quinta-feira, 6 de abril de 2023

'Se a meta de inflação está errada, muda-se a meta', diz Lula ao questionar juros

Presidente também afirmou que os novos diretores do Banco Central vão ser indicados 'de acordo com os interesses do governo'.

O presidente Lula (PT) questionou na manhã desta quinta-feira (6) a atual meta de inflação do país.

Ao questionar a meta de inflação, Lula fez referência a uma afirmação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de março. Na ocasião, Campos Neto afirmou que, se o Banco Central quisesse atingir a meta de inflação de 2023, os juros teriam de estar em 26,5%, e não nos 13,75% atuais.

A meta de inflação, de 3,25% para 2023, podendo oscilar 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, é o parâmetro usado pelo Banco Central (BC) para definir a Selic, a taxa básica de juros do país, hoje em 13,75% ao ano, uma das mais altas do mundo.

Quando muito baixas, essas metas obrigam o BC a subir mais e mais a taxa de juros – o que ajuda a controlar os preços, mas dificultam o crescimento da economia.

O governo tem como mudar a meta de inflação. Esse parâmetro é definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), no qual o governo tem 2 dos 3 votos: o colegiado é formado pelos ministros da Fazenda (hoje, Fernando Haddad), do Planejamento (Simone Tebet) e pelo presidente do BC.

Questionado, Lula não esclareceu se de fato pretende mudar a meta.

O ministro das Comunicações, Paulo Pimenta, disse que o presidente falava sobre um cenário hipotético, mas não descartou a possibilidade de mudança, e disse que o assunto vai ser discutido após o presidente voltar da viagem para a China, prevista para este mês.

Em 2003, quando assumiu o governo pela primeira vez, Lula chegou a propor uma mudança na meta.

Diretores do BC vão ser indicado 'de acordo com interesses do governo'

Lula afirmou também que irá mudar os diretores do Banco Central "de acordo com os interesses do governo" – o presidente poderá substituir 2 dos 9 integrantes ainda em 2023 – e voltou a mirar em Campos Neto, que assumiu o cargo durante o governo Bolsonaro.

Julia Duailibi, Ana Flor e Delis Ortiz, 06/abr