Foram bons os dados sobre a indústria da construção informados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ao anunciar o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) relativo ao período de janeiro a setembro de 2019. Entre os terceiros trimestres de 2018 e de 2019, a construção civil cresceu 4,4%, segunda alta mensal consecutiva após 20 trimestres de queda. Os números do IBGE mostram ainda que entre o segundo e o terceiro trimestres deste ano o investimento do setor da construção cresceu 1,3%.
A construção civil responde por cerca de 40% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF ou taxa de investimento), o que mostra bem sua importância. O setor mobiliza uma ampla rede de fornecedores, de prestadores de serviços de arquitetura, engenharia e decoração a indústrias de materiais para obras e de bens de capital. E é grande empregador de mão de obra: nos primeiros 10 meses de 2019, contratou 124,5 mil empregados com carteira assinada, 6,3% mais do que em igual período de 2018, segundo dados oficiais. Foi o segmento que mais mostrou crescimento, em termos porcentuais, na criação de vagas no período.
Mas, como notou a economista Ana Maria Castelo, pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especializada no setor, há muito a melhorar: "O mercado imobiliário ainda tem uma contribuição restrita para o PIB. A tendência é que esse mercado venha a aparecer mais fortemente no nível de atividade daqui para a frente".
A construção civil está se recuperando em decorrência dos investimentos em edifícios em especial residenciais, pois os lançamentos comerciais ainda enfrentam o problema da oferta elevada, com exceção do mercado de alto padrão, onde há demanda firme. Na infraestrutura, as concessões só deverão gerar impacto positivo na construção a partir de 2020, segundo analistas.
O volume de financiamentos não só é crescente, mas essencial para o investimento na construção. O economista Luka Barbosa, do banco Itaú, deu ênfase ao estímulo representado pelo crédito: "O crédito imobiliário começou a crescer, expandindo o setor, estimulando o investimento e deve crescer mais no ano que vem".
A construção civil e o mercado de imóveis foram ajudados pela queda de juros e prestações, mas não podem prescindir da retomada econômica.