sexta-feira, 28 de abril de 2023

'Prévia' do PIB do Banco Central indica expansão de 3,3% na economia em fevereiro, a maior em 33 meses

Indicador aponta melhora da atividade econômica. Em 12 meses até fevereiro, a chamada prévia do PIB do Banco Central alta de 3,08%. BC tem sido criticado pelo presidente Lula por manter os juros altos e conter a expansão da economia.

O Índice de Atividade Econômica (IBC-BR) do Banco Central, considerado a "prévia" do Produto Interno Bruto (PIB), registrou forte expansão de 3,32% em fevereiro, na comparação com janeiro, informou a instituição nesta sexta-feira (28).

O resultado foi calculado após ajuste sazonal, um tipo de "compensação" para comparar períodos diferentes. O indicador aponta melhora da economia, após estagnação registrada em janeiro.

O crescimento do indicador em fevereiro foi o maior desde junho de 2020 - quando foi registrada uma alta de 4,86%. Com isso, foi a maior alta em 33 meses, segundo a série histórica do Banco Central.

- Na comparação com fevereiro do ano passado, informou o Banco Central, o indicador do nível de atividade registrou crescimento de 2,76%.

- No acumulado do primeiro bimestre deste ano, o IBC-Br avançou 2,87% e, em doze meses até fevereiro, apresentou crescimento de 3,08%. Nesse caso, o índice foi calculado sem ajuste sazonal.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.

Já o IBC-Br do BC é um índice criado para tentar antecipar o resultado do PIB, mas os resultados nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais divulgados pelo IBGE.

Nível de atividade

Em 2022, a economia cresceu 2,9%, o que representa desaceleração em relação à expansão de 5% registrada no ano anterior.

Para este ano, o mercado financeiro estima uma alta de 0,96% para o PIB. Já para 2024, a expectativa é de um crescimento menor, de 1,41%.

Se o PIB cresce, significa que a economia vai bem e produz mais. Se o PIB cai, quer dizer que a economia está encolhendo. Ou seja, o consumo e o investimento total é menor. Nem sempre, entretanto, a alta do PIB equivale a bem-estar social.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito críticas reiteradas ao atual patamar da taxa básica de juros da economia, em 13,75% ao ano (o maior em mais de seis anos). Em sua visão, o juro alto trava a expansão econômica, com reflexo na geração de empregos.

Em debate no Senado Federal nesta quinta-feira (27), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, se a economia brasileira continuar desacelerando em razão dos juros altos, haverá problema nas contas públicas por conta do impacto na arrecadação federal.

Nesta semana, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que não sabe dizer quando a taxa básica de juros vai cair. Em sua visão, a taxa de juros é alta no Brasil por conta do atual nível de endividamento – considerado elevado para o padrão de países emergentes.

PIB x IBC-Br

O cálculo do PIB, divulgado pelo IBGE, e do IBC-Br é um pouco diferente – o indicador do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos, mas não considera o lado da demanda (incorporado no cálculo do PIB do IBGE).

O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária. Em março, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano, o maior nível em mais de seis anos, para tentar conter a alta de preços.

Alexandro Martello, g1, 28/abr