Quatro meses depois da Paralimpíada, o Rio começa a receber um legado das casas olímpicas de países, empresas e federações que atraíram multidões durante os Jogos. Além de agitar a competição do lado de fora das arenas, cada uma delas se comprometeu com contrapartidas. Algumas estão prestes a serem entregues à cidade, como o campo de beisebol da Lagoa e um muro de escalada na Zona Portuária. Mas a maioria das promessas - diferentemente do que costuma acontecer por aqui - foi cumprida, e está em uso tanto em áreas públicas quanto privadas.
Os suíços, que transformaram parte das margens da Lagoa num pedaço do país europeu, finalizam no mês que vem a reforma do campo de beisebol próximo ao Corte do Cantagalo. Até o fim desta semana, o piso de saibro e as linhas de marcação ficam prontas, de acordo com a empresa responsável pela obra. Restará somente montar um alambrado no espaço, aberto à população.
Já os austríacos fizeram suas festas na sede do Botafogo, na Zona Sul, mas resolveram presentear o Morro da Providência e comunidades próximas, no Porto, com um muro de escalada de 12 metros de altura. O equipamento, instalado num galpão do Santo Cristo, ficará sob os cuidados do americano Andrew Lenz, há 15 anos no Rio e coordenador do Centro de Escalada Urbana, na Rocinha.
- Nossa ideia é transformar esse espaço no primeiro centro de treinamento olímpico (do esporte) no Brasil. Ainda buscamos patrocinadores para ampliar o projeto. Como a escalada virou uma modalidade olímpica, queremos formar jovens atletas - informa Lenz.
HERANÇA JAPONESA
Por falar em Olimpíada, o próximo anfitrião, o Japão, que sediará os Jogos em 2020, montou sua casa na Cidade das Artes, na Barra. Inicialmente, a previsão era que o país apoiasse a programação da instituição por um ano. No entanto, segundo a Secretaria municipal de Cultura, os japoneses deixaram outro legado: eles compraram livros e móveis para uma sala de leitura; realizaram obras em um restaurante do complexo; destinaram recursos para o programa de arte e educação "Cidade literária", e doaram materiais, mobiliários e peças de cerâmica Kaen, que ficaram em exposição no espaço cultural.
Colégios municipais também foram beneficiados. A Alemanha reformou a Escola Marília de Dirceu, em Ipanema, enquanto a Federação Internacional de Vôlei fez obras na Escola Cícero Penna, na Avenida Atlântica, em Copacabana. A Secretaria municipal de Educação informou que as unidades passaram por nivelamento e pintura de pisos e receberam traves de futebol, redes de vôlei e cestas de basquete. A Cícero Pena também ganhou internet wi-fi, um banheiro com acessibilidade e renovação das redes hidráulica e elétrica.
Nesse mesmo caminho, a Colônia de Pescadores Z-13, em Copacabana, foi reformada pelos organizadores do Arpoador Estúdios - que abrigou instalações de TV durante os Jogos. A empresa suíça Omega patrocinou a obra da Casa de Cultura Laura Alvim, reaberta em setembro do ano passado. Já a Colômbia fez reparos e melhorias, como uma nova iluminação externa, em LED, no Centro Cultural do Ministério da Saúde, na Praça Quinze.
Também há legado em instituições privadas onde as casas se instalaram. Os franceses, por exemplo, deram um picadeiro coberto, já usado em competições internacionais, para a Sociedade Hípica Brasileira.