quarta-feira, 30 de maio de 2018

Desemprego recua a 12,9% em abril, aponta IBGE


O mercado de trabalho permanece ancorado em empregos sem carteira, mas teve leve melhora no trimestre encerrado em abril. Depois de dois anos de queda, o número de pessoas empregadas voltou a crescer, e o de desempregados caiu, após três anos seguidos de alta, sempre considerando o mesmo período de anos anteriores. Assim, a taxa de desemprego, medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, ficou em 12,9%, contra 13,6% em igual período de 2017. Analistas ouvidos pela Bloomberg projetavam taxa de 13%.

O número de desempregados caiu para 13,4 milhões, ante 14 milhões um ano atrás. Nessa comparação, no entanto, o emprego com carteira já cai há cinco anos seguidos. Foram 32,7 milhões, queda de 1,7% tanto em relação ao trimestre anterior quanto frente a igual período de 2017.

Já os trabalhadores sem carteira de trabalho foram 10,9 milhões de pessoas, estável frente ao trimestre anterior e alta de 6,3% em relação ao mesmo período de 2017 (mais 647 mil pessoas). A categoria dos trabalhadores por conta própria, estimada em 23 milhões de pessoas, teve alta de 3,4% (mais 747 mil pessoas) em relação ao mesmo trimestre do ano passado.

Thiago Xavier, economista da Tendências Consultoria Integrada, observa que o crescimento da ocupação está desacelerando e mais pessoas estão indo para a inatividade, por conta da economia que patina e desestimula a procura ou tira as esperanças de conseguir uma vaga:

- O grupo de ocupados segue crescendo todos os meses, mas essa alta é menor a cada mês. O mesmo ocorre com a força de trabalho, que cresce, mas cada vez menos. Isso significa que tem mais pessoas fora do mercado, o que ajuda a aliviar a taxa.

A população ocupada foi estimada em 90,7 milhões no trimestre encerrado em abril. Em relação ao mesmo período do ano anterior, quando havia 89,2 milhões de pessoas ocupadas, houve alta de 1,5 milhão de trabalhadores nesse grupo.

Já Tiago Barreira, economista e consultor do Ibre/FGV, diz que os dados mostram uma retomada da tendência de melhora, ainda que gradual:

- Voltamos à normalidade para um período de saída de recessão.

OIT COLOCA BRASIL EM LISTA SUJA

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) incluiu ontem o Brasil na lista suja de 24 nações acusadas de descumprir normas internacionais de proteção dos trabalhadores. Um dos pontos questionados pela OIT é a priorização do negociado sobre o legislado, prevista na reforma trabalhista.

Essa decisão foi tomada após denúncias do Ministério Público do Trabalho e dos sindicatos contra a reforma. Agora, um comitê da OIT analisará possíveis violações de convenções internacionais ratificadas pelo governo brasileiro.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que a inclusão não tem fundamento e ressaltou que a reforma trabalhista busca fomentar o diálogo entre empresas e empregados.



O Globo, Daiane Costa, 30/mai