terça-feira, 2 de agosto de 2016

Personalização de plantas de imóveis deixa de ser opção de luxo


A customização de apartamentos na planta, que deixa o imóvel com a cara do consumidor antes mesmo da entrega, deixou de ser um diferencial oferecido apenas por construtoras de alto padrão.

A Alfa Realty, por exemplo, disponibiliza a opção em todos os empreendimentos desde 2002. A MDL tem o serviço desde 2013 e diz que 70% dos clientes já utilizam.

"Hoje há construtoras para várias faixas de renda, o que torna o serviço viável para um público variado. Há apartamentos de 50 m² com essa opção", diz a arquiteta Giuliana Savioli, do Studio 011.

A analista de recursos humanos Cristiane Chagas Muniz Zeppelini, 30, comprou com o marido um apartamento desse tipo com 63 m² na Aclimação, região central de São Paulo, em julho de 2013.

O projeto incluía dois modelos de planta, com alterações sem custo, e a instalação de ar-condicionado, que foi cobrada à parte.

Geralmente, há três tipos de customização. No primeiro, acertado na compra, são oferecidas plantas com diferentes números de quartos, tamanhos de sala e cozinha. Nesse caso, as mudanças já estão incluídas no preço do imóvel.

No segundo tipo, podem ser escolhidos acabamentos, como maçanetas ou pisos diferentes. Se essa for a opção, o cliente tem que pagar um valor extra. Segundo a MDL, em geral, o acréscimo é de R$ 1.500 por metro quadrado.

Com custo mais elevado, o último tipo de customização está relacionado à decoração do imóvel. Em geral, o projeto é feito por decoradores ou arquitetos que selecionam móveis e até talheres de acordo com o gosto do cliente.

O advogado Marcio Giambastiani, 47, contratou o serviço de personalização da MDL. "No fim, levando em conta o preço e o transtorno que teria se optasse por reformar o imóvel, acabei até economizando", afirma.

Giambastiani diminuiu o número de suítes de quatro para três, integrou a cozinha à sala, trocou o piso, o revestimento das paredes, os mármores da cozinha e dos banheiros, instalou um sistema de aspiração central, colocou venezianas automáticas e trocou até as maçanetas do apartamento de 151 m² na Pompeia, zona oeste de São Paulo.

Apesar de tantas possibilidades, há limites para as mudanças. Customizações que afetem as estruturas dos prédios, por exemplo, não são permitidas. É preciso também levar em consideração uma futura venda do imóvel. Alterar o número de quartos e fazer mudanças muito pessoais podem espantar interessados.

Por isso, Laura Mecchi, da Idea!Zarvos, diz que "normalmente quem tem mais interesse nesse serviço são clientes que vão morar no apartamento, não investidores".



Folha de São Paulo, Sobre Tudo, 31/jul