quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Rio poderá arrecadar com taxa de turismo R$ 35 milhões


Em dez dias, o Conselho de Turismo do novo governo espera apresentar ao prefeito Marcelo Crivella o projeto de criação de uma taxa de turismo, a ser paga por brasileiros e estrangeiros que se hospedarem na cidade. O empresário Ricardo Amaral - que integra o conselho, junto com Roberto Medina, Paulo Protásio e José Bonifácio, o Boni - antecipou que, pelas projeções iniciais, seria possível arrecadar R$ 35 milhões com a cobrança, no primeiro ano de sua implementação. Ele também enfatizou que esse dinheiro será carimbado. Ou seja, somente poderá ser usado no turismo.

- Os recursos serão cem por cento empregados na promoção do turismo do Rio. Não serão para aumentar a arrecadação. O turismo é a nossa vocação. O município tem que partir para um programa de sedução. Trazer para a cidade feiras e conferências, e eleger praças no mundo para fazer uma propaganda violenta, a fim de ocupar a rede hoteleira, que foi ampliada para a Olimpíada - diz Ricardo Amaral. - Precisamos ainda começar a criar um calendário de eventos, especialmente para dois períodos que são buracos negros para o turismo: entre março e junho e entre agosto e outubro. Queremos ter um calendário bárbaro.

A taxa será de R$ 4 ou R$ 5 por dia, por quarto. A ideia, segundo Ricardo Amaral, é que o valor seja único para todos os hotéis. Ele ainda não sabe se a cobrança terá que ser instituída por lei, aprovada pela Câmara de Vereadores:

O projeto está sendo desenhado. E, para formatá-lo, estamos conversando com a hotelaria.

A taxa de turismo é cobrada por muitas cidades da Europa e dos Estados Unidos. No Rio, existe atualmente a room tax (varia de R$ 3,5 a R$ 9 por dia e quarto, conforme a categoria do hotel), que é opcional. O dinheiro arrecadado é repassado à Rio Convention Bureau, uma entidade privada.

Cristina Fritsch, presidente da Associação Brasileira de Agentes de Viagens no Rio (Abav-RJ), considera válida a criação da taxa, desde que os recursos sejam usados na promoção do turismo e que os serviços da cidade melhorem:

- No Brasil, é tudo muito caro e você não tem serviço de qualidade. Para cobrar algo de turista é preciso oferecer serviço. Ninguém reclama de pagar se tem serviço. A cidade tem de oferecer mais segurança e conforto para atrair turistas. Os taxistas, por exemplo, devem ser capacitados. O Sambódromo tem de ser modernizado. No setor ímpar, não há elevadores para cadeirantes. E no Porto, não há área para embarque e desembarque de turistas.

Entre turistas, a criação da taxa divide opiniões. Para o italiano Sergio Cabassi, de 50 anos, se ela for usada para melhorar a limpeza e o serviço turístico, valerá a pena:

- Em cidade como Londres, Paris e Veneza existe essa taxa. Se for uma quantia pequena e utilizada de forma correta, eu apoio.

Já a paulista Cristiane Lisboa, de 31 anos, tudo vai depender do valor da taxa:

- Se tiverem que pagar muito, as pessoas vão mudar de planos. Pode ser que em vez de ajudar, a taxa atrapalhe a arrecadação com turismo.

A baiana Jéssica Carvalho, que visita o Rio com amigos, quer mais explicações:

- Quem se hospeda em hostel vai ter que pagar?



O Globo, Selma Schmidt, 04/jan