quarta-feira, 17 de junho de 2020

Itaú e Bradesco prorrogam R$ 123 bilhões em crédito


Itaú Unibanco e Bradesco, os dois maiores bancos privados do país, prorrogaram R$ 123 bilhões em operações de crédito de pessoas físicas e micro, pequenas e médias empresas com pagamentos em dia durante a crise do coronavírus. Foram concedidas carências de 60 a 180 dias, dependendo do segmento do cliente e de quando a solicitação foi feita.

Inicialmente, os bancos ofereceram a possibilidade de suspender os pagamentos por dois meses, dentro de um movimento setorial. Num passo seguinte, algumas instituições começaram a oferecer a possibilidade de prorrogar as parcelas por mais tempo, já que a crise tem se estendido além do previsto.

O Bradesco prorrogou R$ 55 bilhões em contratos de 1,65 milhão de pessoas físicas e micro, pequenas e médias empresas desde o início de abril. Há cerca de um mês, o banco ampliou a carência de 60 dias para até 120 dias e estendeu os prazos de pagamento para 72 meses. 

O Itaú prorrogou R$ 68 bilhões em dívidas a esses segmentos. Do total, R$ 25 bilhões se referem à carência de 60 dias e R$ 43 bilhões fazem parte do programa batizado de "Travessia", lançado em abril. Antecipado pelo Valor, o plano prevê carência de até 120 dias para pessoa física e até 180 dias a empresas. Os prazos de pagamento foram ampliados a até seis anos.

"É uma combinação de prazos, taxas e garantias que a gente nunca tinha exercitado com tanta profundidade", afirmou o diretor-executivo do banco de varejo do Itaú, André Rodrigues, em entrevista a jornalistas ontem. Dentro desse programa, o Itaú concedeu R$ 10,2 bilhões em crédito novo a pessoas físicas e empresas atendidas pelo banco de varejo - uma clientela com faturamento de até R$ 30 milhões. A esse valor soma-se mais R$ 1,3 bilhão concedido na linha de financiamento à folha de pagamentos de pequenas companhias.

As concessões de recursos novos no Bradesco desde o início da crise somaram R$ 25 bilhões para pessoas físicas, impulsionadas pelo consignado, e R$ 16 bilhões para micro, pequenas e médias companhias. "As coisas vêm caminhando bem", afirmou ao Valor Leandro Diniz, diretor de empréstimos e financiamentos do banco. 

De acordo com o executivo, o Bradesco concedeu R$ 770 milhões na linha de crédito à folha de pagamento com recursos do Tesouro Nacional. Em maio, o banco lançou uma modalidade própria de financiamento de salários para companhias não atendidas pelo programa do governo. Nesse caso, já foram atendidas 1,2 mil empresas. A instituição conquistou 7 mil novas folhas desde o início da crise.

Nos dois bancos, há a percepção de que alguns setores da economia já começam a mostrar sinais de melhora na atividade. Apesar dos números, não são raros os relatos de pequenas empresas que se queixam de dificuldade para obter crédito. De acordo com Rodrigues, o Itaú tem ofertado recursos a clientes em potencial, mas nem sempre é simples encontrá-los.

Tanto Itaú quanto Bradesco informaram que vão aderir ao Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e à linha com cobertura do Fundo Garantidor para Investimentos (FGI), voltada a pequenas e médias companhias. "Esses programas são fundamentais para ajudar a irrigar a economia e apoiar empresas e pessoas físicas em suas necessidades de capital de giro e fluxo de caixa", afirmou Carlos Vanzo, diretor-executivo comercial do varejo do Itaú. 

De acordo com ele, o Itaú está se preparando para começar a liberar os recursos do Pronampe já na semana que vem. No caso do FGI, a regulamentação do programa ainda não foi concluída e a expectativa nos bancos é que fique pronta até o início de julho.

Diniz, do Bradesco, não deu uma data para o banco estrear no Pronampe, mas disse que será em breve. "Vamos fazer um mix entre essa oferta e as nossas linhas."

A Caixa também vai atuar no Pronampe e irá disponibilizar, inicialmente, R$ 3 bilhões em capital de giro pelo programa. O presidente do banco, Pedro Guimarães, afirmou que esse limite poderá ser ampliado. As contratações irão de 16 de junho a 19 de agosto, prazo prorrogável por três meses. Segundo Guimarães, a Caixa já emprestou, desde o começo da pandemia, R$ 7 bilhões para pequenos negócios.

*Colaborou Mariana Ribeiro, de Brasília.


Valor Econômico, Talita Moreira, 17/jun