A recessão da economia está afugentando alguns investidores, mas está atraindo muitos outros, principalmente no setor imobiliário. E o caso da Hemisfério Sul Investimentos (HSI), um dos maiores do País, com US$ 2,5 bilhões em ativos. Para Máximo Lima, fundador da HSI, o momento está propício para comprar. Confira, a seguir, sua entrevista:
Como a HSI está enxergando a crise brasileira, que tem afetado muito as empresas do setor imobiliário?
Olhamos a crise de maneira oposta. Todos os setores estão sofrendo, de uma maneira ou de outra, mas como somos uma gestora bem capitalizada, estou olhando para as oportunidades. Os anos de 2014 e 2015, por exemplo, foram um momento oportuno para fazer aquisições. Compramos ativos e terrenos em lugares que, antes disso, seriam muito caros diante da concorrência. Fizemos muitas compras vantajosas. No Rio de Janeiro, por exemplo, investimos em um prédio pela metade do preço que o vendedor estrangeiro tinha pago, pois ele precisava se capitalizar com urgência.
Então, o País já está mais barato?
O Brasil nunca esteve tão barato. A hora de comprar é agora.
Mas os preços dos ativos são as únicas oportunidades?
Não. Podemos consolidar outros projetos. Com o preço que pagamos, este terreno no Rio de Janeiro, na região do bairro do Botafogo, na Zona Sul, teremos um hotel de baixo custo, com diárias de até R$ 300. Com os valores praticados anteriormente, seria impossível conseguir lucro nesses patamares. Logo, quando o mercado se recuperar, vou ter um retorno muito maior.
E os gastos com construções?
Tivemos um grande aumento de eficiência com as construções nos últimos anos. Antes, de 2010 a 2014, não havia concorrência. Se você chegasse numa construtora, ela cobrava o preço dela e nem queria saber de negociar. O cenário mudou drasticamente.
Quando vocês perceberam essas oportunidades?
Na verdade, eu tinha percebido que o Brasil estava insustentável em 2012. Estava claro que aqueles preços eram irreais, então eu saí vendendo. Não à toa, vendi R$ 6 bilhões de ativos entre 2012 e 2014 e comprei apenas R$ 1 bilhão. Na época tivemos a consciência que o mercado imobiliário e o País Iriam sofrer muito. A partir daí olhei para a hotelaria achando que seria o setor menos ruim, e foi mesmo.
A HSI fez diversos investimentos em cidades menores, especialmente em hotéis. Mesmo com os valores menores, continua valendo a pena investir nelas?
Na média, sim. Tem cidades que vão melhor do que as outras. Entendemos que as cidades secundárias e terciárias no Brasil são muito mal atendidas, especialmente em hotéis. Isso vem de experiência própria, pois sempre fui mal atendido nessas regiões. Então, há uma demanda muito grande.
Como está a carteira de investimentos da HSI?
Nós olhamos para as oportunidades. Hoje, está 40% em shoppings em cidades maiores, 30% em escritórios, 15% em loteamento e o restante picado, entre residenciais e hotéis. Temos US$ 2,5 bilhões em ativos e queremos dobrar no médio prazo. Esse otimismo se justifica porque, se não estamos no fundo do poço, estamos bem próximo dele. Isso se o governo interino continuar.
Qual o tamanho do aporte que a HSI pretende fazer?
Captamos mais um fundo de cerca de US$ 750 milhões e estamos olhando as oportunidades. É muito difícil prever o investimento, pois depende do que vai aparecer. Até agora, só gastei 15% do total neste ano. Na área de logística, estamos pretendendo investir mais 20% desse valor. Mas é tudo muito volátil. Estamos olhando até empresas de capital aberto.
Pensam em investir em incorporadoras listadas em bolsa?
É um pouco complicado. Parece barato, mas não se sabe o que tem lá dentro.
O que vai nortear os investimentos da HSI?
A bola da vez é comprar barato, não importa o quê. No Brasil de 2006 até 2011, você vendia crescimento. Agora, se vender crescimento, você é mentiroso. Então, é hora de vender a verdade. Até 2021, só se ganha dinheiro vendendo e produzindo de forma barata.