sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Vendas do comércio crescem 1,2% em julho e setor recupera nível recorde

Resultado negativo de junho foi revisado para alta, formando uma trajetória de quatro taxas de crescimento seguidas. Perdas provocadas pela pandemia, porém, foram recuperadas apenas por parte das atividades.

As vendas do comércio varejista cresceram 1,2% em julho, na comparação com junho. Com o resultado, o setor alcançou nível recorde. É o que apontam os dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado de junho, que apontava uma queda de 1,7% na comparação com maio, foi revisado para alta de 0,9%, fazendo com que o setor passasse a registrar quatro crescimentos seguidos. De acordo com o IBGE, a revisão foi realizada pelo algoritmo de dessazonalização aplicado sobre as pesquisas, ou seja, não houve entrada de novos dados das vendas realizadas no mês.

Frente a julho do ano passado, o setor registrou alta de 5,7%, a quinta taxa positiva consecutiva nesta base de comparação.

Os resultados superaram as expectativas dos analistas. Em pesquisa da Reuters, as projeções apontavam alta de 0,7% na comparação mensal e de 3,45% sobre um ano antes.

Alta em 5 das 8 atividades

Cinco das oito atividades pesquisadas tiveram alta na passagem de junho para julho. O destaque positivo ficou com a de outros artigos de uso pessoal e doméstico, cujas vendas cresceram 19,1% no período.

No lado oposto, o destaque negativo ficou com a atividade de livros, jornais e papelaria, que registrou o pior resultado, enquanto as vendas de hiper e supermercados ficaram praticamente estagnadas.

No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e material de construção, as vendas cresceram 1,1% na passagem de junho para julho e 7,1% na comparação interanual.

Veja o desempenho de cada um dos segmentos em junho:

Combustíveis e lubrificantes: -0,3%

Móveis e eletrodomésticos: -1,4%

Livros, jornais, revistas e papelaria: -5,2%

Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 0,1%

Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: 0,2%

Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: 0,6%

Tecidos, vestuário e calçados: 2,8%

Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 19,1%

Veículos, motos, partes e peças: 0,2% (varejo ampliado)

Material de construção: -2,3% (varejo ampliado)

Recuperação desigual

Na comparação interanual, o crescimento de 5,7% das vendas do setor foi puxado pelas atividades de tecidos, vestuário e calçados (42,0%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (36,8%), combustíveis e lubrificantes (6,4%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (4,8%).

O gerente da pesquisa apontou que estas foram as atividades mais prejudicadas pela pandemia em 2020 e que, agora, voltou a apresentar taxas positivas.

As outras quatro atividades, porém, apresentaram quedas na comparação com julho do ano passado: livros, jornais, revistas e papelaria (-23,2%), móveis e eletrodomésticos (-12,0%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-5,6%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,8%).

O comércio varejista como um todo terminou julho superando em 5,9% o patamar de vendas pré-pandemia, enquanto a recuperação do varejo ampliado foi de 3,2%.

Das dez atividades comerciais, incluindo o varejo ampliado, apenas quatro conseguiram recuperar o patamar de vendas observado antes da pandemia.

Vendas crescem em 19 unidades da federação

De junho para julho, o comércio varejista cresceu em 19 das 27 unidades da federação, com destaque para Rondônia (17,5%), Santa Catarina (12,5%) e Paraná (11,1%). Já as maiores quedas foram em Minas Gerais (-2,1%), Rio Grande do Norte (-1,5%) e Amazonas (-1,4%).

Perspectivas

A recuperação da economia brasileira segue desigual em um cenário de aumento das incertezas e de piora das expectativas em razão da tensão política, de agravamento da crise hídrica e de inflação de quase dois dígitos no acumulado em 12 meses.

Na semana passada, o IBGE mostrou que a produção industrial brasileira caiu 1,3% em julho, voltando a ficar no patamar pré-pandemia.

Na última pesquisa Focus, que reúne as projeções dos analistas, a inflação esperada para este ano já chegava a 7,58%. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a estimativa de alta foi reduzida para 5,15% em 2021 e para 1,93% em 2022.

Daniel Silveira e Darlan Alvarenga, G1, 10/set