terça-feira, 15 de março de 2016

O sonho mais perto novamente


O sonho de comprar um imóvel, que andou adiado por muitas pessoas nos últimos meses em função das dificuldades para obtenção de crédito, ganhou um novo estímulo com as novas regras anunciadas pela Caixa Econômica Federal na última terça (8). Na coletiva para apresentar o balanço do último ano, a presidente do banco, Miriam Belchior, falou das novas diretrizes do financiamento para a compra de imóveis, que elevou teto para até 80 % do valor do bem, inclusive de imóveis usados, e também passou a permitir a contratação de um segundo financiamento. Para os especialistas, as novas oportunidades de crédito no cenário atual podem oferecer oportunidades como há muito tempo não se via, para quem pensa em comprar. 

Com restrições que dificultaram o acesso ao crédito desde maio de 2015, o financiamento imobiliário através da Caixa voltou a ampliar a oferta para compra de imóveis. A cota reduzida para 50%, uma das mudanças que mais havia restringido o acesso ao crédito no ano passado, passou para 70% nos contratos pelo Sistema de Financiamento Habitacional (SFH), para imóveis no valor de até R$ 750 mil. "Esse notícia é um estimulo para o mercado, principalmente o de imóveis usados. Não é uma novidade que resolve toda a instabilidade do cenário atual, mas é um bom estímulo", afirma Bruno Serpa Pinto, diretor-geral da Brasil Brokers Niterói. 

O aumento do teto para compra é apenas uma novidade entre as novas medidas adotadas pelo banco com objetivo de reaquecer o mercado imobiliário. Mantendo as mesmas regras vigentes para a concessão, para viabilizar os empréstimos, a CEF contará com recursos adicionais de R$ 16,1 bilhões, e pretende elevar em 64 mil o número de unidades habitacionais em relação ao ano passado.  "Apesar da melhora no crédito, por escassez de terrenos o Estado do Rio de Janeiro teve uma diminuição de 77% dos lançamentos em 2015, comparados com o ano anterior. Em Niterói, especificamente, essa redução chegou a 80%. Com a redução de ofertas e diminuição dos estoques é natural que esses preços aumentem, e, por isso, o momento atual deve ser aproveitado. O ano de 2016 pode ser considerado extremamente oportuno e favorável para o comprador", avalia Serpa Pinto. 

Também serão disponibilizados R$ 7 bilhões, do total de R$ 9,5 bilhões, pelo Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS - para a linha de crédito Pró-Cotista, com taxas de juros que vão variar de 7,85 a 8,85% ao ano. A maior novidade anunciada foi a possibilidade de financiamento para compra de um segundo imóvel. Assim, quem ainda está pagando pela compra de um imóvel financiado pela Caixa, já pode fazer um segundo financiamento para a aquisição de outro imóvel. "Um segundo financiamento é uma realidade que beneficia apenas 14% da demanda, que é a de investidores. Isso porque, hoje, a grande demanda é mesmo por moradia. Na verdade Niterói é uma cidade de imóveis de alto padrão e boa parte dos lançamento fica fora da faixa dos financiamentos oferecidos com os recursos do FGTS. Ainda assim, Santa Rosa, Jardim Icaraí, Pendotiba e Centro são localidades onde ainda se pode encontrar imóveis na faixa de preço financiada pela Caixa, e que com certeza terão bons volumes de negócios com essa nova oportunidade", explica o diretor da Brasil Brokers. 

A CEF anunciou, também, a reabertura do tão aguardado crédito para imóveis usados, com possibilidade dos interessados contratarem até 80% do valor do imóvel. Para o diretor da construtora Fernandes Maciel, Vicente Maciel, o aumento do teto de financiamento de usados é uma medida que favorece também a reativação do mercado de imóveis novos, uma vez que os proprietários podem vender o seu usado para adquirir um novo, mais adaptado às suas necessidades familiares ou condições econômicas.  "É comum a venda de um imóvel para comprar outro. E para quem pensa em fazer isso, essa é uma chance que deve ser aproveitada, pois as regras infelizmente mudam com muita frequência, e os recursos, antes abundantes, hoje estão escassos", ressalta Vicente.  

Balanço 

Quanto ao balanço anunciado, mesmo com as políticas restritivas que marcaram 2015, o financiamento habitacional continuou a ser o principal destaque do crédito da Caixa, que manteve a liderança no segmento, com participação de 67,2% do mercado. Dos R$ 679,5 bilhões da carteira de crédito fornecidos pelo banco no ano passado, R$ 384,2 bilhões foram para a habitação, que teve um aumento de 13% nas contratações. Os contratos habitacionais do banco em 2015 atingiram R$ 91,1 bilhões. Desse total, R$ 55,5 bilhões se referem aos recursos do FGTS e R$ 34,8 bilhões são provenientes do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).



O Fluminense, Habitação, 15/mar