Nesta quinta-feira, o principal índice da bolsa brasileira recuou 0,46%, a 109.735 pontos.
O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, encerrou 2022 com alta de 4,69%, apesar de recuar no último pregão do ano. O resultado deixou o índice próximo dos 110 mil pontos.
Nesta quinta-feira (29), o Ibovespa caiu 0,46%, a 109.735 pontos, influenciado pela queda de 2,27% nas ações da Petrobras.
Na quarta, o Ibovespa subiu 1,53%, a 110.237 pontos. Com o resultado de hoje, acumulou alta de 0,03% na semana. No mês de dezembro, no entanto, registrou queda de 2,45%.
O último pregão do ano foi marcado pelo anúncio da lista completa de 37 ministros que vão compor o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelos discursos do presidente eleito.
No cenário externo, os investidores seguiram acompanhando o processo de reabertura econômica da China. Há, no entanto, temor em relação aos surtos de Covid-19 no país, que têm paralisado atividades no curto prazo.
Histórico
O Ibovespa atingiu a máxima do ano em 1º de abril, aos 121.570 pontos. A mínima foi em 14 de julho, quando chegou à marca dos 96.121 pontos.
Em 2022, o índice recuperou parte do tombo registrado em 2021, quando recuou 11,93% e encerrou o ano a 104.822 pontos. Apesar da alta, o resultado deste ano ficou distante do registrado em 2020, quando teve ganho de 2,92% e encerrou a 119.017 pontos.
Levantamento feito pelo TradeMap indica que a alta na taxa de juros, a Selic – atualmente na casa dos 13,75% ao ano – impactou diretamente na rentabilidade do Ibovespa em 2022, já que muitos investidores migraram recursos para ativos de renda fixa.
Um exemplo é a famosa caderneta de poupança, modalidade preferida pelos brasileiros, que atingiu um retorno nominal de 7,9% no acumulado de 2022 – patamar mais alto desde 2016.
O que influenciou no resultado de 2022?
O ano foi marcado pelas eleições presidenciais no Brasil e pela Guerra na Ucrânia no cenário internacional.
A invasão de Kiev pelos russos, que teve início em fevereiro, gerou uma série de impactos na economia mundial – com destaque para o agravamento da inflação – e mexeu com os ânimos dos investidores.
Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos, destaca os impactos do aperto monetário nos mercados internacionais, em especial nos Estados Unidos, na tentativa de conter a alta dos preços.
Em março deste ano, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) aumentou as taxas de juros do país pela primeira vez desde dezembro de 2018. A tentativa de frear a inflação fez o Fed chegar ao fim do ano com uma taxa de juros no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano – crédito mais caro desde 2007.
Os impactos são diretos na bolsa brasileira. Isso porque investidores tendem a tirar recursos de países em desenvolvimento e aplicá-los aos países mais ricos, considerados mais seguros – caso dos EUA, a maior economia do mundo.
Harada também ressalta os impactos dos casos de Covid-19 na China em 2022.
"Com as restrições e reduções nos investimentos pelos chineses, nosso mercado também sofreu, principalmente o setor das siderúrgicas e empresas ligadas ao minério de ferro", diz. "No fim do ano, com a reabertura, teve uma leve recuperação, e a expectativa é positiva."
No cenário doméstico, após a eleição de Lula, os investidores passaram a repercutir a lista dos 37 futuros ministros para a Esplanada dos Ministérios, consolidada nesta quinta-feira.
Os anúncios foram concluídos com a indicação dos 16 nomes que ainda faltavam. Os novos ministros tomam posse no próximo domingo (1º) em cerimônia no Palácio do Planalto, logo após Lula tomar posse como presidente em ato no Congresso Nacional.
No último dia de pregão, também estavam no radar dos investidores as decisões da futura equipe econômica do governo, com destaque para as discussões sobre a prorrogação da desoneração dos impostos federais sobre os combustíveis.
Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda, pediu na terça-feira que o atual governo não prorrogue a desoneração. Ele também sinalizou que o novo governo terá maior preocupação fiscal, o que teve impacto positivo sobre ativos na véspera.
Além disso, a Fundação Getulio Vargas divulgou pela manhã o resultado do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de dezembro, que ficou em 0,45%. Com isso, a "inflação do aluguel" fechou 2022 com alta de 5,45% - abaixo do IPCA-15, que fechou o ano em 5,90%.
G1, 29/dez