Apesar da queda nos depósitos da caderneta de poupança - uma das principais fontes de recursos para o Sistema Financeiro da Habitação (SFH) -, o governo já estuda formas de estimular o financiamento da casa própria. A confirmação foi feita ontem pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Entre as hipóteses aventadas, está a liberação de parte dos depósitos compulsórios que os bancos são obrigados a manter no Banco Central, conforme antecipado pelo GLOBO na edição de segunda-feira.
- (Vamos) ver as diversas fontes que são correlacionadas com o tamanho dos depósitos que há no Brasil. Há um claro entendimento de que vamos fazer todos os esforços para tornar compatível o tamanho dos recursos no sistema que podem ser canalizados para novos financiamentos. É questão em estudo - disse Levy, na Embaixada do Brasil em Londres, onde parte dos funcionários estava em greve.
Qualquer decisão, salientou , levará em conta o ajuste fiscal:
- Tudo isso tem de ser dentro de contexto em que o ajuste fiscal tem impacto direto. Quanto mais cedo resolvermos essas questões, poderemos tratar de outras, e a economia vai para a direção que queremos.
Segundo o ministro, o assunto está sendo estudado, mas não há nada determinado.
Nos bastidores do governo, fala-se num racha sobre a liberação de parte dos depósitos compulsórios. Enquanto Ministério do Planejamento e Banco Central (BC) estariam mais receptivos à proposta, o Ministério da Fazenda resiste, com o argumento de que a medida teria impacto no custo da dívida pública.
Para técnicos, o debate é complexo porque o compulsório é um instrumento capaz de ajudar o governo a fazer o ajuste. Por outro lado, além da pressão por crédito imobiliário por parte dos consumidores, sobretudo sobre a Caixa Econômica Federal, o setor de construção está em crise.