quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Como a baixa dos juros afeta compradores de imóveis


Os cortes nas taxas de juros realizados pelo governo federal no ano passado são de extrema importância para quem quer comprar um imóvel, já que atinge diretamente as opções de crédito e de financiamento disponíveis para a transação. A principal influência vem por meio da taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), que estabelece parâmetros para cobranças de juros de instituições bancárias de todo o país.

A Selic é estabelecida pelo Banco Central como uma taxa de juros simples, que tem por finalidade evitar a desvalorização do dinheiro. No entanto, a sua influência faz com que ela seja uma importante ferramenta de controle de políticas econômicas - em momentos de alta, por exemplo, seu aumento encarece empréstimos e restringe a quantidade de crédito aprovada para cada consumidor.

No caso do mercado imobiliário, o corte da taxa Selic aumenta o acesso dos consumidores a linhas de crédito e, com isso, permite uma alta no segmento. De acordo com o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), a redução feita em 2017 gerou um aumento de 25,5% nas vendas de imóveis durante o primeiro semestre de 2017 em relação ao ano anterior.

Para os consumidores que desejam adquirir um imóvel, o momento é ideal. A queda da Selic facilitou a liberação de crédito e os preços encontram-se atrativos baixos devido ao cenário ainda em recuperação, segundo Wingrid Xavier, Diretora Comercial e Marketing da Promoval Incorporadora (www.promoval.com.br). Para a especialista, os potenciais consumidores podem explorar as múltiplas oportunidades disponíveis de crédito para ver aquela que mais atende ao seu orçamento.

Basicamente, a compra de um imóvel requer um valor de entrada e a liberação de um financiamento para cobrir o restante. Instituições bancárias tradicionais costumam exigir um montante inicial maior, o que pode resultar na liberação de um valor total significativo. Em contrapartida, a negociação direta com uma incorporadora pode apresentar valores mais baixos de entrada e de parcela, sendo interessante para quem vai adquirir o primeiro imóvel ou não quer dispor de todo seu capital em mãos para o investimento.

Acesso

A redução da Selic afeta diretamente a taxa de juros cobrada sobre financiamentos, reduzindo o valor agregado ao montante solicitado. Essa redução significa, assim, que as parcelas e o tempo de financiamento ficam menores, facilitando o pagamento por parte dos consumidores. "Idealmente, o valor gasto com o pagamento de um financiamento de imóvel próprio não deve superar 30% da renda mensal de uma família ou consumidor individual. Com menos gastos com juros, mais pessoas conseguem bancar um financiamento sem comprometer seu orçamento", explica Xavier.

Mas não é só com isso com os consumidores têm a ganhar. A queda da Selic também influencia diretamente a própria liberação do crédito, porque ela determina também a taxa de crédito com base na renda consumidor. De acordo com a empresária, estima-se que a redução de um ponto percentual na Selic pode representar a uma queda na renda mínima exigida para conseguir o financiamento que gira entre 6% e 8%.

Isso significa que uma grande parcela da população brasileira torna-se elegível a um financiamento a cada corte realizado na Selic. O valor creditado também se altera e, com isso, aumentam as opções dos consumidores. Uma pesquisa realizada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e do Senai Nacional mostra um aumento de 9,4% no volume de vendas realizadas em 2017 em comparação a 2016.

Além disso, a redução coloca ainda o consumidor em posição mais confortável de negociação de taxas e condições de financiamento. Como a renda permite um financiamento, a dica é para que o consumidor consulte mais de uma opção e assim encontre a mais favorável antes de efetivamente fechar o contrato.



Terra, Economia, 12/set