A queda de 3,7 pontos percentuais dos juros totais em junho ante igual período de 2016 (de 32,5% ao ano para 28,8% ao ano) sinaliza cenário melhor para o crédito, mas crises política e econômica prejudicam retomada.
Os dados foram divulgados ontem pelo Banco Central (BC). Para pessoas físicas, a redução foi de 5,5 pontos percentuais (p.p.) na mesma relação, de 41,9% ao ano para 36,4 ao ano. O principal reflexo positivo veio de crédito pessoal, que mostrou uma das maiores variações para baixo, com -4,8 pontos percentuais (de 53,4% em junho de 2016, para 48,6%).
No cartão de crédito, por sua vez, apesar da queda de 26,4 p.p. dos juros totais na mesma relação (de 117,7% para 91,3%), junho registrou novo aumento das taxas cobradas no rotativo (+0,4 p.p. ante maio, de 377,9% para 378,3%). O crescimento veio após três meses consecutivos de retração - inclusive impactada positivamente pelas novas regras do rotativo - e mesmo após quedas consecutivas na taxa básica de juros (Selic).
De acordo com especialista consultado pelo DCI, porém, a última retração da Selic na quarta-feira passada e a sinalização de que a taxa deve chegar aos 8% podem auxiliar no crescimento do mercado de crédito, que ainda encontra nas crises política e econômica barreiras para a retomada.
"A taxa de juros real ainda é muito alta, mas ainda acredito que a política de crédito irá retomar. Apesar da melhora já existir, ela não é geral, então temos que aguardar esse movimento evoluir nos próximos meses", diz o professor de economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Antônio Carlos Alves dos Santos.
Inadimplência - Da outra ponta, porém, os calotes mostraram queda tanto em pessoas físicas como jurídicas. Entre consumidores, o recuo foi de 0,2 p.p., de 4,1% em maio para 3,9%, em junho.
Já entre as pessoas jurídicas, a queda foi ainda maior, de 0,4 p.p., de 4,0% para 3,6%, na mesma base de comparação.
"Com a diminuição da taxa de juros, poderemos ver um sinal positivo no crédito de curto prazo, aliada à queda da inadimplência. É uma melhora lenta, mas razoável na economia. Ainda dependemos muito da indecisão fiscal e da insegurança jurídica, que impossibilitam decisões mais fortes no momento", conclui Santos.