terça-feira, 3 de maio de 2022

Por que maio tem fama ruim nos mercados financeiros

Para alguns investidores, mês é propício para desmontar posições (se desfazer de investimentos) antes do verão no Hemisfério Norte.

Maio começou fazendo jus à fama de ser um período difícil para os mercados. Com a sinalização de uma alta mais forte dos juros nos Estados Unidos e o temor de uma desaceleração econômica global, a chegada do mês resgatou novamente um dos ditados mais tradicionais do mundo financeiro: “sell in May and go away” (venda em maio e vá embora, em tradução livre).

Mas a crença, diferentemente do que parece, não diz respeito apenas ao mês de maio, mas ao período de seis meses compreendidos entre maio e outubro. Muitos investidores acreditam que é melhor se desfazer de suas posições no mercado acionário em maio e se posicionar novamente apenas em outubro, após o verão no Hemisfério Norte, já que a liquidez dos mercados diminui sensivelmente nessa época.

Não há ciência nisso, mas quando se observam os dados históricos é possível ver que o intervalo de maio a outubro tem sido o mais fraco do ano para as ações em Wall Street.

Segundo cálculos da LPL Financial, uma das maiores corretoras independentes dos Estados Unidos, de 1950 até 2020, o índice S&P 500 ganhou 1,7% em média durante esses seis meses, em comparação com 7,1% durante o período de novembro a abril.

Isso não significa que maio seja necessariamente ruim. O estrategista observa que, nos últimos nove anos, o S&P 500 fechou maio com retornos positivos em oito vezes. “Então, ‘vender em junho’ pode ser mais apropriado”, afirma.

Segundo Detrick, a fama do “sell in May” é propagada pela mídia e, embora os dados mostrem que esse mês costuma ser fraco, ele ainda apresenta retorno positivo. “Portanto, ir embora totalmente não é sábio.”

Desde a crise financeira de 2008, o S&P 500 encerrou maio com retornos positivos em dez ocasiões e apenas quatro vezes em queda. É verdade, no entanto, que as quedas foram expressivas: em três delas, o tombo foi superior a 6% (2010, 2012 e 2019).

Apesar de ser estrangeiro, o ditado também costuma ser lembrado no Brasil e parece servir bem ao Ibovespa. Levando em consideração o mesmo recorte de tempo, o principal índice da bolsa local registrou perdas em maio por nove vezes, tanto em reais quanto em dólares, subindo em apenas cinco ocasiões. Em 2012, 2016 e 2018, as quedas do Ibovespa superaram os 10%.

Valor Online, 03/mai