quarta-feira, 10 de junho de 2020

Quitar o financiamento imobiliário ou investir no mercado financeiro?


Um dos maiores desejos de quem possui um financiamento é quitar a dívida. Quando surge uma renda extra, essa é a primeira intenção que vem à cabeça. No entanto, para os especialistas, essa não é, necessariamente, a melhor decisão a ser tomada.

Além disso, o que os mutuários não levam em consideração é a possibilidade de investir o valor, sobretudo quando o cenário econômico é benéfico para aplicações financeiras. Mas para saber qual das duas opções é a mais vantajosa, é preciso analisar algumas variáveis.

Perfil

Para Igor Freire, diretor de vendas da Lello Imóveis, o primeiro passo para a tomada de decisão é considerar o próprio perfil. "É preciso saber se a pessoa sabe investir, se faz sentido. Além disso, também é necessário avaliar se ela tem capacidade de ter uma despesa mensal, pois há quem se incomode por saber que possui uma dívida."

O profissional explica que, na verdade, não há uma resposta única para essa questão. "Em relação à possibilidade de investir o valor no mercado financeiro, pode ser uma boa opção se o investidor estiver amparado por uma consultoria de investimento capaz, a depender da possibilidade de rentabilidade."

Para o diretor, o mais indicado a se fazer no momento é a portabilidade de financiamento imobiliário. "Antes de tomar qualquer decisão, é necessário se atentar às taxas de juros contratadas no empréstimo. Taxas de 12%, por exemplo, precisam ser reduzidas com urgência", explica.

Isto porque, segundo ele, com a atual crise instaurada devido à disseminação do novo coronavírus, a instabilidade do mercado requer uma reserva financeira satisfatória para que se tenha segurança no decorrer da pandemia ou até de qualquer outra crise.

"Em meio a toda essa confusão, recomendo diminuir as despesas, reduzir as taxas de juros e as parcelas do financiamento por meio da portabilidade e segurar o dinheiro disponível para entender o caminho dos próximos 90 dias, no mínimo", orienta o diretor.

Conjuntura

Do ponto de vista econômico, Igor Freire aconselha aos investidores, iniciantes e intermediários, cautela. "Não há resposta conclusiva, existem opções. Exclusivamente sob a ótica financeira, além do perfil, também é necessário entender a estrutura financeira e considerar outras rendas", afirma. Entretanto, de forma geral, o diretor não recomenda aplicações financeiras neste momento por quem não possui vasto conhecimento sobre o mercado.

"A maioria dos brasileiros não é um belo investidor e, por esse motivo, deveria blindar o patrimônio. Guardar em vez de investir ou até quitar. O momento não é dos mais favoráveis para os inexperientes. O melhor a se fazer é a portabilidade de financiamento imobiliário e aguardar seis meses, que é um período considerável para uma possível estabilização do cenário atual."



O Estado de S. Paulo online, Imóveis, 10/jun