Com um vice-prefeito - o engenheiro Fernando Mac Dowell - especialista no tema, o transporte ficou entre os pontos centrais do pacote de decretos publicados pelo prefeito Marcelo Crivella em seu primeiro dia de governo. As medidas propõem mudanças nos principais sistemas da cidade. O processo de racionalização das linhas de ônibus, por exemplo, foi suspenso para avaliação das modificações feitas pelo ex-prefeito Eduardo Paes, ao longo dos dois últimos anos. Não serão efetuadas novas alterações, mas o que já está implantado fica mantido. A proposta para o metrô é uma antiga demanda dos usuários: integrar o sistema ao Bilhete Único Carioca até o fim de 2018. E o próprio Mac Dowell sugeriu, durante a posse de Crivella, a oferta de linhas de transporte aquaviário nas lagoas da Barra. A informação já tinha sido antecipada por Ancelmo Gois, em sua coluna no GLOBO.
- Estamos fazendo um estudo sobre o assunto, para integrar os barcos com a Linha 4 do metrô, com objetivo de melhorar o tráfego na Barra. A ideia é construir um atracadouro em frente à estação do Jardim Oceânico - afirmou Mac Dowell, que para levar adiante a ideia terá que enfrentar a poluição e o assoreamento do sistema lagunar, cujo projeto de dragagem, um compromisso olímpico, naufragou com a crise no estado.
Em relação a ônibus, outra medida proposta nos decretos de ontem prevê que a prefeitura elabore um relatório sobre as obras do BRT Transbrasil, paradas desde os Jogos de 2016, com o objetivo de traçar um cronograma para concluí-las até o fim deste ano.
TARIFA DE ÔNIBUS AINDA SEM DECISÃO
Sobre os outros BRTs da cidade (Transoeste, Transcarioca e Transolímpica), foi determinado um diagnóstico sobre o serviço para apontar melhorias e viabilizar o aumento da frota em 20% até o fim de 2018. No decreto, o texto afirma que há "diversas reclamações dos usuários" e uma necessidade de mapear os problemas e "reduzir a superlotação que afeta o sistema em determinados horários do dia".
Mac Dowell, que ontem assumiu a pasta de Transportes do município, falou sobre a racionalização das linhas de ônibus:
- Se tiver que mexer nesse processo, vamos considerar as pessoas em primeiro lugar.
Ele comentou ainda o aumento da tarifa de ônibus, que geralmente ocorre no começo do ano. No fim de 2016, chegou a ser cogitado o reajuste, para R$ 3,95. Depois, Paes deixou para Crivella o poder de decisão. Segundo Mac Dowell, o prefeito ainda não bateu o martelo.
- Vou fazer uma reunião com eles (os empresários de ônibus), que vão ter que me mostrar as justificativas para um aumento - disse o vice-prefeito.
Entre os decretos de Crivella, o que já está decidido é a suspensão da cobrança de pedágio para motos na Linha Amarela. A Lamsa, concessionária que administra a via, começou a cumprir o decreto ao meio-dia de ontem. A tarifa custava R$ 2,40, em cada sentido. A empresa, no entanto, disse que vai avaliar medidas cabíveis para apresentar sua argumentação à prefeitura.
No passado, Crivella já tinha demonstrado sua preferência por motos. No Senado, ele foi o autor do projeto que deu origem à "Lei dos motoboys", que concedeu, em 2014, adicional de 30% de periculosidade pela função. A medida beneficiou esses trabalhadores e outros profissionais que fazem entregas usando moto.