segunda-feira, 30 de junho de 2014

Arco Metropolitano eleva o PIB do estado em R$ 1,8 bi


O primeiro trecho do Arco Metropolitano do Rio (RJ-109), que ligará o Porto de Itaguaí, passando pela Via Dutra (BR-116), em Seropédica, até o acesso à BR-040 (Rio-Minas), em Duque de Caxias, num total de 71,2 quilômetros, será inaugurado nesta terça-feira. O projeto ainda não estará totalmente completo, mas já trará benefícios para o trânsito e para a economia fluminense. Segundo estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), a abertura dessa parte da via deve alavancar o PIB do estado em R$ 1,8 bilhão - cerca de 0,4% do valor atual.

O valor é praticamente o que foi investido pelos governos federal e estadual nos 145 quilômetros da RJ-109: 1,9 bilhão. Da ligação com a BR-040, o trajeto segue por 51,3 quilômetros de estrada duplicada já existente, até a altura de Santa Guilhermina, em Magé. Para completar todo o Arco Metropolitano até Itaboraí, onde está sendo instalado o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), é preciso ainda a construção de 25,5 quilômetros de rodovia sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) - com R$ 405 milhões da União -, que devem ficar prontos até 2016. O Dnit informou que não há previsão para a instalação de pedágios ao longo da via. O Arco será aberto à população um dia depois da inauguração, que contará com a presidenta Dilma Rousseff.
 
O trecho de 71 km que será inaugurado amanhã ligará Itaguaí à BR-040, em Caxias. Falta ainda a construção de 25 km de rodovias pelo Dnit.

"Só com essa primeira etapa em funcionamento, a indústria já passa a economizar 70% do custo logístico com o efeito do Arco na mobilidade. Importante ressaltar que o principal custo industrial é o logístico. Isso cria uma situação propícia para o surgimento de vários e diversificados setores industriais", explicou Riley Rodrigues, especialista em Competitividade e Desenvolvimento da Firjan.

"O governo estima que mais de 30 mil veículos por dia usem a rodovia já a partir desta quarta-feira. O Arco é a obra estratégica mais importante do estado nas últimas décadas. A Baixada vai se transformar em uma grande área de logística", disse o secretário estadual de Obras, Hudson Braga.

Menos 10 mil caminhões 

Cerca de 10 mil caminhões e carretas devem deixar de circular na Via Dutra, desafogando o complicado trânsito que se instala na principal rodovia na região da Baixada Fluminense. "Para o meu negócio vai ser uma maravilha. Mando mercadoria para Zona Oeste, para a Baixada e para a Região dos Lagos. Pela análise da minha empresa, teremos uma economia de tempo de 50%, o que equivale a 30% de economia financeira. Vou deixar de gastar com combustível, manutenção dos caminhões e hora extra que pago aos motoristas. Se não tiver pedágio no Arco, como estão prometendo, vai ser melhor ainda", disse o empresário Maurício Ferreira, dono da Seropec Shopping Rural, em Seropédica.

Ferreira acredita que o Arco pode trazer benefícios para o desenvolvimento do município. "Atualmente muita gente deixa de vir para cá porque evita a antiga Rio-São Paulo (BR-465), que está toda esburacada. Perco clientes com isso. O comércio de Seropédica deve melhorar muito com a nova opção de acesso. A Dutra hoje em dia está impossível", conclui.

Trânsito deve melhorar 

O desafogo de estradas com histórico de engarrafamento é motivo de entusiasmo para quem precisa se deslocar rotineiramente entre Baixada, capital e Região dos Lagos. "Vai ser uma mão na roda esse Arco. Hoje pego engarrafamento na Dutra e na Avenida Brasil, sem falar que tem o horário de restrição para passar na Ponte Rio-Niterói. Só podemos passar pela Ponte de madrugada. A gente, que é caminhoneiro, acredita que o Arco vai deixar as viagens muito mais rápidas", disse André Francisco Guimarães, de 30 anos.

Já a veterinária Laís Machado Gribois, 24, não vê a hora de usar as novas pistas. "Trabalho num haras aqui em Seropédica, mas moro em Niterói. Gasto R$ 10,10 de pedágio na Dutra e mais os R$ 4,90 para entrar em Niterói. Além de levar menos tempo com o Arco, acho que vou economizar em pedágio e gasolina", avaliou Laís.

"Faço faculdade de Hotelaria na universidade federal aqui de Seropédica e moro no Recreio. O Arco vai permitir que eu acesse a Rio-Santos e evite a Reta de Piranema e a antiga Rio-São Paulo, que, além de malconservadas, estão megacongestionadas", comentou a estudante Rachel Pinto, de 19 anos.

Após 40 anos, a rodovia se tornou realidade graças à aproximação política-administrativa firmada entre Sérgio Cabral (PMDB) e depois Pezão com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com Dilma, nos últimos quatro anos. Porém, desde a criação do 'Aezão', a favor das campanhas de Aécio Neves (PSDB) e Pezão no Rio, a relação anda estremecida.

Porém, na última semana, o atual governador afirmou que "não vai cuspir no prato em que comeu por sete anos", destacando as parcerias importantes para o estado e reafirmando que vai trabalhar por Dilma. Mas, agora, o palanque do PMDB já não é mais só de Dilma. Resta agora saber se Pezão e a candidata do PT à reeleição terão agendas de campanha conjuntas no Estado do Rio.



O Dia, Paulo Cappelli e Aurélio Gimenez, 30/jun