segunda-feira, 2 de junho de 2014

Starwood coloca Sheraton Rio à venda


O prédio do Sheraton Rio, na Avenida Niemeyer, está à venda. A Starwood Hotels & Resorts, dona do empreendimento, decidiu passar o imóvel adiante. A ideia é assinar um contrato de longo prazo com o novo proprietário, que garanta a permanência da marca na gestão do hotel. A operação foi delegada ao grupo de hotéis e hospitalidade da JLL (Jonas Jang LaSalle). A transação deve atingir valor histórico no segmento de hotelaria no Brasil, prevê Rodrigo Mader, diretor da consultoria para a América do Sul. Ele não dá, contudo, estimativas do preço. Na opinião de Rubem Vasconcelos, presidente da Patrimóvel, não deve ultrapassar R$ 250 milhões. Já para João Paulo de Matos, à frente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-Rio), a quantia mínima deve ser R$ 300 milhões. 
- De um lado, o Rio vive um excelente momento, com força na hotelaria corporativa, boa performance do setor, além do interesse de investidores nacionais e internacionais. De outro, o Sheraton Rio está concluindo a primeira fase de uma grande reforma. Quem comprar o imóvel não terá gastos com renovação - explica Mader.

O Brazil Hospitality Group (BHG), braço hoteleiro da GP Investimentos, por exemplo, adquiriu no início deste ano o Marina Palace, no Leblon. E anunciou, de imediato, aporte de R$ 15 milhões em reformas. O hotel de 150 apartamentos foi arrematado por R$ 140 milhões, de acordo com fontes de mercado. A mesma BHG pagara R$ 170 milhões pelo prédio do Sofitel Rio, em Copacabana, em contrato fechado com a Veplan, dona do ativo e em processo de recuperação judicial. O negócio acabou desfeito no início do mês, após três anos de disputa na Justiça, quando a Accor, que opera o hotel, ganhou o direito de ficar com o empreendimento.

Com 538 apartamentos e em localização privilegiada, vizinha ao Leblon, o Sheraton está concluindo a primeira fase de uma grande reforma, que recebeu US$ 50 milhões em investimento. Entre as instalações remodeladas estão o lobby, quartos e suítes, spa, academia e novos restaurantes.

No último dia 16, o BNDES aprovou financiamento de R$ 44,8 milhões para o Sheraton Rio, que usará os recursos para dar prosseguimento à modernização de instalações, mobiliário e equipamentos. A unidade está lotada para o período da Copa. Com isso, o processo de venda do hotel deverá ter início apenas depois do Mundial de futebol, diz Mader.

A Starwood opera oito unidades no Brasil, já incluindo o Sheraton Reserva do Paiva, que abre as portas em Recife no mês que vem. São seis hotéis da marca Sheraton e dois da Four Points by Sheraton. Do total no país, apenas na unidade agora à venda a rede internacional combinava gestão hoteleira com a propriedade do imóvel.

Em comunicado, a companhia informou que a decisão acompanha estratégia de dar prioridade às operações de gestão em hotelaria, com o "compromisso de vender propriedade imobiliária na hora certa, para investidores certos". Ao todo, a empresa conta com nove marcas atuando no setor, com mais de 1.200 hotéis em uma centena de países.

- Empresas do porte da Starwood, com capital em bolsa, são avaliadas pelo serviço que operam, não pelos imóveis que possuem. O ativo imobiliário, neste caso, pode mexer com o valor do resultado da empresa. A tendência é realmente focar na atividade principal da companhia - explica o diretor da JLL.

No Brasil, a Starwood concentra esforços na busca de novos negócios. Entre as metas está trazer ao país novas marcas do grupo, como a W e a St. Regis.

Na semana passada, a Starwood deixou de operar o Sheraton Barra, na Avenida Lúcio Costa. O contrato de gestão, com duração de dez anos, expirou no fim de 2013. A unidade passou para a Atlantica Hotels e ganhou a marca Radisson. Nos próximos cinco anos, a nova gestora vai investir R$ 10 milhões no hotel, que conta com 292 apartamentos. A mudança não vai afetar reservas para a Copa. Todas serão mantidas, inclusive as feitas por clientes do programa de fidelidade da antiga marca.



O Globo, Glauce Cavalcanti, 31/mai