Com a taxa de juros ainda em seu menor patamar histórico, a economia dando sinais de retomada, as incertezas em relação à aprovação da Reforma da Previdência e o aperto monetário nos Estados Unidos, 2019 exige uma reavaliação da sua carteira de investimentos.
O oba-oba da renda fixa ficou para trás desde o começo do ano passado com a queda da Selic e, com isso, a diversificação dos investimentos é cada vez mais importante. Ou seja, para manter o rendimento de suas aplicações em um patamar elevado, é preciso arriscar um pouco mais.
"Ficar no conforto da renda fixa com uma Selic de dois dígitos não dá mais. Tudo indica que os juros nos EUA vão subir de uma forma bem mais lenta do que se imaginava e, por aqui, há otimismo com a composição da equipe de governo do novo presidente e com a aprovação de uma Reforma da Previdência robusta. O cenário está propício para o investidor tomar algumas posições um pouco mais arriscadas", diz Ronaldo Guimarães, sócio diretor do banco Modalmais.
Isso não significa que você deve sair aumentando o risco de toda a sua carteira -fazer isso com uma pequena parcela dos seus investimentos já é suficiente. O percentual exato vai depender do perfil de risco de cada um, mas, mesmo para quem é considerado agressivo, o ideal é manter a maior parte das aplicações na segurança dos pós-fixados de longo prazo, como CDBs e Tesouro Selic.
Veja a seguir três investimentos que prometem boa rentabilidade em 2019.
Fundos multimercado
Os fundos multimercado tiveram um 2018 não tão bom quanto se esperava, mas a expectativa de analistas para 2019 é de que eles terão uma performance bem melhor. Eles ficam no meio do caminho entre os investimentos ultraconservadores e os mais arriscados, como ações e câmbio.
A diferença é que o gestor desses fundos investe o seu dinheiro em ativos de renda fixa e de renda variável, e pode fazer modificações na carteira ao longo do tempo para acompanhar movimentos de mercado para evitar volatilidade ou tentar ganhar mais.
"O fundo multimercado tem condições de navegar bem por esse cenário mais otimista para 2019. O investidor, no entanto, deve escolher um fundo com um gestor de bom histórico e reputação. Tem fundos mais agressivos e mais conservadores. É preciso ler a lâmina e encontrar um cuja carteira acompanhe o seu perfil de risco", afirma Roberto Indech, analista-chefe da corretora Rico.
Renda variável
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, encerrou 2018 com ganho acumulado de 30%. Como a perspectiva é de que a B3 mantenha a trajetória positiva em 2019, chegou a hora de o investidor pessoa física ter uma pequena exposição à renda variável, através de fundos de ações ou multimercado, por exemplo.
"Apesar de a Bolsa brasileira já estar em seu maior nível histórico, ainda tem espaço para o Ibovespa subir mais", diz Dennis Kac, sócio da Brainvest. "Temos fundamentos econômicos que justificam a taxa de juros mais baixa no Brasil, o custo das empresas diminuiu e suas operações têm melhorado. Tudo isso nos leva a crer que a B3 pode chegar aos 120 mil pontos neste ano."
Kac enfatiza, no entanto, que isso vai depender da aprovação da Reforma da Previdência. "Estamos imaginando que o governo vai conseguir aprovar uma reforma robusta, com aumento da idade mínima, regra de transição que não demore muito e início de um regime de capitalização principalmente para as pessoas que ganham mais. Se isso não ocorrer, o otimismo pode ceder um pouco."
Ter uma baixa exposição ao mercado de ações através de fundos pode ser uma boa opção porque eles têm diversificação, assim o investidor se protege dos riscos específicos de alguns papéis. Também é uma vantagem que nos fundos são os gestores que vão escolher as melhores ações para investir -um processo geralmente mais difícil para o pequeno investidor fazer por conta própria.
Fundos imobiliários
Fundos imobiliários
Os fundos imobiliários são interessantes para quem pretende em ganhar dinheiro com a renda de aluguéis e a administração de imóveis, porém, em vez de se arriscar sozinho, prefere comprar cotas de um fundo de investimento. Como as cotas desses fundos são negociadas na Bolsa, o investidor também pode ganhar dinheiro com a sua valorização na B3.
Alguns fundos imobiliários também aplicam o dinheiro de investidores em títulos emitidos por bancos para financiar o setor imobiliário, como as Letras de Créditos Imobiliários (LCI).
Os fundos imobiliários são indicados para quem pretende diversificar seus investimentos e tem um objetivo de longo prazo, ou seja, não deseja resgatar seus recursos antes de cinco anos. Eles são um bom substituto para quem pretendia investir em um imóvel para alugar ou vender, por exemplo, porque oferecem mais chances de ter uma rentabilidade maior, isenta de Imposto de Renda.
Isso porque os fundos não pagam imposto ao vender os imóveis de suas carteiras e o ganho é distribuído aos cotistas também isento para pessoas físicas. Porém, no caso da venda das cotas, o investidor estará sujeito a IR de 20% sobre o ganho de capital.
"A estrutura de remuneração e a isenção de imposto para as pessoas físicas são uma combinação interessante dos fundos imobiliários. Nem todos os fundos têm a mesma capacidade de entregar resultado, mas a classe como um todo tem bom potencial de ganho em 2019″, diz Kac, da Brainvest.
"O mercado imobiliário sofreu com a crise nos últimos anos. Quando você tem receio se vai conseguir manter o seu emprego, você não faz um financiamento de um imóvel, que dura muitos anos. Com isso, muitos lançamentos ficaram represados. Agora, a expectativa é que esse mercado volte a melhorar, a medida que o emprego começa a subir e a confiança das pessoas tem sido retomada", completa Kac.