cidades - atingiu alta de 0,12% entre agosto e setembro, maior avanço em 14 meses. Apesar de ter sido um crescimento abaixo da inflação (0,24% no período), oito cidades mostram leve melhora, como Santos, São Caetano do Sul, Florianópolis, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Salvador e Belo Horizonte. "O indicador, somado à percepção do setor, indica uma provável mudança no comportamento do mercado para os próximos meses", afirma o CEO do ZAP Imóveis, Eduardo Schaeffer.

Como base para a melhora da percepção, ele comenta que tanto incorporadoras quanto imobiliárias têm apresentando melhora no número de transações. "Em junho notamos uma mudança no perfil, e em julho houve melhora. Agosto foi ruim, mas tivemos a Olimpíada, por isso não consideramos", ressalta.

Segundo ele, ainda é cedo para falar sobre uma retomada mas, sem dúvidas, o sinal é positivo. "Primeiro devemos passar por crescimento nominal, no meio de 2017 devemos nos aproximar da inflação e no meio do segundo semestre podemos ver crescimento real."

Schaeffer comenta que um dos fatores que tem ajudado a defasagem dos preços é a estagnação dos lançamentos. "Vemos uma influência pesada das incorporadoras", diz. Ele explica que os novos imóveis servem como referência para os preços e, agora, com novas obras postergadas a referência que temos é de 20 meses atrás.

Este cenário, no entanto, está prestes a mudar. "As incorporadoras estão revendo seus planos de crescimento e agora, com a melhora da perspectiva, elas devem retomar os lançamentos", expõe. Para Schaeffer, com o número de transações voltando e o índice de confiança melhorando, as construtoras devem retomar projetos para ter estoque pronto quando a economia retomar. "O indicador do mês que vem deve mostrar muita coisa interessante", completa.

Curva de queda

Na variação dos últimos 12 meses, o índice FipeZap teve alta de 0,22%. Contudo se considerada a inflação esperada (8,79%), o preço médio anunciado do metro quadrado (m²) apresentou queda real de 7,88%. Nesta base de comparação, as 20 cidades que compõem o índice registraram desempenho inferior à inflação. No caso do Rio de Janeiro, Recife, Niterói, Distrito Federal e Goiânia houve queda nominal. Em setembro, o valor médio do m² anunciado foi de R$ 7.644. O Rio de Janeiro se manteve como a cidade com m² mais caro, já Contagem apresentou o valor mais barato.

Contraponto

Para o CEO do portal imobiliário apto.vc, Alex Frachetta, a retomada dos preços (em níveis superiores à inflação) pode demorar um pouco mais. "Acho que nem em 2017", diz. Segundo ele, se por um lado, os imóveis populares não suportam um aumento de preço muito elevado, os empreendimentos mais caros podem ter retomada mais lenta. "A demanda reprimida é maior entre imóveis populares, por isso devemos ver mais lançamentos neste segmento. Ele tem apresentado melhor desempenho em vendas e está motivado pelas ofertas estratégicas das construtoras", explica.

Segundo ele, mesmo que a perspectiva econômica melhore, imóveis mais caros e de segunda moradia não devem ser tão procurados em curto prazo. "Ainda é necessário que os juros caiam. Neste perfil de comprador, as estratégias de promoção das construtoras não servem, porque ele prefere esperar um pouco e conseguir uma linha de financiamento mais barata", conta o executivo assinalando que em alguns financiamentos, os juros passaram de 7% para 14%.

Somado a isso, Frachetta argumenta que o novo governo deverá tomar medias para reaquecer a economia que mesmo sendo positivas, deve impactar o mercado. "Vemos uma luz no fim do túnel, mas devemos apertar o cinto por um tempo", ressalta.



DCI, 05/out