Em carta anual divulgada aos acionistas, executivo afirma que as chances de recessão no mercado aumentaram.
A crise bancária nos Estados Unidos está em andamento e terá efeitos nos próximos anos, escreveu o presidente-executivo do JPMorgan Chase & Co, Jamie Dimon, em uma carta aos acionistas enviada nesta terça-feira.
“A crise atual ainda não acabou e, mesmo quando estiver para trás, haverá repercussões nos próximos anos”, escreveu Dimon em uma mensagem anual de 43 páginas cobrindo uma variedade de tópicos, desde o desempenho do JPMorgan até geopolítica e regulamentação.
Segundo Dimon, "nuvens de tempestade" ainda ameaçam a economia norte-americana como faziam há um ano e o sistema bancário do país está sob "estresse renovado" após o fracasso do Silicon Valley Bank e do resgate do Credit Suisse pelo UBS no mês passado.
Para o executivo do maior banco dos Estados Unidos, no entanto, ainda não está claro se a crise vai reduzir os gastos do consumidor que impulsionam a economia norte-americana.
Os riscos que levaram à crise atual estavam "escondidos à vista de todos", escreveu Dimon, citando a exposição à taxa de juros e o nível de depósitos não garantidos no Silicon Valley Bank.
Depois de assumir o comando do JPMorgan em 2006, Dimon presidiu as aquisições do banco de investimentos Bear Stearns e do Washington Mutual, o banco de poupança e empréstimo cujo fracasso foi o maior da história dos Estados Unidos.
Na crise atual, o JPMorgan esteve entre os outros 11 grandes bancos que ajudaram a providenciar um salva-vidas de US$ 30 bilhões para o First Republic Bank.
JPMorgan, Bank of America, Citigroup e Wells Fargo comprometeram US$ 5 bilhões cada, seguidos por Morgan Stanley e Goldman Sachs, com US$ 2,5 bilhões cada.
Ainda na carta aos acionistas, Dimon reiterou que quaisquer novos regulamentos em resposta à última turbulência devem ser "considerados", incluindo regras mais claras para lidar com bancos falidos. "Testes erráticos de estresse e incerteza constante sobre regulamentações futuras prejudicam o sistema bancário sem torná-lo mais seguro", disse o executivo.
Dimon também mirou em empresas financeiras não bancárias, que se tornaram cada vez mais competitivas com os bancos no fornecimento de hipotecas, cartões de crédito e criação de mercado.
"As instituições não bancárias que fornecem crédito seriam capazes de fornecer crédito quando seus clientes mais precisarem?" perguntou Dimon. "Pessoalmente, duvido que muitos deles possam", completou.
Reuters, 04/abr