quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Governo mantém em 5,3% estimativa de crescimento do PIB em 2021 e vê inflação mais alta

Expectativa de inflação para este ano subiu de 5,90% para 7,90%. Informações foram divulgadas no Boletim Macrofiscal, do Ministério da Economia.

O Ministério da Economia manteve em 5,3% a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021.

A informação foi divulgada nesta quinta-feira (16) pela Secretaria de Política Econômica da pasta, por meio do Boletim Macrofiscal.

Para o ano de 2022, a previsão de crescimento do PIB do governo recuou de 2,51% para 2,50%.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.

"A manutenção da projeção do ano corrente se deve à continuidade da retomada econômica que vem ocorrendo, como mostram os indicadores coincidentes de atividade. Neste ano, com o avanço da vacinação e queda do distanciamento social, a economia vem registrando um patamar mais alto de expansão", informou o governo.

Assista abaixo a comentário de Miriam Leitão sobre a projeção para o crescimento do PIB brasileiro em 2021.

Apesar de o governo ter mantido sua projeção estável, o ritmo de crescimento tem sido impactado, nas últimas semanas, por dúvidas sobre contas públicas. O mercado aguarda definição sobre como o governo vai custear a expansão do Bolsa Família, buscada para 2022.

Além disso, ruídos políticos têm afetado o crescimento. Na semana passada, o ministro Paulo Guedes, admitiu que o "barulho político" dos últimos dias, com declarações golpistas do presidente Jair Bolsonaro e subsequente recuo, pode desacelerar a economia.

Segundo o Ministério da Economia, reformas pró-mercado e medidas de consolidação fiscal, que foram e estão sendo discutidas pelo Congresso Nacional, "lançam bases para o crescimento sustentável do país no longo prazo".

Avaliou, ainda, que a "consolidação fiscal" em curso (medidas de ajuste das contas públicas) é fundamental nesse processo da melhora da qualidade do crescimento econômico no Brasil.

"Apesar da recente crise e da necessidade de uma resposta ampla com impactos fiscais de curto prazo, o processo de consolidação das finanças públicas teve seu curso mantido", concluiu.

Alta da inflação

Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, o Ministério da Economia elevou sua projeção de 5,90% para 7,90% em 2021.

A expectativa de inflação do governo se distanciou ainda mais do centro da meta para este ano (3,75%) e também do teto (5,25%). Com isso, o governo admitiu novamente que a meta deve ser descumprida.

A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic).

A previsão da Secretaria de Política Econômica para a inflação está abaixo da estimativa do mercado financeiro, que é de alta de 8% em 2021.

Para 2022, a estimativa do Ministério da Economia para a inflação subiu de 3,5% para 3,75%. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.

O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, disse que é fundamental avançar com a vacinação para manter o ritmo da economia, e acrescentou que o segundo semestre de 2021 deverá ter um crescimento forte do setor de serviços e do investimento privado, lançando as bases para uma alta de 2,5% no PIB em 2022.

“Eu sei que está tendo instabilidade no momento, mas prestem atenção nos 'game changers' [pontos de virada]: a reforma tributária do IR e os precatórios. Assim que aprovarmos [as propostas no Congresso Nacional], estaremos dando um grande sinal de responsabilidade fiscal e compromisso com a sociedade brasileira”, disse ele.

O secretário também afirmou que o governo vai combater a alta da inflação.

“A inflação é o maior inimigo da população pobre. Tenho certeza que a política monetária [alta da taxa de juros] e fiscal [contenção de gastos] irão combater a inflação, porque isso não é questão de ideologia, mas de prezar pelo bem estar da população brasileira, sobretudo a população mais pobre. Faremos o que for necessário para combater a inflação”, declarou.

Alexandro Martello, G1, 16/set