segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

União para vencer o crime


Por solicitação das autoridades estaduais, o governo federal finalmente interveio e assumiu o comando da segurança pública no Rio de Janeiro. A partir de agora, vamos enfrentar com recursos multiplicados e direção centralizada o mais grave problema que aflige os cidadãos fluminenses. Já passou da hora de dar um basta na liberdade de ação do crime, já passou da hora de voltar a garantir a paz para nossa população, tão afetada por chagas que extrapolam limites do estado: rota de tráfico internacional de drogas, contrabando de armas e munições e lavagem de dinheiro oriundo de atividades criminosas.

Nos momentos críticos, quando está em jogo o mais alto interesse público, cabe aos políticos recusar mais que nunca o jogo de empurra e a disputa estéril de vaidades. O principal agora é resolver o problema. E todo o país está cansado de saber que, sem a participação decisiva do governo federal, não haverá como derrotar a criminalidade. E não é apenas a situação do Rio de Janeiro. Todos sabem que esse cenário é o mesmo de norte a sul do Brasil.

O crime nas grandes cidades e no interior está cada vez mais ligado ao tráfico de drogas. Grupos que operam em vários estados e obtêm fora do país o produto a ser comercializado e as armas para travar a sua disputa comercial. O controle do mar e das fronteiras cabe à União. Portanto, é lógica elementar admitir que, sem a participação efetiva da União, continuaremos a enxugar gelo.

O Rio de Janeiro vem enfrentando com disciplina e sacrifício a crise econômica nacional, que se amplificou em nosso estado por causa dos problemas vividos pela indústria de petróleo e as empresas de infraestrutura. Nós estamos fazendo a lição de casa. Nenhuma polícia do Rio fez greve, o governo pagou em dia aos servidores da área, com reajustes salariais e compra de novas viaturas. Criamos um Fundo de Segurança, único estado que instituiu um fundo constitucional ao lado da Educação, Ciência e Tecnologia e Cultura. Aplicamos um ajuste estrutural e fechamos com o governo federal um acordo que estabilizará as finanças do estado no médio e longo prazos, com regularização do pagamento dos salários.

Enfrentamos dia e noite a incompreensão dos bolsões de privilégio, que agem como se o estado existisse para atender aos caprichos de uma minoria, enquanto a ampla maioria dos servidores sofre no dia a dia de suas famílias os efeitos da queda brutal de arrecadação.

Talvez outros, em nosso lugar, já tivessem desistido. Mas não nós. A cada nova dificuldade, a cada novo problema, procuramos paciente e rapidamente encontrar as soluções, e reunir as forças políticas e administrativas capazes de tirar essas soluções do papel.

Quando apresentamos ao presidente Michel Temer a escala em que precisamos da presença federal e das Forças Armadas para garantir a paz social em nosso estado, as autoridades federais observaram que atuação de tal magnitude só seria possível com uma participação ainda maior de Brasília na área de segurança, com as Forças Armadas assumindo o comando operacional. E se é isso que precisa ser feito, que seja feito. Da nossa parte, a colaboração será total.

Devemos recusar ainda a falsa ideia de que a ampliação da presença federal na segurança acontece por falha da polícia em cumprir sua missão legal. O problema é outro. Nem uma polícia 100% perfeita daria conta da atual escala da guerra contra o crime. E cabe aqui elogiar todo o empenho e trabalho dos nossos policiais no dia a dia. Precisamos, sim, de todos os recursos de que as autoridades federais, estaduais e municipais puderem dispor.

Não é hora de sentimentos menores. É hora de ação. Tenho a absoluta confiança de que, unidos, conseguiremos sem dúvida ganhar essa guerra.



O Globo, Opinião, Luiz Fernando Pezão, 18/fev