Batalha ocorre quando a alta dos aluguéis se soma à disparada da inflação no país.
Antes do início de cada mês, Anh-Thu Nguyen e seus dois vizinhos de andar enviam seus cheques de aluguel para o proprietário, mas, alguns dias depois, recebem o envelope de volta pelo correio.
O estranho ritual começou logo depois que, em março de 2021, uma empresa imobiliária chamada Greenbrook Partners comprou o prédio do Brooklyn, bairro de Nova York onde Nguyen mora.
A empresa informou aos moradores que eles teriam de desocupar seus apartamentos até 30 de junho. Alguns vizinhos se mudaram, mas Nguyen e inquilinos de outros quatro imóveis estão processando a Greenbrook. A imobiliária tem mais de 150 propriedades no Brooklyn e no Queens, em Nova York, compradas principalmente durante a pandemia da covid-19.
Essa batalha ocorre quando a alta dos aluguéis se soma à disparada da inflação nos Estados Unidos, com experiências semelhantes se tornando mais frequentes na parte não regulamentada do mercado imobiliário de Nova York, com aumentos de 30%, ou mais.
"Inquilina não ótima"
Em um evento organizado pelos democratas do Senado em fevereiro deste ano, Nguyen disse que empresas como a Greenbook, um dos principais atores dessa situação, consideram-na uma "inquilina abaixo do ideal".
Especialistas em habitação explicaram aos senadores que um elenco de empresas e de subsidiárias que mudam com frequência e que aparecem em documentos oficiais de propriedade dificultam a responsabilização.
Os defensores das empresas imobiliárias argumentam que as restrições aos proprietários podem desencorajar os investimentos necessários e que o setor está se tornando um bode expiatório para o problema da acessibilidade da habitação.
Os inquilinos de Greenbrook conquistaram o apoio de proeminentes políticos de Nova York, incluindo o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, e do senador Jabari Brisport. Em abril, Brisport liderou uma manifestação no Brooklyn em apoio à legislação de "despejo por justa causa", que limitaria esses casos àqueles em que os inquilinos não pagam aluguel, ou se comportam mal.
O projeto de lei, que conta com o apoio de Nguyen e de outros ativistas, também limitaria os aumentos de aluguel de apartamentos com contratos baseados no mercado. Enquanto isso, muitos no mercado imobiliário se opõem, como Bryan Liff, que colocou dois apartamentos à venda antes de arriscar alugá-los sob tal lei.
Greenbrook e suas afiliadas possuem 153 propriedades, de acordo com um banco de dados imobiliário de Nova York. Hoje, as casas estão sob o nome "Freestone Property Group", depois de terem aparecido sob o nome de Greg Fournier, diretor da Greenbrook.
Nguyen acredita que a Freestone é uma afiliada da Greenbrook. Procurada pela AFP, a Greenbrook Partners não retornou o contato.
France Presse, 09/mai