Já são 17 anos de abandono. O terreno de 25 mil metros quadrados localizado no número 104 da Rua Marquês de São Vicente, na Gávea, foi comprado por cerca de R$ 6 milhões por uma grande rede varejista em 2003 para a construção de um supermercado. O empreendimento nunca saiu do papel por falta de autorização da prefeitura: temia-se que gerasse mais congestionamento no bairro.
Desde 2018, tramita na Câmara dos Vereadores um projeto de lei complementar que autoriza a construção de um imóvel residencial ou comercial no local, desde que, como contrapartida, a edificação abrigue um parque aberto ao público.
Líder do governo na Câmara, o vereador Dr. Jairinho (Solidariedade) afirma que o projeto poderá ser votado após o retorno das sessões presenciais, previsto para agosto:
- Como ele tem o apoio da população local e a chancela da Secretaria de Urbanismo, não vejo entraves para o projeto ser aprovado.
Praça infantil e pista de caminhada
A aprovação do projeto de lei complementar se faz necessária para a construção do empreendimento devido à lei 5.757, de 2014, de autoria do então vereador Marcelo Queiroz. A regulamentação estabeleceu como destino do terreno o Parque Sustentável da Gávea. No entanto, na época, o município não teve verba para adquirir o lote junto à rede de supermercados, e o parque ficou pelo caminho.
- Fiz campanha contra o supermercado porque não seria propício para um bairro residencial pequeno, que já tem tantas escolas e um trânsito complicado. Acho a proposta de construção de um imóvel com a contrapartida de um parque aberto ao público razoável e interesse para a população. Resolve o problema do abandono do terreno e não despende verba pública - afirma Queiroz, hoje secretária estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
O projeto foi apresentado pelas incorporadoras STX e TGB, que têm a prioridade de compra do terreno, por valor não revelado.
A construção prevista é de dois blocos, com lojas térreas e três pavimentos, margeados por um calçadão de 150 metros de extensão.
Segundo Marcelo Conde, diretor da STX, quatro mil metros quadrados do espaço serão destinados ao parque, que será aberto ao público de segunda a sábado, em horário comercial. A área verde incluirá alameda arborizada, praça infantil, mirantes e pista de caminhada. A parte alto do terreno, com 17 mil metros quadrados de mata fechada, será preservada e aberta a pesquisadoras da fauna e da flora.
- Assim que o projeto de lei complementar for aprovado, vamos demolir a estrutura antiga e submeter o prospecto final do parque e da edificação à aprovação da prefeitura. As obras devem começar no fim do ano que vem, e o parque deve ficar pronto em 2022 - estima Conde.
Para René Hasenclever, presidente da Associação de Moradores da Gávea, o parque "vai fazer toda a diferença para o bairro".
- O projeto já foi aprovado em audiência pública. Agora, estamos na luta para que ele ganhe o aval da prefeitura e se possa dar uma finalidade ao terreno que, abandonado, desvaloriza a região - afirma ele.