Entre os jovens de 21 a 26 anos, 37% buscam um imóvel para chamar de seu, segundo pesquisa.
Os jovens da geração Z, aqueles nascidos entre 1995 e 2010, são nativos digitais e têm fama de ser desprendidos. Mas a realização do sonho da casa própria é um desejo que está em alta entre eles. Não por acaso, as construtoras vêm observando de perto o perfil desse público e já adaptam seus empreendimentos para atender às exigências dele.
Uma pesquisa da Brain Inteligência Estratégica, realizada no final do ano passado, confirmou a chegada da geração Z ao mercado imobiliário quando comparou as intenções de compra de um imóvel entre diferentes faixas etárias.
O grupo com idades de 21 a 26 anos destacou-se: 37% deles afirmaram que buscam uma casa para chamar de sua. As principais razões para isso são: parar de pagar aluguel, sair da casa dos pais ou casamento. Nas gerações X (nascidos entre 1965 e 1980) e Y (de 1981 a 1995), os índices ficaram em 30% e 32%, respectivamente.
Analista de UX Sênior do Núcleo Digital da Riva Incorporadora, Adriana Nascimento diz que a geração Z gira em torno de duas palavras-chave: sustentabilidade e tecnologia. De olho nesse público, a empresa vem priorizando iniciativas mais sustentáveis nos lançamentos, como preservação de áreas verdes, coleta seletiva de lixo e economia de água. A metragem das unidades também segue uma tendência observada entre os jovens.
— Eles buscam imóveis em empreendimentos de médio padrão. Para atendê-los, a empresa oferece unidades mais compactas e estúdios, porque são as plantas preferidas por quem está saindo da casa dos pais — afirma.
Além do foco nos investidores, que priorizam as unidades menores para locação, há a oferta de itens de lazer e facilidades nos empreendimentos para proporcionar ambientes com qualidade de vida, conforto e tecnologia.
— Os mais jovens são muito exigentes e críticos nesse sentido e querem equilibrar a carreira com a qualidade de vida. O desafio está em agradar a esse público e oferecer um preço acessível — diz Adriana.
Cerca de 20% do público que compra unidades nos empreendimentos da Living e Vivaz é formado por pessoas de até 30 anos, um dado considerado surpreendente pelo coordenador de Incorporação das empresas, Vitor Ximenes, uma vez que, em geral, esses jovens não têm renda suficiente para comprar um imóvel ou não priorizam gastar dinheiro com esse tipo de aquisição.
— Eles estão abraçando essa ideia agora. É uma geração imediatista, que quer ganhar dinheiro rapidamente e conquistar coisas na mesma velocidade. Isso pode explicar a urgência de sair da casa dos pais e buscar um imóvel — avalia Ximenes.
A empresa projeta os empreendimentos para receber os jovens. No Living, em Cachambi, haverá quadra de areia para a prática de futevôlei, beach tennis e outros esportes comuns em praias, e academia para atender à preocupação dessa geração com a aparência e a saúde.
Na opinião da coordenadora de Produto Novolar, Carolina Redoan, os jovens da geração Z valorizam liberdade, conveniência, sustentabilidade, experiência e segurança — e demandam imóveis em áreas bem localizadas e próximos a transporte público e serviços essenciais e com lazer no condomínio, já que a maioria não tem carro. Para eles, ter conexão de internet em alta velocidade é prioridade.
— Observamos um interesse forte por parte deles em soluções sustentáveis, como energia solar, captação de água da chuva e materiais de construção ecofriendly. É um público que lê rótulos, valoriza experiências e busca um lugar além do básico para morar. A apreciação de espaços comuns bem projetados e equipados, como áreas de lazer, academias e espaços de coworking, está entre as principais demandas dessa geração — enumera.
Mudanças nas preferências são um desafio
As construtoras enfrentam desafios para atender às demandas dos jovens da geração Z, já que esse público se caracteriza por mudanças rápidas de preferências e comportamentos. Para especialistas do mercado imobiliário, é preciso estar sempre atualizado com as tendências do momento, o que exige um olhar mais atento na hora de projetar um empreendimento.
— Tudo muda o tempo todo e de forma muito rápida, e isso nos obriga a estar sempre atentos às novidades. Além disso, os jovens de hoje valorizam experiências compartilhadas e conexões significativas. Por isso, os projetos que ofereçam espaços comuns bem projetados e atividades que promovam a interação entre os moradores são mais atraentes para eles — ressalta a coordenadora de Produto Novolar, Carolina Redoan.
O coordenador de Incorporação Living e Vivaz lembra que os projetos têm um tempo de maturação longo, que começa com a compra do terreno e vai até a entrega das chaves aos futuros moradores, o que leva, em média, de cinco a seis anos. Nesse período, muitas coisas podem mudar em termos de gostos, modismos e demandas.
— Muitas vezes, precisamos nos antecipar às tendências, de modo que o projeto continue atrativo para esse público depois do tempo de construção, principalmente no que diz respeito às áreas comuns — destaca Vitor Ximenes.
Extra, 12/jul