Em meio à crise devastadora, o governo deverá divulgar que mais de 100 mil empregos foram perdidos em fevereiro, no pior resultado para este mês dos últimos 24 anos. Deve também anunciar a terceira fase do Programa Minha Casa, Minha Vida, e outras medidas emergenciais para a geração de postos de trabalho.
A construção, tradicionalmente uma das maiores empregadoras do país, já havia fechado 475 mil empregos nos últimos 12 meses encerrados em janeiro, segundo pesquisa SindusCon-SP/FGV. O número deverá se elevar com o resultado de fevereiro.
Os empresários do setor, ao assinalarem o maior pessimismo dos últimos tempos na 66ª Sondagem Nacional da Indústria da Construção realizada pelo SindusCon-SP, refletiram a sensação dominante de que a crise política paralisou a já baixa capacidade do governo de reanimar a economia.
Os últimos acontecimentos demonstraram que ainda não há um horizonte de previsibilidade para um desfecho rápido e satisfatório. É esta previsibilidade que precisamos construir, de forma incisiva e ao mesmo tempo serena, dentro do Estado Democrático de Direito.
Por conta da necessária observância do processo legal, a democracia exige paciência, e a pressa pode ser inimiga da perfeição, como ensina o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto.
É inaceitável que o clamor pelo fim da corrupção e as manifestações pró e contra o governo sejam instrumentalizados para desestabilizar o funcionamento das instituições, contaminando os Poderes da República.
A hora é de respeito às leis, à liberdade de manifestação, ao jogo democrático, à isenção da Justiça.
As lideranças responsáveis da nação que trabalham pelo restabelecimento da governabilidade precisam combater tentativas de sabotagens ao trabalho das instituições.
O Brasil vem sendo perigosamente arrastado para o confronto irracional, a intolerância política e a pauperização econômica. É necessário evitar uma escalada exacerbada do antagonismo político e suas consequências deletérias para a economia e a ordem social.
A construção continuará trabalhando por uma agenda de implementação urgente de novas concessões e parcerias público- privadas, com segurança jurídica e que sejam realmente atrativas aos investidores nacionais e estrangeiros; desburocratização na aprovação de projetos e financiamentos; melhora da gestão e elevação da produtividade.
A agenda precisa incluir reformas estruturantes como a previdenciária e a tributária. Sem medidas que sinalizem uma organização, mesmo que a médio prazo, do déficit fiscal, nenhum programa de reativação econômica ficará em pé muito tempo.
A construção, como um dos setores que mais gera emprego, está pronta a trabalhar para devolver à sociedade a crença no futuro do Brasil.
Vamos resgatar o país.