Depois de dois anos de retração, o mercado imobiliário deu os primeiros sinais de recuperação em 2017. O total de vendas voltou a crescer, 9,4% ante 2016, e, para este ano, o setor projeta expansão um pouco maior, de 10%. Os lançamentos avançaram um pouco menos, 5,2%. Os dados são do estudo Indicadores Imobiliários Nacionais, divulgados ontem pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que mapeou o desempenho do setor em 23 localidades - regiões metropolitanas de capitais e grandes cidades do interior do país.
- Quando você aumenta a quantidade de vendas e diminuiu os estoques, é a conjugação que todo incorporador ama. Ou seja, a demanda está sendo maior que a oferta - comemorou José Carlos Martins, presidente da CBIC.
Ao longo de 2017, as vendas de imóveis novos no país somaram 94.221 unidades, ante 86.140 no ano anterior. O maior índice de aumento de vendas se deu na região Nordeste, com alta de 29%, seguido por Centro-Oeste (23%) e Sudeste (7%). Em números absolutos, contudo, observou Martins, a cidade de São Paulo foi o carro-chefe da recuperação de vendas no ano - com 24 mil unidades comercializadas, alta de 46% frente a 2016.
QUEDA DE 12,3% EM ESTOQUES
Nos dados gerais da Região Sudeste, porém, a forte recuperação da capital paulista foi neutralizada em parte pelos resultados negativos do Rio de Janeiro, que registrou queda de 20% nas vendas no ano, com 9,8 mil unidades.
- No caso do Rio, a violência é só mais uma faceta da desagregação. Ela também é consequências de desvios, de governadores presos e outros aspectos - disse Martins.
Os lançamentos saltaram de 78.286 unidades em 2016 para 82.343 ano passado, e a maior oferta de novos projetos ocorreu nas regiões que haviam sido mais afetadas pela crise, e cuja recuperação se dá sobre uma base muito ruim. É o caso da Região Sul, onde o número de lançamentos disparou 43,2%, seguida das regiões Nordeste e Centro-Oeste, ambas com alta de 6,5%.
O levantamento da CBIC mostra, ainda, que os estoques de imóveis novos tiveram queda de 12,3% ante 2016. O recuo mais acentuado foi observado na Região Sudeste (-15,9%), seguida de Centro-Oeste (-15,3%) e Norte (-9,7%).
O preço médio de área privativa no país foi de R$ 5.999, sendo o valor mais elevado no Sudeste (R$ 7.516), e o mais baixo, no Nordeste (R$ 5.681).
- Não temos preocupação com demanda - disse Celso Petrucci, presidente da Comissão da Indústria Imobiliária (CII), da CBIC.
ENTRAVES PARA A EXPANSÃO
Segundo ele, o preço médio dos imóveis também deve subir com o aumento da procura por imóveis. Mas o setor cobra avanços nas reformas estruturais como fundamental à continuidade da recuperação.
- O potencial é enorme, mas temos que resolver problemas estruturais, que ainda não foram atacados - disse Martins, referindo-se à Previdência, à burocracia e à lei dos distratos imobiliários.