Afinal, o que é o Hyperloop? Basicamente, é uma cápsula pressurizada que circula dentro de um tubo quase a vácuo. Ela funciona com ímãs de neodímio, que são colocados de forma a anular o campo magnético. Literalmente, a cápsula levita e se torna capaz de atingir altíssima velocidade. Qual é a velocidade máxima? A velocidade máxima que projetamos é de 1.229 km/h, mas a cápsula pode atingir mais de 5.000 km/h. É possível, mas traria riscos desnecessários. A questão não é apenas de velocidade, mas de segurança. Estamos falando sobre os benefícios de um avião, mas sem os riscos de acidentes.
Vocês estão em qual estágio de desenvolvimento? Quando o serviço entra em funcionamento?
Temos três anos de empresa, com mais de 30 patentes registradas e terras doadas por governos para fazer a construção. Estamos criando uma indústria do zero, que ainda não tem leis e regulamentação. Montar o Hyperloop é o mais fácil, já fazemos testes desde 2015. A questão é a regulamentação, e os países estarem dispostos a investir. Hoje, temos as cápsulas comerciais sendo construídas pela Carbures, na Espanha, e as estruturas que suportam os tubos estão sendo construídas na China. O início das construções será em 2018. Onde? Isso eu não posso dizer, apesar de já estar decidido. Para facilitar a análise, estudamos a viabilidade de instalação em Abu Dhabi, onde trabalhamos junto com o governo. E estamos com conversas adiantadas em Toulouse, na França, um dos países que mais estão nos apoiando, com regulamentação e concessão de terras. E o Brasil? É possível. Nós vemos o Brasil como país-chave para a América Latina. Já temos discussões avançadas, o Ministério dos Transportes foi bastante receptivo. Se não fizermos diretamente com os estados, teremos que buscar parceiros. Inicialmente, pensamos no transporte de cargas, apesar de existirem políticos nos questionando sobre o transporte de passageiros também. As oportunidades são gigantescas, estamos falando de um país que tem na infraestrutura de transportes um dos principais gargalos. Fazendo as contas, vemos que é possível.
No transporte de passageiros vocês estariam interessados em alguma rota?
Temos um olhar para Rio-São Paulo, mas não é o nosso foco. O nosso objetivo é oferecer um transporte de cargas rápido e seguro.
Quanto tempo levaria essa viagem?
20 minutos.
Apesar de parecido, não é um trem. Também não é um duto. Como caracterizar o Hyperloop?
Ele é um novo modelo de transporte, está perto de ser categorizado internacionalmente. É um Hyperloop mesmo.
Ele tem custos competitivos frente aos outros modelos?
Os custos de construção são um terço dos de um sistema de trem de alta velocidade. Existem variáveis, mas, em média, a construção de um quilômetro do Hyperloop deve ficar em torno de US$ 20 milhões. E os custos de manutenção também são menores, além da questão ambiental. Os tubos são cobertos com painéis solares, fazendo com que a gente produza mais energia do que o necessário para a operação.
Pela velocidade, o Hyperloop parece perfeito para longas distâncias. Para trechos curtos, a operação é economicamente viável?
As pessoas ficam fascinadas com a velocidade, mas o nosso foco não é chegar a mil quilômetros por hora, é transportar pessoas de forma rápida, segura, eficiente e sustentável. As distâncias que temos visto variam de cem a 200 quilômetros. Serão poucos os casos em que vamos atingir os 1.200 km/h. Além da velocidade, temos outros pontos que reduzem o tempo de viagem. Hoje, você precisa chegar ao aeroporto com uma hora de antecedência, depois leva mais uma hora esperando a mala. O nosso tempo de embarque é muito reduzido.
O projeto do Hyperloop foi apresentado pelo Elon Musk (dono da SpaceX). Qual a relação de vocês com ele?
O Elon deu o nome. Em 2013, ele apresentou o white paper junto com o engenheiro da SpaceX Michael Smayda. Logo depois nós o procuramos para dizer que levaríamos o projeto adiante, e o Michael se junto à nossa equipe. O Elon é como um padrinho, não interfere em nenhuma empresa que esteja tentando desenvolver o Hyperloop, mas aparece de vez em quando para conversar.