sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Revitalização da Zona Norte agora pode atrair turistas


Por muitos anos sem o prestígio das tradicionais áreas turísticas da cidade, a Zona Norte vive um presente promissor. Além de obras de revitalização que estão mudando o cenário urbano, a região ganha cada vez mais destaque entre os cariocas. Atrações não faltam, como citou inclusive uma reportagem do "New York Times", que aponta o caminho das pedras para os turistas.

Programas como frequentar o baile de charme do Viaduto de Madureira são algumas das opções. Outra é passear no Parque Madureira, que passará de 1,3km para 5km, sendo expandido para os bairros de Turiaçu, Oswaldo Cruz, Rocha Miranda, Bento Ribeiro, Honório Gurgel, Marechal Hermes, Coelho Neto e Guadalupe, num investimento de R$ 187,2 milhões, que inclui até pista de esqui. A região, que está sendo redescoberta, começa a ter tudo para ser visitada não só por brasileiros como estrangeiros. A começar por hotéis: segundo dados da Rio Negócios, agência responsável por atrair e facilitar novos negócios na cidade, apenas na área que abrange bairros da Leopoldina, Ilha e Grande Tijuca, o número de quartos de hotéis, motéis, pousadas e apart hotéis está prestes a subir dos atuais 3.351 para 4.175, com a construção de cinco novos empreendimentos, entre eles dois da rede Ibis, em Del Castilho, e um Best Western, na Tijuca.

- Toda hora a gente recebe demanda de gente querendo investir na região. A grande alavanca disso foi o processo de pacificação, que provocou um aumento absurdo de preço de metro quadrado de áreas como a Tijuca, seguida da inserção do Rio no calendário dos grandes eventos internacionais, a começar pelos Jogos Pan-Americanos, em 2007 - explica o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio (ABIH-RJ), Alfredo Lopes. - O turismo na Zona Norte também está sendo muito impulsionado por setores como os de petróleo e construção naval. As pessoas que vêm de fora para trabalhar preferem ficar próximas aos bairros onde ficam as empresas. E 64% da ocupação hoteleira está ligada a negócios.

Mercado imobiliário aquecido

Antes dos turistas, chegam os cariocas. E para ficar, a reboque de vias como a Transcarioca e a Transolímpica e do projeto Bairro Maravilha, da prefeitura. Segundo dados da Ademi, após anos sem receber novos empreendimentos, a Penha somou, em apenas três lançamentos imobiliários, 966 novas unidades, o que representou 12% do total lançado no município no primeiro semestre de 2013, ficando em terceiro lugar no ranking de lançamentos, atrás de Recreio e Jacarepaguá. O quarto lugar ficou com Santo Cristo (11% dos lançamentos), que recebeu 884 novas unidades em um empreendimento misto de salas, lojas, salas corporativas e unidades hoteleiras. Já o quinto lugar ficou com Pilares (5% dos lançamentos), que, como Penha e Santo Cristo, há anos estava fora do roteiro das construtoras e recebeu 442 novas unidades em apenas um empreendimento comercial.

Nos primeiros seis meses de 2013, a Zona Norte totalizou 2.683 novas unidades (número 12% superior ao total lançado no mesmo período do ano anterior), sendo 2.233 residenciais e 450 comerciais. A região só ficou atrás da Zona Oeste, com 4.287 unidades (19% inferior ao total lançado no primeiro semestre de 2012). Na Zona Sul, por exemplo, foram apenas novas cinco unidades (87% a menos). Não por acaso, segundo dados do Secovi-Rio, o sindicato da habitação, no Panorama do Mercado Imobiliário 2012, que foi lançado este ano, o Méier registrou o maior índice de valorização do ano passado: 48,1% no metro quadrado dos imóveis de quatro quartos. Já Vila Isabel teve a maior taxa de rentabilidade no ano, 0,47%.

Quem chega tem cada vez mais onde gastar e se divertir. Com a expansão de shoppings como o NorteShopping, no Cachambi (primeiro empreendimento comercial de grande porte inaugurado na região, em 1986, ele ganhará mais 18,8% de área até 2016), cada vez mais hotéis e condomínios são construídos nas imediações dos centros comerciais. Em Del Castilho, onde o Shopping Nova América passa por sua segunda expansão, um dos novos vizinhos é um condomínio-bairro, o Rio Parque, nos moldes dos da Barra. Também ali, dois hotéis da Rede Accor, voltados para o turismo corporativo, estão sendo erguidos.

- Durante anos, o Rio não podia crescer para a Zona Norte porque no meio do caminho estavam os engenhos velho e novo, terras dos jesuítas, que só foram incorporadas à coroa portuguesa e vendidas com a expulsão da ordem em 1759 - conta o historiador Nireu Cavalcanti. - E, ao contrário do que se pensa, o desenvolvimento daqueles bairros foi bem mais organizado que os da Zona Sul.

A prefeitura - que entre 2009 e 2102 investiu R$ 3,5 bilhões na região (dentro de um orçamento de R$ 10 bilhões) - vai investir R$ 6,5 bilhões entre 2013 e 2016 (considerando um orçamento de R$ 19 bilhões). Hoje, o município lança o Instituto EixoRio, uma plataforma de articulação cujo objetivo é acelerar o desenvolvimento social, econômico e cultural não só da Zona Norte, mas também da Oeste, a partir de sugestões dos cariocas para melhorar a cidade.



O Globo, Paula Autran, 07/nov