sexta-feira, 18 de maio de 2018

Desemprego no Rio sobe a 15%, a maior taxa no Sudeste


Na contramão da maioria dos estados, no Rio de Janeiro a taxa de desemprego não cedeu no primeiro trimestre de 2018. A alta foi de 0,5 ponto percentual, para 15%, em relação ao mesmo período do ano passado. O percentual é o maior para a Região Sudeste e acima da média nacional, de 13,1%. Além do Rio, apenas em outras seis unidades da federação houve avanço no desemprego nessa comparação: Rondônia, Amapá, Maranhão, Piauí, Pernambuco e Sergipe.

O grupo de trabalhadores com carteira assinada no Rio nunca foi tão pequeno: somente 2,8 milhões de pessoas contavam com a proteção das leis trabalhistas. Também foi onde mais cresceu o número de desempregados (143%) nos últimos quatro anos: mais 758 mil pessoas, totalizando 1,28 milhão sem emprego. Os dados são da Pnad Contínua, divulgada ontem pelo IBGE.

FALTA DE PLANEJAMENTO

Além das questões locais, como a crise na indústria naval, na Petrobras e nas contas públicas do governo, pesa sobre essa demora na melhora do mercado de trabalho o fato de o estado ter mergulhado na recessão ao menos dois anos depois da maior parte do restante do país, apontam analistas. Para o economistas da UFF Leonardo Marco Muls, também pesa um componente histórico sobre esse desempenho dos indicadores de emprego:

- Estados como Minas, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná, onde as taxas já cedem, tiveram, há 40 anos, um planejamento regional para diversificar a economia e descentralizá-la para o interior. O Rio, desde que deixou de ser capital do país, vive deitado em berço esplêndido, do ufanismo que renasceu com Copa do Mundo e as Olimpíadas, e da ideia de que não precisa fazer esforço para atrair turistas. Não dá para viver sem planejamento.

A subutilização da força de trabalho - conceito que inclui desempregados, pessoas que gostariam de trabalhar mais e aqueles que até queriam uma vaga, mas por alguma razão não procuravam ou buscavam, mas não estavam disponíveis para trabalhar - também explodiu no estado nos últimos quatro anos: a alta foi de 124%, a maior entre todas as unidades da federação.

O Estado do Rio, porém, tem a menor taxa de desalento do país, de 0,8% da força de trabalho no primeiro trimestre do ano. Para Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimentos do IBGE, o estado teve esse desempenho em razão do carnaval e da temporada de verão.

Apesar disso, em números absolutos o contingente que desistiu de procurar trabalho somou 71 mil pessoas - mil a mais do que no primeiro trimestre do ano passado e permanece como o terceiro maior contingente desde o início da série histórica da pesquisa do IBGE, em 2012. O nível mais baixo foi atingido no quarto trimestre de 2014, quando apenas 12 mil pessoas estavam desalentadas no estado. O desalentado é aquele que queria trabalhar, mas deixa de buscar vaga por avaliar que não vai conseguir.



O Globo, Daiane Costa, 18/mai